Um fragmento do raro meteorito que caiu no ano passado em Curionópolis, no Pará, foi doado ao Centro de Desenvolvimento Mineral da Vale (CDM). Batizado de Serra Pelada por ter caído na região famosa pelo garimpo nos anos 1980, o material chegou ao CDM pelas mãos do geólogo Paulo Anselmo Matioli, responsável por sua identificação. A doação aconteceu no dia 29 de junho de 2018, exatamente um ano após a queda do meteorito.
Entregue ao geólogo Rogerio Kwitko, que é empregado do CDM há quase 25 anos, o fragmento é uma amostra raríssima de meteorito que, pelo que indicam os estudos já realizado sobre ele, tem origem no asteroide Vesta, o segundo maior do Sistema Solar. Segundo Rogerio, um meteorito desse tipo cair no Brasil é resultado da conjunção de vários eventos de probabilidade muito baixa de ocorrer, e por isso, o fragmento deve ser guardado com muito carinho. Além disso, trata-se do primeiro meteorito com queda documentada a ser recuperado na Amazônia.
"O CDM tem atuação corporativa e muito próxima às áreas operacionais. Receber esse fragmento raríssimo que caiu quase que no quintal da nossa empresa confere um significado bastante emblemático à amostra", diz Rogerio Kwitko, geólogo do Centro de Desenvolvimento Mineral da Vale.
O meteorito original tinha pouco mais de dez quilos e é da classe dos acondritos, um meteorito rochoso que preserva as mesmas características da sua origem, ou seja, do asteroide de onde ele se soltou antes de ser atraído pela gravidade terrestre. O meteorito Serra Pelada é um tipo de rocha basáltica, bastante comum no Sul do Brasil e que tem origem no resfriamento de lavas de antigos vulcões.
Uma raridade que pode ser vista por quem frequentar as dependências da Vale
O fato de ser um pedacinho do asteroide Vesta, no entanto, faz desse fragmento - que pesa apenas 6 gramas - muito raro e valioso. O alto valor, no entanto, não acontece devido à sua composição, mas pela raridade do material, que faz deste e de outros meteoritos raros objeto de disputada entre cientistas e colecionadores. No Brasil, há apenas outros dois registros de queda deste tipo de meteorito: um em 1923, em Serra de Magé, Pernambuco, e outro em 1957, em Ibitira, Minas Gerais.
Visitantes do CDM podem conhecer o acervo de rochas e minerais
O acervo de minerais, rochas e minérios do qual o fragmento do Serra Pelada agora faz parte no Centro de Desenvolvimento Mineral da Vale, é uma coleção informal e, por isso, não é aberta ao público externo. Porém, está acessível a qualquer visitante do CDM, no prédio da Mineralogia. Se você é estudioso do assunto ou ficou curioso, leia o artigo científico publicado sobre o meteorito: : “Serra Pelada: the first Amazonian Meteorite fall is a Eucrite (basalt) from Asteroid 4-Vesta”