O robô autônomo Tupã Ex irá somar-se a outra inovação desenvolvida pela companhia, o robô pintor, já em operação
A Petrobras desenvolveu o primeiro robô para operação autônoma em área classificada – de risco - da indústria de óleo latino-americana. O Tupã Ex poderá operar em ambiente offshore ou terrestre, integrando diferentes sistemas, sensores, câmeras e detectores com capacidade de inspeção visual HD/termográfica, além de análise de espectro sonoro para detecção de vazamento de gases. Dotado de esteiras, será capaz de transpor obstáculos como degraus e escadas, acessando os locais mais remotos. A máquina irá somar-se a outra inovação desenvolvida pela companhia, o robô pintor, já em operação. A Petrobras tem mais de R$100 milhões em investimentos realizados e planejados para próximos anos.
Os primeiros testes do Tupã Ex estão previstos para o fim do ano. Segundo especialistas do Centro de Pesquisas da Petrobras, o Cenpes, há poucas iniciativas semelhantes no mundo. Desenvolvido para realizar inspeções autônomas e remotas, a fim de aumentar a segurança das pessoas e das operações, o projeto é resultado da parceria dos cientistas da Petrobras com uma startup, a Instor, selecionada em edital do Programa Petrobras Conexões para Inovação, uma ação da companhia para estreitar o relacionamento com o ecossistema de inovação.
“Ao unir a força da Petrobras com as startups, sonhos grandes podem virar realidade. Com o Programa Conexões para Inovação conseguimos desenvolver grandes soluções que geram mais valor para a companhia, sustentabilidade e aumento na segurança das operações. Esse projeto se soma aos mais de 15 projetos voltados para o desenvolvimento de robôs e drones, com potencial de retorno não só para a Petrobras, mas, também, para a indústria e toda a sociedade,” afirma o Diretor de Transformação Digital e Inovação da companhia, Nicolás Simone.
Autonomia
O robô é autônomo, ou seja, é possível programá-lo para realizar todo o serviço sem a necessidade de um operador humano, nem mesmo à distância. Com os dados completos da unidade já instalados em seu software, ele pode determinar a necessidade de reparos e a qualidade dos materiais instalados. Totalmente alinhado às práticas de transformação digital que a Petrobras implementa nas operações, ele também será capaz de registrar os dados obtidos e rastrear facilmente as informações que forem produzidas durante sua ronda. Segundo seus idealizadores, o equipamento será utilizado para inspeção, mas poderá ser aperfeiçoado para executar outras operações.
Robôs
A Petrobras também desenvolveu um mecanismo, já patenteado e em operação, capaz de realizar a preparação da superfície e pintar grandes superfícies planas verticais, como cascos de navios e plataformas. O sistema, resultado de uma parceria com o Instituto Senai de Inovação de Joinville, também é pioneiro no mundo, em termos de conceito e produtividade e está licenciado para ser produzido comercialmente por empresas. Utilizado no casco da P-47, na Bacia de Campos, o robô pintor possibilitou a redução da exposição humana ao risco em 88% e a diminuição dos custos de manutenção em 84%. Este ano a máquina será utilizada em outras plataformas, sem comprometimento das operações. O projeto gerou, ainda, um segundo robô para pintura, capaz de operar em áreas curvas, como tanques e esferas para armazenagem de combustíveis, que deve estar pronto no fim do ano.
Além do robô pintor e do Tupã Ex, a Petrobras é finalista no prêmio ANP de Inovação com dois outros robôs: o Annelida e o CRAS. O Annelida, como o nome sugere, lembra uma minhoca, um anelídeo. Controlado remotamente, ele é capaz de fluir por um duto de extração de petróleo e realizar a limpeza de substâncias que podem cristalizar-se a baixas temperaturas, como a parafina. O Annelida é fruto de parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Senai de Santa Catarina e a Universidade de São Paulo, a USP.
O CRAS, em desenvolvimento com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), é um robô escalador autônomo capaz de se locomover em superfícies quentes carregando transdutores de ultrassom para a tarefa de inspeção. Isso permite avaliar a integridade dos equipamentos em funcionamento, sem precisar interromper sua operação, evitando perdas de produção.
Inovação
O programa Petrobras Conexões para Inovação, por meio do qual a startup Instor foi selecionada, é o maior de inovação aberta da indústria de óleo e gás. O objetivo é estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas que atendam às necessidades do negócio de petróleo, gás e energia. Os desafios são mapeados e propostos partir de uma seleção interna da companhia e as empresas selecionadas interagem com os especialistas da Petrobras e do Sebrae, que é o parceiro da iniciativa para assessoria de negócios. As empresas vencedoras podem tornar-se fornecedoras da Petrobras e do mercado. Ao iniciarem os projetos, as startups também movimentam o ecossistema de inovação ao gerar demandas próprias. Os robôs em desenvolvimento pela Petrobras com seus parceiros tecnológicos demonstram muito potencial para a indústria, favorecendo o setor de petróleo e gás, demais áreas e, por extensão, a sociedade.