A ação da Vale nunca valeu tanto quanto agora. Em alta de 41% só neste ano, os papéis voltaram a se beneficiar ontem da sustentação dos preços do minério de ferro e do enfraquecimento do real ante o dólar. Os ativos da mineradora subiram 4,36%, entre os maiores ganhos do Ibovespa, e fecharam em R$ 56,07 cada.
Dessa maneira, o valor de mercado da empresa se aproxima dos R$ 300 bilhões, uma marca nunca antes alcançada.
Para Marco Tulli Siqueira, gestor de operações da corretora Coinvalores, o bom momento do setor de mineração no mundo, somado à recuperação dos preços do minério de ferro e à valorização do dólar ante o real, cria condições ideais para a valorização dos papéis da Vale.
"No mundo todo, as mineradoras têm subido nos mercados acionários", diz Tulli, ressaltando o bom desempenho dos papéis da Rio Tinto e da BHP Billiton no exterior. Ontem, os recibos de ações, ou ADRs de ambas subiram 3,66% e 2,95%, respectivamente, em Nova York. "A alta do dólar também ajuda nas exportações, aumentando a geração de valor".
De fato, ao menos desde a derrocada de preço das commodities, durante 2014, a diferença entre o minério em reais, convertido pelo câmbio oficial Ptax do Banco Central, e o cotado em dólares, oficial, não era tão grande. A disparidade é tanta que o insumo sobe 4,2% em 2018 quando convertido em reais e, em moeda americana, cai 8,3%.
A Vale contabiliza seus resultados em reais, que é a moeda funcional do balanço. Por outro lado, cerca de um terço da formação de seus preços se dá pela cotação à vista. Outra parcela é baseada em preços passados e a última, em projeções.
No trimestre até ontem, a cotação média do minério chegou a R$ 233 por tonelada, queda de 3,3% ante os três primeiros meses do ano e um avanço de 15,7% na comparação anual. Em dólares, a média atingiu US$ 65,86 - recuo de 11,5% e alta de 4,5%, respectivamente, desempenhos piores do que em moeda brasileira.
Tulli, da Coinvalores, ainda pondera que os papéis da Vale aparecem como uma alternativa atraente ao investidor, em relação às ações da Petrobras, em meio ao momento conturbado enfrentado pela estatal. "É uma proteção, as ações da Vale tendem a ser menos voláteis. É um investimento mais tangível."