Eficiência energética e novas formas de geração de energia foram alguns dos temas debatidos no seminário Redução do Custo de Energia – Soluções Práticas para a Indústria, realizado nesta terça-feira (02) no Plenário da Findes, em Vitória. Durante o evento, foi apresentado o quadro atual da geração de energia elétrica no país, visando a compartilhar informações sobre as modalidades de contratação de energia e o custo das tarifas elétricas, juntamente com algumas opções de geração de energia destinadas a amenizar custos e alavancar a competitividade da indústria capixaba. O seminário contou com a presença de representantes das indústrias, técnicos e demais profissionais envolvidos no assunto. O evento foi promovido pelo Sistema Findes, por meio de seu Conselho Temático de Energia (Conerg).
“Vivemos o momento ideal para esta discussão, pois o nosso país ainda é muito tímido em relação às novas fontes de energia. Além disso, o setor industrial é bastante penalizado com tarifas altas e problemas na qualidade do serviço prestado pelas geradoras”, disse o vice-presidente da Findes, Gibson Reggiani, ao abrir oficialmente o seminário. “Existe um desconhecimento geral a respeito da questão energética. Governo e empresários ainda atuam como se o recurso fosse infinito, mas a realidade é que chegamos ao limite do modelo atual”, completou.
“Estamos vivendo um momento crítico, pois há um sério risco de racionamento”, ressaltou, a seguir, o presidente do Conerg, Nélio Rodrigues Borges. “O nível de armazenamento atual dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 70% da capacidade total do sistema, encontra-se em 17,3% inferior àquele em que foi decretado o racionamento em 2001. Já os reservatórios da Região Nordeste encontram-se em 14,2%. Portanto, precisamos informar quais são os recursos que temos disponíveis, inclusive dentro das próprias indústrias, para que o setor não sofra um colapso por conta do fornecimento de energia em seu modelo atual”, enfatizou o dirigente.
O engenheiro Álvaro Dias Marques, interlocutor do Espírito Santo na Rede Renováveis e Soluções Energéticas do Senai-DN (Diretório Nacional), apresentou a palestra “A Energia Hoje no Brasil e a Eficiência Energética na Indústria”. “Atualmente, 70,6% da matriz energética brasileira provêm de fonte hidrelétrica. Diante do preocupante cenário atual, será que não podemos buscar alternativas?”, questionou Álvaro. “Temos uma vasta gama de fontes renováveis de energia a serem exploradas. Segundo dados oficiais do Governo Federal, temos atualmente 25,7% de potencial de redução no consumo das indústrias. A intenção deste debate e do Senai é, portanto, repensar o processo de geração de energia e promover uma maior profissionalização na gestão energética dentro das empresas”, completou.
A seguir, o engenheiro civil e especialista em energia fotovoltaica (solar), Jairo Alves Pereira Filho, fez uma apresentação abordando a microgeração de energia e fontes alternativas. Entre os dados apresentados, Jairo mostrou que a Alemanha possui o equivalente a três usinas de Itaipu instaladas e em pleno funcionamento por meio de fontes de energias fotovoltaicas. “Para efeitos de comparação, a região com o pior potencial de captação de energia solar do Brasil é equivalente ao dobro da melhor região alemã para este fim. Temos um imenso potencial, porém o utilizamos muito pouco, sendo que o investimento é baixo, a manutenção é básica e barata e trata-se de uma fonte de energia limpa e totalmente renovável”, disse Jairo, que destacou também outras maneiras de se popularizar – e baratear – a energia solar, como o uso do “marketing verde”, inserindo uma espécie de certificado em produtos ou empreendimentos que usem esta matriz energética, considerada ecologicamente correta.
Na última palestra do seminário, o vice-presidente do Conerg, Carlos Jardim Sena, apresentou formas de autoprodução e autogeração energética para as indústrias brasileiras e as possibilidades de reduzir encargos e impostos na tarifa energética. “A autoprodução e autogeração energética partem da autorização do Governo para que pessoa física, jurídica ou consórcio de empresas possam produzir energia elétrica para seu uso exclusivo. Tendo como base a média de 45,62% de tributos e encargos na tarifa final de energia elétrica, pode-se promover a isenção de diversos encargos e a consequente redução de tarifas, além de maior estabilidade no fornecimento, pois a própria indústria ou grupo controlam a geração e o fornecimento para os níveis desejados”, destacou Sena.
Ao final do seminário, houve debate a respeito dos temas apresentados. Para o vice-presidente da Findes, Gibson Reggiani, é preciso haver uma divulgação em massa para as indústrias, pois a maioria desconhece as alternativas para a questão energética. “Quase todos os resíduos gerados na produção industrial podem se converter em fontes de energia. Além disso, mais de 95% das empresas são de micro e pequeno porte, e a maioria delas sofre com tarifas altas de energia e desconhece por completo as soluções e alternativas possíveis para este segmento. Por isso é que precisamos divulgar intensamente essas propostas, tanto por parte da Findes e do Conerg quanto pelas entidades parceiras, para que possamos pleitear, inclusive, alterações na legislação e redução ou o fim de determinados encargos e tributos”, concluiu Reggiani.
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