O intuito é que se possa acompanhar melhor as técnicas utilizadas no processo de restauração florestal e analisar se estão adequadas
Nos dias 19 e 20 de agosto, foi realizado em Aimorés (MG) o curso de capacitação para avaliação e monitoramento de áreas em processo de restauração florestal. Com a participação de técnicos envolvidos na recuperação da bacia do rio Doce, o curso contou com aulas práticas e teóricas ministradas por especialistas da Bioflora Tecnologia da Restauração.
Para avaliar se as técnicas utilizadas no processo de restauração florestal estão adequadas, a Fundação Renova vai monitorar 500 nascentes e 350 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) que estão em recuperação na bacia do rio Doce - além das áreas em restauração com e sem deposição de rejeitos nas margens dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce, em Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado (MG).
São diversos indicadores utilizados para avaliar como está o andamento do processo de restauração florestal, como porcentagem do solo exposto; diversidade das espécies arbóreas; quantidade de espécies se regenerando; entre outros.
Cristina Yuri Vidal, que ministrou parte do curso, explicou que realizar o monitoramento das áreas é fundamental para corrigir possíveis erros. “É importantíssimo realizar um acompanhamento para ver o que está dando certo e o que não está. Com isso, detectamos se há algum problema a ser tratado e realizamos os ajustes necessários”, disse.
O especialista Socioambiental da Fundação Renova, Antônio Sérgio Cardoso, explicou que o monitoramento das áreas em recuperação na bacia do rio Doce deve começar nos próximos meses. Para ele, o curso foi importante para capacitar os técnicos envolvidos para que eles saibam não só monitorar as áreas, mas interpretar as informações e implementar ações corretivas necessárias para garantir a efetividade da restauração florestal.
“Temos o objetivo de recuperar 40 mil hectares de APPs e cinco mil nascentes em 10 anos, além de 2 mil hectares nos municípios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado. Porém, não dá para pensar em restauração florestal considerando somente o processo de plantação em campo. É preciso fazer um acompanhamento para saber se o investimento está dando certo. É nesse acompanhamento que a gente detecta os problemas”.
Inventário Florestal
Além da avaliação e monitoramento das áreas, a Fundação Renova está realizando um estudo chamado de Inventário Florestal, que consiste em um levantamento sistemático das áreas com floresta na bacia do rio Doce, por meio da instalação das chamadas unidades amostrais (parcelas), locais onde serão coletados dados dos indivíduos vegetais, como: altura, diâmetro à altura do peito, tipos de espécies, entre outros. O objetivo é criar ecossistemas de referência para nortear as ações de restauração.
“Nosso intuito é ter mapeado a composição florística das diferentes formações florestais contidas na bacia hidrográfica do rio Doce. Isso é importante para saber quais espécies ocorrem naturalmente e quais se adaptam melhor em cada tipo de ambiente, como topos de morro, áreas de encosta ou em áreas suscetíveis a alagamentos sazonais, por exemplo. Dessa forma, teremos conhecimento dos ambientes de referência para que possamos comparar o avanço do processo da restauração florestal, tendo como base ambientes de regeneração natural em diferentes estágios de sucessão ecológica”, explica Leandro Abrahão, analista Socioambiental da Fundação Renova.
Fotos: Leo Morais