Pode parecer clichê, mas nunca é demais repetir: os recursos do planeta são finitos. Mesmo já tendo ouvido essa expressão milhares de vezes, parece que continuamos a ignorar a sua urgente realidade, colocando em risco a qualidade de vida da nossa geração e, principalmente, a sobrevivência das próximas.
Muito ainda precisa ser feito e é longo o caminho a ser percorrido até que tenhamos, no Brasil, o mesmo nível de preocupação e organização de países como o Japão, por exemplo, cujo sistema de gerenciamento de resíduos é considerado um dos mais rígidos e eficientes do mundo, conseguindo reutilizar 96% dos resíduos que chegam aos seus depósitos.
A boa notícia é que, ainda que lentamente, estamos caminhando numa direção mais sustentável. E muito disso se deve ao consumidor. Para atrair e manter clientes, atualmente, muitas empresas têm tido que expor para o mercado o ciclo de vida dos seus produtos. Ou, em outras palavras, têm que mostrar os impactos – positivos e negativos - que gera em todas as etapas do seu processo produtivo, desde a matéria-prima ao pós-consumo e destinação final dos resíduos. E isso engloba a quantificação das cargas ambientais mais diversas, como a água utilizada para aquela produção, o combustível consumido, o CO2 emitido, dentre outras.
O objetivo é que se reduza, ao mínimo, o uso de recursos e se aposte na reutilização, mantendo o ciclo de vida de cada produto durante o máximo de tempo possível. Mais que uma estratégia de negócio, essa tornou-se exigência de um mundo mais consciente, que cobra processos mais limpos e sustentáveis.
Nesse cenário, o consumidor tem assumido papel fundamental. Ao considerar esse tipo de análise, que torna a avaliação socioambiental determinante na hora de fazer escolhas de compra, uso e descarte, ele está contribuindo para mobilizar empresas, estimular a criação de novas tecnologias e incentivar a elaboração de políticas públicas.
Trata-se de uma mudança de práticas e comportamentos inevitável e irreversível. O que pode acontecer é ela se dar de forma mais rápida ou mais lenta, mais voluntária ou mais imposta. Por uma questão de sustentabilidade, de economia de recursos e até de bom senso, é bom que estejamos atentos e incluídos na primeira opção.
Charles de Abreu Martins
Gerente do Centro de Pesquisas da ArcelorMittal para a América do Sul