Objetivo é criar impactos socioambientais positivos, gerar renda a pequenos agricultores e sequestrar carbono; este ano, a empresa vai investir quase R$ 100 milhões em recuperação de 6 mil hectares
A Vale se comprometeu a proteger e recuperar mais 500 mil hectares de florestas no Brasil até 2030. A meta florestal, uma das mais robustas do setor mineral, irá contribuir para o objetivo da companhia de se tornar carbono neutra em 2050. Há 40 anos, a Vale vem ajudando a proteger quase 1 milhão de hectares na Amazônia e na Mata Atlântica. Dos 500 mil hectares da meta, 400 mil são florestas já existentes que a empresa irá colaborar com a proteção e 100 mil correspondem a áreas degradadas que, por meio do Fundo Vale e de uma rede de parceiros, serão recuperados através de negócios de impacto socioambientais positivos. O conceito permite gerar renda e emprego na agricultura familiar e, ao mesmo tempo, ajuda a recuperar florestas, que, por sua vez, sequestram carbono da atmosfera durante a fase de crescimento das árvores.
No ano passado, o Fundo Vale implementou seis pilotos com diferentes modelos de sistemas agroflorestais e silvipastoris – que conciliam o cultivo de nativas com espécies comerciais ou com a criação de animais – nos estados do Pará, Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Minas Gerais, somando mil hectares. Este ano serão mais 5 mil hectares, chegando a seis mil hectares recuperados em dois anos. Os investimentos são de aproximadamente R$ 100 milhões. Com essas iniciativas, que estão em fase de teste conceitual, espera-se capturar 26 mil toneladas de CO2 equivalente por ano e gerar 1.100 novas oportunidades de empregos diretos. Este é potencialmente um dos maiores investimentos em recuperação florestal já feitos no Brasil com a intencionalidade de gerar novos negócios socioambientais positivos com retorno financeiro.
Os seis pilotos do ano passado, por exemplo, permitiram a incubação de duas novas startups florestais: a Belterra, que atua em quatro estados (BA, PA, MG e RO), com foco em sistemas agroflorestais; e a Caaporã, com ações em São Paulo e Mato Grosso, e que fomenta sistemas agrosilvipastoris, conciliando cadeias de proteína animal com o cultivo de nativas. Ao fim deste ano, os melhores modelos de negócios de impacto responsáveis pela recuperação dos seis mil hectares iniciais serão acelerados pelo Fundo Vale.
Os seis pilotos do ano passado, por exemplo, permitiram a incubação de duas novas startups florestais: a Belterra, que atua em quatro estados (BA, PA, MG e RO), com foco em sistemas agroflorestais; e a Caaporã, com ações em São Paulo e Mato Grosso, e que fomenta sistemas agrosilvipastoris, conciliando cadeias de proteína animal com o cultivo de nativas. Ao fim deste ano, os melhores modelos de negócios de impacto responsáveis pela recuperação dos seis mil hectares iniciais serão acelerados pelo Fundo Vale.
Segundo a diretora do Fundo, Patrícia Daros, o objetivo é fortalecer o ambiente de negócios ligados à recuperação de áreas, permitindo ganho de escala em cadeias produtivas mais sustentáveis e impactos socioambientais positivos, ajudando, ao mesmo tempo, a Vale a cumprir a meta de 100 mil hectares de recuperação florestal até 2030. É o que ela chama de “carbono de impacto”. “Para neutralizar as emissões da empresa, será inevitável gerar ou acessar o mercado de créditos de carbono em algum momento. Mas não queremos qualquer carbono. Pensamos em ir além, queremos um carbono que envolva conservação, recuperação e melhoria nas condições de vida. E isso se conecta com o nosso propósito, de criar e compartilhar valor”, explica.
Na prática, a ideia é desenvolver e fortalecer instrumentos financeiros que possam destravar o acesso a recursos financeiros e mercados para negócios de impacto que valorizam a floresta em pé ou para que cadeias produtivas se tornem mais sustentáveis. Isto significa também catalisar operações de investimentos híbridos (blended finance), alavancando recursos financeiros públicos, privados e filantrópicos, destinados a esse negócios e, assim, permitir a recuperação e conservação ambiental em larga escala.
Proteção
A Vale também vem avançado na meta de proteção de novas áreas florestais. No ano passado, a empresa firmou parceria com quatro unidades de conservação (UCs), que somam 52 mil hectares. São três no Espírito Santo (Floresta Nacional de Goytacazes, Reserva Biológica de Duas Bocas e Monumento Natural Serra das Torres) e uma no Rio de Janeiro (Parque Estadual Cunhambebe). Este ano a previsão é de chegar a pouco mais de 100 mil hectares de áreas protegidas.
Toda a parte técnica dos processos de recuperação e de conservação incluídas na meta vem sendo coordenada por uma equipe especializada da Reserva Natural Vale, uma área de 23 mil hectares de Mata Atlântica no norte do Espírito Santo, mantida pela Vale oficialmente desde 1978. A RNV é referência internacional em trabalhos de recuperação de áreas por meio de espécies nativas com estudos de longa duração, alguns com mais de 30 anos. Entre as iniciativas na área de proteção das UCs, há a colaboração no combate a incêndio, vigilância, gestão e monitoramento ambiental.
“Estamos estudando também iniciativas que fortaleçam a redução de emissões por desmatamento evitado, como REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), além de outros serviços ecossistêmicos, e que possam ser escalados por meio de parceiras com agentes públicos, privados e da sociedade civil. A ideia é estimular a preservação de florestas, em especial na Amazônia, oferecendo incentivos financeiros, por meio de créditos de carbono florestais a preços justos para as populações locais, combatendo o desmatamento ilegal e incentivando a bioeconomia”, afirma o gerente do Fundo Vale & Participações, Gustavo Luz.
Mosaico de Carajás
Atualmente, a Vale ajuda a proteger quase 1 milhão de hectares de florestas no mundo. A maior parte dessas áreas se localiza na Amazônia, onde a companhia está há mais de 30 anos ajudando a proteger, em parceria com o ICMBio, seis unidades de conservação, conhecidas como Mosaico de Carajás.
Localizado no sudeste do Pará, o Mosaico de Carajás soma cerca de 800 mil hectares de floresta, uma área equivalente a mais de cinco vezes a área da cidade de São Paulo. Nessas unidades estão estocadas 490 milhões de toneladas de carbono equivalente. De lá, saem mais de 60% da nossa produção de minério de ferro, mas nossas atividades ocupam menos de 1,5% do total do Mosaico de Carajás.
Entre 2009 e 2019, a empresa investiu pouco mais de R$ 600 milhões em projetos de pesquisa e proteção não apenas do Mosaico de Carajás, mas também de toda a Amazônia Legal. Deste total, R$ 135 milhões foram destinados pelo Fundo Vale a mais de 75 iniciativas entre instituições de pesquisa, governos locais, ONGs, startups e associações comunitárias para a proteção de mais de 23 milhões de hectares de floresta. Já o ITV, sediado em Belém, investiu R$ 322 milhões e publicou quase 400 publicações técnico-científicas. O Instituto é considerado uma das mais avançadas instituições privadas de pesquisa do país, dedicada a estudos sobre biodiversidade amazônica. Por fim, no Mosaico de Carajás, a Vale destinou R$ 145 milhões entre 2015 e 2020, para atividades de proteção das seis unidades de conservação. Em maio deste ano, uma nova parceria foi assinada com o ICMbio, na qual serão aplicados mais R$ 83 milhões até 2023.
Carbono Neutra
Em 2020, a Vale assumiu o compromisso de se tornar carbono neutra até 2050. A empresa irá investir pelo menos US$ 2 bilhões para reduzir em 33% suas emissões de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) até 2030, com base nas emissões do ano de 2017, e ajudar a reduzir em 15% as emissões de seus fornecedores e clientes (escopo 3) até 2035, considerando as suas emissões de 2018. É o maior investimento já comprometido pela indústria da mineração para o combate às mudanças climáticas. A ação está em linha com as melhores práticas de sustentabilidade mundial e reflete a atenção à todas as urgências atuais do planeta.