Abrahosting prevê que 85% dos serviços de Internet irão migrar para a nuvem até 2020. Há mais de 15 anos, empresas do setor deixaram de aumentar custos para o consumidor doméstico
Os provedores brasileiros de estrutura de hospedagem precisam se organizar para eliminar a concorrência desleal de empresas estrangeiras que não pagam impostos no Brasil e que, nem sempre, respondem localmente a marcos regulatórios, como o Código de Defesa do Consumidor, e nem cumprem as obrigações da CLT.
Com esta constatação, o setor representado pela Abrahosting (Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura de Hospedagem na Internet) iniciou o debate que marcou a abertura da IV Rodada de Negócios Abrahosting, no início de setembro, em São Paulo.
Os debatedores lembraram que há mais de 15 anos os provedores de hosting brasileiros vêm oferecendo um preço de partida da ordem de R$ 30 mensais para o usuário doméstico, ao mesmo tempo em que multiplicaram por centenas de vezes as taxas de transferência e a capacidade armazenada, além de uma ampliação dramática dos serviços.
Na avaliação da Abrahosting, o avanço dos serviços em nuvem deverá provocar uma participação de 85% dessa modalidade no perfil de oferta do setor até 2020, o que torna ainda mais necessário um posicionamento frente à concorrência externa sem regras comerciais claras.
"A concorrência saudável é precondição para a manutenção da qualidade da oferta e da constante melhoria da reputação do nosso setor", afirma Vicente M. Neto, presidente da Abrahosting.
De acordo com o executivo, há casos de provedores de serviços hospedados baseados fora do país (alguns deles praticantes de condutas "párias"), que se apresentam em português para o mercado brasileiro e oferecem serviços de baixíssimo preço, mas sem qualquer garantia para o cliente local.
"Eles passam ao largo não só dos tributos, mas também das responsabilidades jurídicas e das obrigações relativas à qualidade, o que traz o risco de uma depreciação muito perigosa para a nossa Indústria, além de pôr em risco o usuário", comenta ele.
Entre os debatedores da Rodada de Negócios estavam os representantes dos provedores Central Server, Juliano Simões e Locaweb, Luis Carlos dos Anjos. O presidente da Abranet (Associação Brasileira da Internet) e membro do Comitê Gestor da Internet, Eduardo Parajo, lembrou alguns pontos da pauta de discussão do setor que tocam diretamente na questão da concorrência externa, como é o caso da normatização de guarda local dos dados nos provedores de serviços digitais. "Os avanços do Marco Civil devem ser complementados com uma ética concorrencial compatível com o respeito ao setor e aos consumidores locais", afirma o executivo.
A Rodada de Negócios contou com exposições de ofertas e novas tecnologias por parte de representantes de empresas como Intel, Avnet, Dell, Supermicro, Equinix e SoftwareOne.
Pelos dados da Abrahosting, o setor de provedores se compõe de cerca de 700 empresas e movimentará este ano cerca de US$ 1,2 bilhão no País.
Sobre a Abrahosting
A AbraHosting - Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura de Hospedagem na Internet - é uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento das atividades relacionadas a hosting e infraestrutura, congregar as empresas na defesa de interesses e autoregulamentar o setor, com transparência, responsabilidade, ética e eficiência.
Nosso compromisso é fortalecer o mercado nacional e, para isso, precisamos da presença de empresas de todos os portes para que haja uma defesa dos interesses em comum, de acordo com o perfil de cada grupo.