Sociedade classificadora DNV validou a viabilidade técnica de um tanque multicombustível para navios, capaz de utilizar GNL, metanol ou amônia
A Vale obteve um importante avanço para a adoção de combustíveis alternativos e de menor emissão de carbono na navegação. Um projeto pioneiro desenvolvido pela companhia de um design para a incorporação de tanques multicombustíveis em navios mineraleiros recebeu o Approval in Principle (AIP) da Sociedade Classificadora DNV. A avaliação independente feita pela DNV validou a viabilidade técnica e indicou que a partir deste sistema, desenvolvido em parceria com as empresas norueguesas Brevik Engineering AS e Passer Marine, as embarcações fretadas pela mineradora poderão ser adaptadas para, no futuro, armazenarem combustíveis alternativos como gás natural liquefeito (GNL), metanol e amônia.
A iniciativa de um design para tanques multicombustíveis faz parte do programa Ecoshipping, desenvolvido pela Vale para a adoção de novas tecnologias e renovação de sua frota com o objetivo de reduzir as emissões de carbono na navegação. Um estudo preliminar para os navios da categoria do Guaibamax estima que a redução de emissões pode variar entre 40% a 80% quando movidas a metanol e amônia, ou em até 23% no caso do GNL.
Atualmente, dezenas de VLOCs (Very Large Ore Carriers) de segunda geração já em operação, com 400 e 325 mil toneladas de capacidade, foram projetados para futura instalação de sistema de GNL, incluindo um compartimento sob o convés para receber um tanque com capacidade para toda a viagem. A partir do recebimento de AIP para o design de tanque multicombustível, um projeto piloto será desenvolvido nos próximos meses para a implementação deste sistema em um Guaibamax.
“O sistema de tanque multicombustível remove algumas das principais barreiras para a adoção de combustíveis alternativos, que incluem a incerteza regulatória e de infraestrutura na definição do combustível ideal. É uma solução para o futuro, mas que também leva em conta os navios existentes, muitos deles com mais de 20 anos de vida útil pela frente. Aliado a outras tecnologias de eficiência energética em andamento na Vale, como as velas rotativas e o air lubrication, permite que tenhamos embarcações mais eficientes e com emissões de carbono baixíssimas”, explica o gerente de engenharia naval da Vale, Rodrigo Bermelho.
Meta Carbono
Além da adoção de combustíveis alternativos, a Vale desenvolveu tecnologias inovadoras de eficiência energética: no ano passado, a empresa apresentou o primeiro mineraleiro equipado com velas rotativas e o primeiro navio Guaibamax com air lubrication instalado. Estas iniciativas fazem parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
A Vale anunciou desde 2020 investimentos de até US$ 6 bilhões para reduzir em 33% suas emissões de escopos 1 e 2 até 2030. A empresa também se comprometeu a reduzir em 15% as emissões de escopo 3 até 2035, relativas à cadeia de valor, das quais as emissões de navegação fazem parte, já que os navios não são próprios. As metas são alinhadas com a ambição do Acordo de Paris.
Eficiência
A Vale tem investido fortemente para incorporar o estado da arte em termos de eficiência e de inovação ambiental na área de navegação. Desde 2018, a empresa opera com Valemaxes de segunda geração e, desde 2019, com os Guaibamaxes, com capacidades de 400 mil toneladas e 325 mil toneladas, respectivamente. Essas embarcações estão entre as mais eficientes do mundo e conseguem reduzir em até 41% as emissões de CO2 equivalente se comparadas com as de um navio capesize, de 180 mil toneladas, construído em 2011.