Mineradora teve ganhos de R$ 7,1 bilhões no terceiro trimestre e vai migrar suas ações na B3 em 22 de dezembro
Impulsionada por preços mais altos do minério de ferro, a Vale fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 7,1 bilhões, quase quatro vezes superior ao registrado no mesmo intervalo de 2016. A receita operacional líquida cresceu 31%, para R$ 28,6 bilhões. A mineradora anunciou ontem que, a partir de 22 de dezembro suas ações estarão listadas no Novo Mercado, segmento de mais elevada prática de governança corporativa da B3 (antiga BM8cF Bovespa).
A expectativa é que, mantidas as atuais condições de mercado e os esforços na redução de custos, a Vale tenha um bom quarto trimestre, disse o presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, em teleconferência com analistas. Ele lembrou que a conversão das ações preferenciais da companhia em ordinárias (com direito a voto) permitiu que a Vale migre para o Novo Mercado.
O passo está previsto na reestruturação societária que a transformará em uma empresa sem controlador. Schvartsman reiterou que a Vale vai manter o pé no freio em relação a novos projetos e a pagamento de dividendos. Em 2018 o foco seguirá na redução do endividamento. De julho a setembro, a dívida líquida caiu 19%, para US$ 21,066 bilhões. A meta é encerrar o ano com dívida líquida entre US$15 bilhões e US$ 17 bilhões. A assinatura do financiamento do corredor logístico Nacala, em Moçambique, marcada para 22 de novembro, promete injetar US$ 2 bilhões no caixa e ajudar a atingir o objetivo.
Apesar do forte resultado, as ações da Vale fecharam com quedas de 2,62% (ON, na mínima) e 2,57% (PNA). Analistas apontaram cautela quanto ao preço futuro do carro-chefe da Vale. O UBS destaca que a cotação do minério, hoje próxima de US$ 60 a tonelada, pode sofrer os efeitos de uma menor atividade do setor de construção na China. A instituição projeta um preço próximo de US$ 55 no longo prazo.
O cenário de preços traçado pela Vale, porém, se mantém otimista, com preços acima de US$ 65 por tonelada em 2018. A companhia enxerga melhora na demanda e uma entrada menor de novos volumes de minério no mercado. A expectativa é que em 2018 sejam mais 50 milhões de toneladas, a maior parte da Vale.
Produção. Diante disso, a produção de minério de ferro da Vale deverá beirar os 390 milhões de toneladas em 2018, acima da estimativa para este ano, de cerca de 360 milhões de toneladas. O plano da mineradora é chegar aos 400 milhões de toneladas de minério em 2019.
No terceiro trimestre a Vale atingiu produção recorde de minério de ferro, de 95,1 milhões de toneladas, alta de 3,3% ante o mesmo período do ano passado. A estratégia da companhia é melhorar suas margens, misturando minérios mais ricos em ferro, produzidos em Carajás (PA), com os de menor qualidade, produzidos em seus sistemas Sul e Sudeste (MG).