Nunca esqueceremos Brumadinho
Um ano após o rompimento da Barragem I, a Vale reafirma seu respeito pelas vítimas e suas famílias e agradece às autoridades envolvidas nas medidas de busca e salvamento, bem como a todos aqueles que dedicaram tempo e esforços para fornecer apoio e conforto em meio a essa tragédia. Até o momento, 395 pessoas foram localizadas, 259 vítimas falecidas e 11 desaparecidas.
Desde as primeiras horas, a Vale cuidou das vítimas e das famílias afetadas, prestando assistência para restaurar o meio de subsistência das pessoas afetadas, e bem como formas para ajudá-las a lidar com as perdas. A Vale também apoiou governos locais e entidades públicas, dada a extensão dos impactos do rompimento da Barragem I e da interrupção das operações da Vale na região.
Reparar os danos causados de maneira justa e ágil é fundamental para as famílias, e a Vale priorizou iniciativas e recursos para este fim. Com base em um diálogo aberto com as autoridades e as pessoas afetadas, a Vale elaborou o Programa de Reparação Integral, estruturado em pilares sociais, ambientais e de infraestrutura, para garantir que ações e recursos compensem efetivamente indivíduos e comunidades, recuperem o meio ambiente e possibilitem o desenvolvimento sustentável de Brumadinho e arredores.
A Vale avança no caminho para aprimorar seus negócios, com base em Pessoas, Segurança e Reparação, e continua firme em sua ambição de se tornar uma das empresas mais seguras e confiáveis do mundo.
Apoio imediato às vítimas e famílias
A Vale prestou assistência humanitária às vítimas e suas famílias desde os primeiros momentos. O apoio às pessoas afetadas foi oferecido em uma ampla base, com grandes equipes dedicadas a ouvir as pessoas afetadas, registrando suas demandas de emergência, garantindo a assistência imediata e fornecendo as atualizações da maneira mais rápida possível. Na medida do possível, várias ações foram tomadas para oferecer assistência e alívio às pessoas afetadas.
Para assistência emergencial e apoio psicológico, a Vale mobilizou 10 hospitais e unidades de saúde, além de 7 centros de assistência, disponibilizando médicos, psicólogos e assistentes sociais para todos os necessitados. Foram fornecidas mais de 14.000 consultas médicas e psicológicas e 185.000 itens de farmácia.
A Vale fez doações para ajudar as famílias de pessoas falecidas ou desaparecidas com despesas financeiras em um momento tão crítico, independentemente de qualquer compensação futura. Neste sentido, também foram feitas doações para quem vivia ou exercia atividades comerciais na Zona de Autossalvamento.
Itens básicos, como água, comida e abrigo, foram disponibilizados a todas as comunidades necessitadas. Mais de 580 milhões de litros de água foram fornecidos à população, poços artesianos foram perfurados e um novo aqueduto foi construído para atender o município de Pará de Minas, por exemplo. Para as pessoas que foram transferidas de bairros próximos à área impactada, a Vale forneceu total apoio com a realocação, moradia e o bem-estar geral.
Para apoiar o resgate da fauna e mitigar os impactos ambientais, foram disponibilizados mais de 700 profissionais, incluindo veterinários, biólogos, técnicos e equipe de campo, além de um hospital e um abrigo para animais. Mais de 9.800 animais foram resgatados até agora e mais de 500 deles permanecem sob os cuidados da Vale.
A Vale também fez contribuições financeiras superiores a R$ 400 milhões para o município de Brumadinho, bem como para 10 municípios impactados por operações de mineração interrompidas e para o Governo do Estado de Minas Gerais.
Doações foram destinadas a entidades públicas envolvidas nos esforços de busca e salvamento, especialmente o Corpo de Bombeiros do Estado, a Defesa Civil do Estado e a Polícia Militar do Estado. Equipamentos de última geração foram comprados para o Instituto Forense de Belo Horizonte. A Vale agradece aos incansáveis esforços dos bombeiros e das autoridades locais para procurar vítimas e proporcionar conforto e apoio às famílias afetadas.
Obras de infraestrutura de emergência foram realizadas para garantir o rápido restabelecimento da logística, como a instalação da ponte Alberto Flores, que garante acesso seguro à área central de Brumadinho.
Progresso da reparação
Com base no diálogo mantido junto as comunidades afetadas e as autoridades, a Vale desenvolveu um programa abrangente para reparar os danos causados. A compensação econômica evoluiu com agilidade, conforme três acordos gerais relevantes firmados com as autoridades1:
- Indenização trabalhista para 244 dos 250 empregados que perderam suas vidas no desastre, abrangendo 611 acordos, 1.570 beneficiários e R$ 1,4 bilhão pago2;
- Indenização individual ou coletiva atingindo 4.451 beneficiários e mais de R$ 679 milhões pagos;
- Pagamentos emergenciais para aproximadamente 106.000 pessoas que residem em Brumadinho e ao longo do rio Paraopeba foram prorrogados até outubro de 2020. Mais de R$ 1,2 bilhão já foi pago;
- 27 acordos assinados para cobrir frentes específicas, tais como: (a) apoio aos municípios na prestação de serviços públicos e infraestrutura; (b) recuperação ambiental; (c) abastecimento de água, incluindo novos sistemas de captação e tratamento de água com a COPASA; (d) pagamentos emergenciais a famílias realocadas em Barão de Cocais e à comunidade indígena Pataxós; (e) auditorias externas e estudos de integridade de ativos, fornecendo suporte técnico às autoridades, com medidas para revisar e reforçar estruturas e interromper as operações.
Os três pilares do Programa de Reparação Integral também abrangem formas relevantes de compensação não econômica.
Na frente ambiental, foi desenvolvido um plano para remover e tratar rejeitos, recuperar a fauna e a flora e garantir a captação e o fornecimento de água para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Duas estações de tratamento de água (ETAF) já estão em operação para limpar e devolver a água tratada ao córrego Ferro-Carvão e ao rio Paraopeba. O projeto Marco Zero recuperará totalmente as condições originais do córrego Ferro-Carvão até 2023.
Na frente socioeconômica, as medidas de compensação não econômica visam garantir o respeito aos direitos humanos e são negociadas e definidas de acordo com as perspectivas e demandas das pessoas afetadas e das autoridades.
As iniciativas da Vale estão sendo projetadas para fornecer assistência estruturada a resultados de longo prazo em educação, saúde e bem-estar, emprego e geração de renda, possibilitando, em última análise, o desenvolvimento sustentável na região.
Algumas iniciativas em andamento acolhem os moradores de Córrego do Feijão para compartilhar experiências e sentimentos, reconstruir a autoestima e fortalecer o sentimento de pertencimento a comunidade local. Também são desenvolvidas atividades para aprimorar as vocações locais, como turismo cultural, quintais produtivos, hortas comunitárias e artesanato.
A Vale sabe que ainda há muito a ser feito para reparar integralmente Brumadinho e reforça seu compromisso em fazê-lo. Para mais informações sobre o saldo atualizado de ações que a Vale adotou até o momento, consulte o seguinte site: www.vale.com/prestacaodecontas.
Segurança
A Vale implementou melhorias significativas em sua governança, processos e pessoal avançando rumo ao seu objetivo de se tornar uma das mineradoras mais seguras do mundo.
O Conselho de Administração da Vale aprovou a nova Política de Gestão de Riscos, estabelecendo, dentre outras medidas, a formação de quatro Comitês Executivos de Risco para lidar com os Riscos Operacionais, Riscos Estratégicos, Financeiros e Cibernéticos, Riscos de Conformidade e Riscos Geotécnicos, melhorando o fluxo de informação por todos os níveis da Companhia.
Adicionalmente, a nova Diretoria de Segurança e Excelência Operacional, que reporta diretamente ao Diretor-Presidente e tem autoridade para parar as operações com base em razões de segurança, delineou seu plano de trabalho para os próximos dois anos com ações que cobrem as quatro áreas em torno das quais está organizado: (a) Gestão de Barragens, garantindo que as barragens da Vale são seguras e alinhadas com os padrões internacionais, (b) Integridade de Ativos, assegurando a manutenção dos ativos e a segurança das operações, (c) Excelência Operacional, fortalecendo o Vale Production System (VPS) por toda a Companhia, garantindo a continuidade das melhorias que estão sendo implementadas, e (d) Saúde e Segurança e Risco Operacional, aprimorando a cultura de segurança e mapeando os riscos de forma abrangente na companhia.
Em dezembro de 2019, o Painel de Especialistas contratado para fornecer uma avaliação das causas técnicas do rompimento da Barragem I apresentou suas conclusões, que foram prontamente levadas às autoridades e tornadas de conhecimento público. Resultados dessa natureza são também importantes por fornecer informações relevantes para aprimorar as práticas de gestão de barragens na Vale. Além disso, em fevereiro de 2020, o Conselho de Administração recebeu relatório do Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração, com recomendações nos níveis técnico e de governança, que serão analisadas detalhadamente pela Vale.
Um dos principais marcos para reduzir o nível de risco da Companhia é a descaracterização das estruturas a montante, processo que continuará pelos próximos anos. A primeira barragem a ter suas obras completas foi a 8B em dezembro de 2019, e a conclusão da segunda, a barragem de Fernandinho, será concluída em 2020. A Vale também completou a construção da estrutura de contenção para a barragem Sul Superior na cidade de Barão de Cocais, enquanto as estruturas de contenção para as barragens B3/B4 e Forquilhas serão concluídas no 1S20, aumentando as condições de segurança nas áreas a jusante e permitindo que a descaracterização dessas estruturas seja iniciada na sequência.
Em setembro de 2019, devido à reavaliação técnica do método de construção das barragens de Doutor e Campo Grande, a Agência Nacional de Mineração (ANM) reclassificou seu método de construção da linha central para a montante e, portanto, a Vale as incluiu no plano de descaracterização. Além disso, pequenos diques que foram alteados pelo método a montante e empilhamentos drenados também serão descaracterizados.
Para o futuro, a Vale planeja reduzir significativamente o uso de barragens e investirá US$ 1,8 bilhão em alternativas que permitirão substituir as operações de processamento a úmido por processos mais sustentáveis. O processamento a seco alcançará nos próximos três anos a marca de 70% do volume de minerais ferrosos produzido.
Redução de incertezas
Após o rompimento da Barragem I, a capacidade de produção de minério de ferro da Vale foi significativamente impactada pela paralisação das operações, com interdições nas operações de Brucutu, Vargem Grande, Alegria, Timbopeba e Fábrica. Ao longo do ano, a Vale avançou na retomada da capacidade de produção interrompida:
- Mina de Brucutu: em junho de 2019, após decisão das autoridades, a mina de Brucutu teve sua operação reiniciada, com retorno de 30 Mtpa de capacidade de produção. Não obstante, em dezembro de 2019, a Vale tomou a decisão de suspender temporariamente o descarte de rejeitos na barragem de Laranjeiras, enquanto as características geotécnicas da barragem são avaliadas. Até o final de março de 2020, a planta de Brucutu operará com cerca de 40% de sua capacidade, com o impacto da suspensão temporária estimado em 1,5 Mt por mês, aproximadamente.
- Complexo de Vargem Grande: em julho de 2019, a Agência Nacional de Mineração ("ANM") autorizou a retomada parcial das operações de processamento a seco no local. A retomada parcial permitiu a produção de 5 Mt em 2019, o que representa 12 Mtpa de capacidade de produção.
- Mina de Alegria: em novembro de 2019, a Vale recebeu a autorização da ANM para retomar as operações da mina de Alegria, que estavam interrompidas desde março de 2019. A autorização permitiu a produção de 3Mt em 2019, o que representa 8Mtpa em capacidade de produção.
A Vale espera retomar a capacidade de produção suspensa de, proximadamente, 40Mtpa até 2021, uma vez que já alcançou diversos marcos e que o trabalho para os demais está em andamento. Mais detalhes sobre a linha do tempo para a retomada seguem abaixo:
- A Vale espera receber a autorização do Ministério Público do Estado de Minas Gerais ("MPMG") para reiniciar o site de Timbopeba no 1T20, usando processamento a seco, após a avaliação da auditoria externa do MPMG. As atividades de processamento a úmido devem ser retomadas no 4T20, após a conclusão de um duto para disposição de rejeitos na cava de Timbopeba. Alternativas estão em avaliação para antecipar o uso de processamento a úmido.
- A operação de Fábrica deve ser retomada no 2T20. Primeiro, é necessário executar testes de gatilho de vibração para certificar a ausência de impactos nas estruturas do site, o que dependem da aprovação por auditoria externa do MPMG e da ANM. A Vale espera operar com processamento a úmido, com disposição de rejeitos na barragem Forquilha V, a partir do 3T20.
- A retomada da usina de pelotização de Vargem Grande é esperada no 3T20. O feed para produção de pelotas será provido pela planta de beneficiamento de minério de ferro, e haverá a disposição de rejeitos na barragem de Maravilhas I e na pilha de Cianita até o início de operações da barragem de Maravilhas III, previsto para o 4T20. A execução de testes de gatilho na planta de pelotização depende de aprovação de auditoria externa do MPMG, enquanto a retomada de operações da planta de beneficiamento e seu plano de aproveitamento econômico dependem de aprovação da ANM.
O plano de retomada de produção considera que as operações mencionadas poderão realizar processamento a úmido em 2020, um passo importante para a melhoria da qualidade média da produção da Vale.
Comentários sobre desempenho operacional e econômico-financeiro
A receita operacional líquida totalizou R$ 148,6 bilhões em 2019, representando um aumento de R$ 14,2 bilhões em relação a 2018, devido aos preços realizados mais altos, principalmente de finos de minério de ferro e pelotas (R$ 23,6 bilhões), que foram parcialmente compensados por menores volumes de vendas (R$ 19,6 bilhões).
Os custos e despesas7 totalizaram R$ 108,2 bilhões em 2019, ficando R$ 33,4 bilhões acima de 2018, principalmente devido às provisões e despesas incorridas relacionadas ao rompimento da Barragem I (R$ 28,8 bilhões) e aos custos e despesas mais elevados (R$ 11,3 bilhões), parcialmente compensados por menores volumes de vendas (R$ 10,0 bilhões).
O EBITDA ajustado totalizou R$ 42,3 bilhões em 2019, representando uma redução de R$ 18,8 bilhões em comparação ao valor de R$ 61,1 bilhões registrado em 2018, principalmente devido às provisões e despesas incorridas relacionadas ao rompimento da Barragem I, menores volumes e maiores despesas com paradas, parcialmente compensados pelos maiores preços de venda.
Minerais Ferrosos
O EBITDA ajustado do segmento de Minerais Ferrosos foi de R$ 67,2 bilhões em 2019, ficando R$ 13,0 bilhões maior do que em 2018, devido aos preços realizados mais altos (R$ 24,1 bilhões) e ao impacto positivo das variações cambiais (R$ 5,8 bilhões), parcialmente compensados por menores volumes de vendas (R$ 8,4 bilhões) e maiores custos e despesas (R$ 8,9 bilhões).
Os custos e despesas de Minerais Ferrosos totalizaram R$ 52,7 bilhões, ficando R$ 3,4 bilhões maior do que em 2018, devido, principalmente a custos de aquisições de finos de minério de ferro de terceiros (R$ 1,1 bilhão) e custos de manutenção (R$ 1,5 bilhão).
O volume de vendas de finos e pelotas de minério de ferro atingiu 312,510 Mt em 2019, ficando em linha com o guidance anual de 307-312 Mt. A produção de minério de ferro da Vale totalizou 302,0 Mt, ficando 21,5% menor do que em 2018, enquanto a produção de pelotas em 2019 foi de 41,8 Mt, ficando 24,4% menor do que em 2018. Os grandes impactos da interrupção operacional que se seguiu ao rompimento da Barragem I e a sazonalidade relacionada ao tempo mais chuvoso do que o normal, nos volumes de venda do 1S19, foram parcialmente compensados por: (a) aumento da produção no S11D; (b) redução de estoques; (c) retomada gradual das operações.
O preço médio realizado dos finos de minério de ferro, abrangendo as vendas de CFR e FOB11, foi de US$ 87,1/t em 2019, ficando 31,6% acima do valor de US$ 66,2/t em 2018. O preço médio de pelotas aumentou de US$ 117,5/t em 2018 para US$ 137,7/t em 2019.
Metais Básicos
O EBITDA ajustado de Metais Básicos foi de R$ 8,6 bilhões em 2019, ficando 8% inferior ao valor de R$ 9,3 bilhões registrado em 2018, devido principalmente a maiores custos e despesas (R$ 1,8 bilhão) e menores volumes de vendas (R$ 478 milhões), que foram parcialmente compensados pelo impacto positivo das variações cambiais (R$ 1,3 bilhão) e preços mais altos (R$ 320 milhões).
As operações de níquel estão progredindo em direção à maior confiabilidade, com a produção nas refinarias voltando a taxas operacionais regulares após as atividades de manutenção programadas e não programadas na refinaria de Copper Cliff, em Sudbury, e nas refinarias de Clydach, Matsusaka e Long Harbor. Da mesma forma, a produção na mina e planta de Onça Puma foi retomada após uma autorização judicial concedida em setembro.
As operações de cobre tiveram como destaque o sólido desempenho de Salobo, atingindo custo caixa unitário de quase zero após subprodutos no 2S19, apesar do impacto da manutenção não programada em Sossego.
Carvão
O EBITDA ajustado foi negativo em R$ 2,1 bilhões em 2019, ficando R$ 2,7 bilhões menor do que em 2018, devido principalmente a maiores custos e despesas (R$ 1,4 bilhão), menores volumes de vendas (R$ 596 milhões) e menores preços de vendas (R$ 746 milhões).
O volume de vendas de carvão totalizou 8,8 Mt em 2019, refletindo os impactos da menor produtividade nas plantas de processamento ao longo do ano. Como resposta, a Vale revisou seu plano de negócios em 2019 e está implementando duas iniciativas, que devem produzir resultados sustentáveis - um novo plano de lavra e uma nova estratégia operacional para as plantas de processamento.