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Publicado: 02/07/2020 20:44h

Ásia supera Europa na geração de energia solar flutuante, diz relatório

Ásia supera Europa na geração de energia solar flutuante, diz relatório
Primeira usina desse tipo no Brasil foi instalada há um ano na Hidrelétrica de Sobradinho

Painéis solares instalados sobre a lâmina d’água de represas de hidrelétricas são a nova aposta da Ásia para expansão de sua oferta energética. A região aumentou em 900% a geração de eletricidade nessa modalidade somente em 2019, passando de 1 megawatt instalado para 51 megawatts e outros 858 megawatts planejados, superando o continente europeu.

É o que informa o relatório da IEEFA (Institute for Energy Economics and Financial Analysis) divulgado nesta quarta-feira (1/7). Sara Jane Ahmed e Elrika Hamdi, autoras do estudo, avaliam que as fazendas solares são melhores quando instaladas perto de hidrelétricas porque podem pegar carona nas conexões existentes com a rede de transmissão.

No Brasil, todos os investimentos nesse setor são recentes. A primeira e maior planta fotovoltaica flutuante em operação foi instalada em agosto de 2019, na Usina de Sobradinho (BA). Na etapa atual, a unidade gera 1 MWp, mas deve ampliar sua capacidade para 2,5 MWp até o final de 2020. Na Hidrelétrica de Balbina (AM), outra planta solar flutuante está em projeto e deverá ter a mesma capacidade.

Há iniciativas também na Hidrelétrica de Porto Primavera, em Rosana (SP), na Hidrelétrica de Itumbiara, a maior das Usina de Furnas, localizada entre os estados de Goiás e Minas Gerais, além de um projeto de microgeração na Usina de Aimorés (MG). Há quatro meses a cidade de São Paulo também iniciou o teste de uma planta solar de pequeno porte na represa Billings, junto à usina elevatória de Pedreira.

Segundo nota técnica publicada em fevereiro deste ano pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial brasileiro é grande pela quantidade de lagos artificiais de hidrelétricas existentes. A energia solar flutuante ainda é incipiente no Brasil porque as regiões mais promissoras para a instalação de usinas fotovoltaicas estão em áreas pobres do semi-árido, onde a terra é barata e os equipamentos de flutuação ainda são caros. Mas os autores ressaltam que os custos de instalação devem cair porque o setor certamente viverá uma expansão em todo o mundo.

Nos países asiáticos, a situação é oposta: uma das principais razões para a expansão das usinas solares flutuantes é a escassez de terra, aponta o relatório da IEEFA. Ao aproveitar a área sobre a lâmina d'água dos reservatórios, os investidores eliminam o custo de obtenção de grandes terrenos e evitam desapropriações.

Isso ajuda a entender porque o Brasil está há pelo menos uma década atrás dos asiáticos nesse segmento. O primeiro sistema solar flutuante do mundo foi construído em 2007 em Aichi, no Japão, mas a China é a líder atual -- os dois países tinham juntos uma capacidade instalada combinada de 1,3 GW até o fim de 2018. No ano passado, o Vietnã instalou 47MW de energia fotovoltaica flutuante. Mais recentemente, a maior empresa de geração de energia da Índia, a National Thermal Power Corporation (NTPC), confirmou a implantação de 200MW nessa modalidade em quatro locais, inserindo o país entre os maiores desenvolvedores do mundo no setor.

"Nossa pesquisa mostra que cada vez mais países asiáticos estão construindo fazendas solares que flutuam em rios, represas, lagos e reservatórios - e até no mar - para produzir eletricidade limpa a preços que podem competir com a energia de usinas a carvão poluentes", afirmam as autoras. Outra vantagem destacada no documento é que as placas diminuem a evaporação, contribuindo para a manutenção do nível dos reservatórios em períodos secos e quentes.

Queda de demanda

Entre as vantagens das plantas fotovoltaicas flutuantes está a flexibilidade e a resiliência dos seus sistemas de geração em momentos de queda abrupta de demanda, como ocorre neste momento em todo o mundo por conta da pandemia de COVID-19. Segundo o documento, o consumo de energia nas Filipinas e na Malásia caiu 16% durante os bloqueios contra o novo coronavírus, causando um estresse extremo nas redes de eletricidade devido ao excesso de energia.

"Se o surto de COVID-19 puder ensinar uma lição, seria a de que as empresas de energia precisam de operações ágeis, e não de usinas desatualizadas que queimam carvão 24/7 e que não podem responder rapidamente a interrupções repentinas", diz Ahmed.

Hamdi observa ainda que essas instalações solares são rápidas de construir. "Elas podem ficar prontas em questão de meses, enquanto os geradores de carvão, gás e hidrelétricas levam até três anos para entrar em operação, e as usinas nucleares demoram ainda mais tempo."

Fonte: Clima Info
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