De janeiro a maio de 2018, os dois modais responderam por 49,7% do abastecimento da fábrica da empresa, em Aracruz (ES)
A recente greve dos caminhoneiros evidenciou o quanto a concentração da matriz de transportes brasileira no modal rodoviário pode deixar as empresas e toda a população vulneráveis. Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 61% das cargas transitam pelo país em rodovias. A Fibria, que abastece sua unidade industrial, em Aracruz (ES), com madeira vinda do sul da Bahia, de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul, há anos adota a multimodalidade de transportes como estratégia de negócio. De janeiro a maio deste ano, quase 50% da madeira que chegou à empresa veio pelo mar (39,9%) e por ferrovia (9,8%). O transporte rodoviário continua sendo importante para a empresa, mas sua participação vem sendo reduzida ao longo dos anos.
Um dos responsáveis pela boa performance da empresa no modal marítimo é o projeto de transporte de madeira em navios, por meio de navegação de longo curso. Iniciado em julho de 2015, o projeto embarca madeira no Porto de Rio Grande (RS) e desembarca no Portocel (Aracruz-ES). Desde que essa operação começou, mais de 100 navios já cruzaram o mar entre o litoral gaúcho e o capixaba transportando madeira para a Fibria.
Marca histórica - No mês de maio, o transporte de madeira em navio alcançou uma marca histórica: 2 milhões de metros cúbicos transportados desde o início da operação. Para transportar essa quantidade de madeira por rodovia seriam necessárias 35 mil viagens de carretas do tipo tritrem (com três semirreboques). O transporte marítimo contribui para desafogar o tráfego nas rodovias, além de oferecer mais segurança e ser ambientalmente mais sustentável por consumir menos combustível e outros derivados do petróleo (pneus, por exemplo).
“A madeira oriunda do modal marítimo é extremamente importante para a Fibria e teve relevância ainda maior no mês de maio, quando o movimento deflagrado pelos caminhoneiros causou impacto considerável na linha de produção de muitas indústrias. Graças à multimodalidade de transportes, a Fibria manteve o ritmo da sua linha de produção”, destaca Luiz Geraldo Micheletti, gerente de Logística da Fibria para a região RS-MG.
A madeira vinda em navios do Rio Grande do Sul respondeu por 7% da matriz de transportes da Fibria nos cinco primeiros meses de 2018. Mas há uma fatia de outros quase 33% que também chegam pelo mar, em transporte feito por barcaças oceânicas.
Barcaças - As barcaças operam entre o Terminal Marítimo de Caravelas (BA) e Terminal Marítimo de Barra do Riacho (Aracruz-ES). Em operação há 15 anos, esse sistema resgatou a navegação de cabotagem no país. Cada barcaça transporta madeira equivalente à carga de 100 carretas do tipo tritrem. Considerando a ida e a volta, cada uma das quatro barcaças que compõem o sistema elimina cerca de 200 viagens rodoviárias entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo.
O gerente de Logística da Fibria para a região ES-BA, Engelbert Filipe Fuchs, salienta a importância desse sistema no abastecimento da unidade industrial da Fibria. “Recentemente, a empresa concluiu investimentos da ordem de R$ 59 milhões que foram aplicados na modernização do sistema de transporte marítimo. Foram instaladas gruas de grande porte nos Terminais de Caravelas e de Barra do Riacho, que elevaram em 40% a velocidade de carregamento e descarregamento das barcaças”, disse ele.
Ferrovia - O transporte de madeira por ferrovia compõe outra parte importante da matriz de transportes da Fibria. A empresa traz pelos trilhos da Estrada de Ferro Vitoria a Minas (EFVM) madeira que vem da região de Sete Lagoas (MG). Para isso, investiu cerca de R$ 10 milhões em reforma de vagões e no reposicionamento da pera ferroviária existente na sua área industrial. O transporte ferroviário de madeira conta com a parceria da VLI Multimodal, que faz a operação.
O transporte de madeira por ferrovia respondeu por 9,8% da matriz de transportes da empresa nos cinco primeiros meses de 2018 e a meta é chegar a 13% até o final do ano. O sistema opera com 330 vagões e a Fibria recebe, em média, 15 composições ferroviárias por mês. Até o final de 2018, a expectativa é chegar a 508 vagões, com uma média de 25 composições mensais.
“Explorar a multimodalidade de transporte é uma estratégia arrojada e desafiadora da Fibria para garantir a segurança do abastecimento destinado à produção de celulose. Em momentos de crise, como o que o país experimentou com a paralisação dos caminhoneiros, é imprescindível ter alternativas como os modais marítimo e ferroviário”, enfatiza Engelbert Filipe Fuchs.