Qual o papel das pessoas quando uma empresa decide se modernizar por meio de novas tecnologias? Gerente geral de transformação digital da Petrobras, Augusto Borella Hougaz se dedicou a responder essa pergunta em sua apresentação no Wired Festival, realizado nesta sexta (30) na Casa França-Brasil. A palestra tratou esse tipo de processo como uma jornada na qual seres humanos - e não máquinas - têm uma importância essencial.
Augusto é engenheiro mecânico e Doutor em Ciência pela Universidade de São Paulo. Durante o evento, ele lembrou que, a cada novo ciclo tecnológico, equipamentos se tornam responsáveis por mais atividades mecânicas. A coleta de dados e a classificação de itens são os exemplos atuais do fenômeno. Essa dinâmica permite que os homens se dediquem cada vez mais a atividades voltadas para criatividade, resolução de problemas e outras áreas. Porém, aqueles que não conseguem enxergar essa transição podem passar a temer as mudanças e é aí que, segundo Augusto, devem se concentrar os esforços de quem trabalha com Transformação Digital. Um complicador é o fato de que se trata de um processo rápido.
- O prazo de validade das habilidades caiu de 30 para 3 anos nas últimas décadas - comentou ele.
Esse contexto exige dos líderes uma série de qualidades. Do ponto de vista individual, eles precisam cultivar o autoconhecimento, a tomada de decisões baseada em evidências e até algum nível de tolerância com a incerteza. Na visão de Augusto, o caos é algo inevitável e o papel de quem comanda é saber sair dele em direção ao objetivo. Para isso, é essencial ter uma visão clara do que se quer alcançar. Já no relacionamento com o time, respostas ágeis, flexibilidade e atenção redobrada com as necessidades da equipe podem representar a diferença entre sucesso e fracasso. É preciso estabelecer um ambiente de colaboração e confiança, sem deixar de calcular os riscos e benefícios de cada ideia.
- Nosso desafio é descobrir agora o que é necessário para o amanhã e transformar a indústria para um futuro que se descortina hoje - frisou Augusto.
Em relação à força de trabalho como um todo, aceitar o próprio ritmo de aprendizagem foi um dos fatores destacados por Augusto como importante. Segundo o engenheiro, a organização precisa ter paciência para desenvolver bem sua transformação digital. Além disso, ele destacou três elementos fundamentais na preparação dos colaboradores para o futuro. O primeiro foi o propósito ou o comprometimento pessoal de cada um com o processo. O segundo, a empatia, já que aprender não depende de habilidades apenas técnicas, mas também emocionais. E o terceiro, a busca individual de soluções para problemas que surgem no caminho. Aspectos como a diversidade também são bem-vindos, já que diferentes pontos de vista contribuem para o surgimento de novas ideias e o enfrentamento mais completo de desafios.
A companhia lançou seu plano estratégico com ações de transformação digital em dezembro de 2017. De acordo com Augusto, a companhia realizou hackatons, experiências de design thinking e outras iniciativas de estímulo ao processo no primeiro ano de execução do documento. A ideia era ver quais deles se encaixavam melhor nos diferentes contextos de atuação. Para 2019, as metas são a definição das rotas tecnológicas a serem seguidas pelos variados setores e a quantificação do potencial benefício das mudanças para os resultados.
- Como gerente de transformação digital, não posso dar ordens a outras áreas, mas preciso convencê-las de que o processo que eu proponho será bom para elas - resumiu Augusto.
Sua palestra aconteceu na sala Negócios Inovadores, cuja programação pela manhã contou ainda com palestras sobre a inserção de imigrantes no mercado de trabalho, a medição de impacto em redes sociais e estratégias de venda para diferentes plataformas. Além de apoiar o espaço, a companhia está presente no Wired Festival com uma réplica de um carro da equipe McLaren de Fórmula 1 e com patinetes elétricos à disposição do público para passeios guiados.
Carro da equipe McLaren exposto no evento. Foto: Marco Sobral
O movimento foi grande em outras áreas do Wired Festival ao longo do começo do dia. Um dos destaques foi o Espaço Embratel, que recebeu às 10h o presidente do Google Fábio Coelho. Apresentações sobre o futuro da comunicação e os desafios da atualidade para novas empresas atraíram grande número de espectadores ao local.
Outra área procurada pelo público foi o Espaço Brasil, com uma série de atrações sobre temas variados. Às 9h, a jornalista Cecília Oliveira, do app Fogo Cruzado, debateu com outros convidados o impacto positivo que iniciativas individuais podem alcançar em nossa sociedade. Computadores quânticos e o futuro da alimentação foram outros assuntos discutidos no auditório montado na Casa França-Brasil.
Fotos: Marco Sobral