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Publicado: 13/06/2017 00:00h

Preço do minério ajuda e Vale prevê atingir meta de dívida já este ano

Preço do minério ajuda e Vale prevê atingir meta de dívida já este ano
A Vale se beneficiou da elevação dos preços do minério de ferro para voltar a ter lucro no quarto trimestre do ano passado, o primeiro resultado positivo para os últimos três meses do ano desde 2011. Com o desempenho, a companhia encerrou o ano com lucro líquido de R$ 13,3 bilhões, e reverteu prejuízo de R$ 44,2 bilhões de 2015.

Ontem, durante as teleconferências com analistas sobre o resultado do último trimestre e do ano de 2016, os executivos da mineradora se mostraram otimistas a respeito da manutenção desses preços em patamares elevados na média do ano, enquanto o mercado questiona a sustentabilidade das cotações. Para a companhia, a confiança permite afirmar que a meta de redução da dívida líquida - principal mantra entoado pela atual diretoria - para um patamar entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões será atingida ainda este ano.

No quarto trimestre do ano passado, a Vale teve lucro líquido de R$ 1,573 bilhão, e reverteu prejuízo de R$ 33,154 bilhões registrado nos três últimos meses de 2015 - embora tenha sido 14,6% abaixo do observado no terceiro trimestre de 2016, foi o primeiro resultado positivo num quarto trimestre desde 2011, dado que só foi anunciado, em reais, duas horas depois da divulgação em dólares. O Ebitda ajustado foi de R$ 15,626 bilhões no quarto trimestre, quase o dobro do observado no terceiro trimestre, de R$ 9,639 bilhões; e mais de três vezes acima do registrado no quarto trimestre de 2015, de R$ 4,936 bilhões.

Entretanto, a Vale mais uma vez teve de realizar baixa contábil (impairment), desta vez de US$ 2,912 bilhões, no quarto trimestre de 2016. A empresa observou, no entanto, que a baixa contábil foi efetuada em magnitude muito inferior à registrada ao longo de 2015, quando a companhia fez um "impairment" de US$ 9,372 bilhões. A baixa contábil no quarto trimestre foi causada principalmente pela venda dos ativos de fertilizantes da empresa para a americana Mosaic, por US$ 2,5 bilhões.

Em termos operacionais, a empresa mostrou a relevância da alta do minério. A receita líquida no quarto trimestre atingiu R$ 30,652 bilhões, 40,4% acima do terceiro trimestre de 2016, de R$ 21,831 bilhões; e 47,2% superior ao do quarto trimestre de 2015, de R$ 20,830 bilhões. Um dos motores do bom desempenho da receita foi o preço médio realizado para finos de minério de ferro, que ficou em R$ 69,40 por tonelada no quarto trimestre de 2016 - contra US$ 37,18 em igual período de 2015, alta de 86,6%. O preço realizado no quarto trimestre também foi 36,2% maior do que o do terceiro trimestre de 2016 (US$ 50,95).

Esses números levaram o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, a afirmar que o ritmo de queda da dívida da empresa deve se acelerar nos próximos meses. A dívida líquida da Vale fechou em US$ 25 bilhões no quarto trimestre de 2016, contra US$ 25,9 bilhões no trimestre anterior. Ferreira lembrou que houve vendas importantes de ativos em 2016, cujos recursos devem entrar no caixa nesse primeiro trimestre. Ele disse que entre as vendas de ativos estão a negociação com a Mosaic e o project finance do projeto de carvão em Moçambique.

O diretor-executivo de finanças e relações com investidores da mineradora, Luciano Siani, fez coro com Ferreira e afirmou que a meta de redução da dívida líquida para um patamar entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões deve ser atingida ainda no fim deste ano. Siani deixou claro que os preços em alta do minério de ferro e dos metais tiraram da mesa a possibilidade de venda de ativos "core" e Ferreira descartou a abertura de capital da área de metais básicos.

"Provavelmente levará ao fim do ano [para atingir a meta de redução da dívida]. Depende da média de preços para o ano. Mas se estivermos errados, levaremos mais três meses, ou, no pior cenário, seis meses", afirmou Siani.

O diretor-executivo de ferrosos, Peter Poppinga, projeta que a média de preços do minério em 2017 fique acima dos US$ 70 por tonelada, podendo superar os US$ 80 por tonelada. Este ano, até ontem, a média de preços do minério com 62% de teor de ferro entregue nos portos chineses estava em US$ 83 por tonelada.

Mas o mercado questiona a capacidade de os preços do minério se manterem elevados ao longo de todo o ano. Para o UBS, a cotação do insumo não tem boas perspectivas. "A sustentação dos preços emergiu das expectativas de fechamento de capacidades de aço e mais desembolsos em infraestrutura, mas os estoques crescentes refletem fundamentos fracos, já que a oferta supera a demanda", disseram os analistas Andreas Bokkenheuser, Marcio Farid e Sean Glickenhaus em relatório. "Continuamos acreditando que a balança de riscos do minério de ferro está significativamente inclinada para a desvantagem", diz relatório do BTG Pactual, assinado por Leonardo Correa e Caio Ribeiro.

As projeções apontam que o minério de ferro, que ontem estava cotado em mais de US$ 91 por tonelada, deve cair a algo perto de US$ 55 até dezembro. O Valor compilou estimativas de 17 instituições financeiras, que esperam nível médio de US$ 61 a tonelada em 2017. No ano passado, o preço médio foi de US$ 58.

Apesar do otimismo, os executivos da Vale evitaram comentar a possibilidade de elevar o pagamento de dividendos para 2018. Ontem, a empresa anunciou que seu conselho de administração propôs o pagamento de valor bruto de R$ 4,6 bilhões em remuneração aos acionistas, o equivalente a R$ 0,905571689 por ação ordinária ou preferencial. O valor, a ser apresentado para apreciação na Assembleia Geral Ordinária de 20 de abril, tem pagamento previsto para 28 de abril. O pagamento será feito totalmente na forma de juros sobre capital próprio (JCP).

Siani lembrou que o a opção foi pagar o mínimo obrigatório. "A prioridade continua sendo a redução da dívida", afirmou o diretor.
Ontem, as ações ordinárias da Vale fecharam em queda de 4,38%, cotadas a R$ 33,17, enquanto as PNA caíram 4,15%, cotadas a R$ 31,65.

Fonte: Valor Econômico
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