“A necessidade que é a mãe da invenção”, já dizia Platão. A frase do filósofo parece se encaixar muito bem quando o assunto é inovação na mineração. “A extração de minérios é uma atividade milenar. Não é à toa que, a partir dela, surgiram várias invenções que hoje são fundamentais para a humanidade”, conta o gerente executivo de Tecnologia e Inovação da Vale, Luiz Mello. Conheça abaixo algumas dessas invenções:
O ano era 1710. Na época, as minas de carvão e estanho inundavam com frequência no Reino Unido, trazendo prejuízos à atividade de mineração. Nem as bombas manuais utilizadas pelos bombeiros, nem os protótipos de máquinas até então criadas conseguiam resolver o problema. É aí que o arrumador de máquinas Thomas Newcomen entra em ação, projetando uma máquina capaz de elevar água e cargas pesadas nas minas de carvão: a máquina (ou motor) a vapor. Mais adiante, a invenção de Newcomen foi base para a criação de outro dispositivo fundamental para a evolução da humanidade. Mas essa é outra história, que você vai conhecer a seguir.
A criação de Newcomen foi primordial para a sociedade. Mas foi somente em 1777 que o motor a vapor mais importante foi criado. A invenção do arrumador de máquinas levava muito tempo para o aquecimento do vapor e do combustível nas minas. Foi então que o fabricante de instrumentos escocês James Watt aperfeiçoou a invenção de Newcomen, criando a câmara de condensação. O dispositivo reduzia consideravelmente as perdas de calor e se tornou a ferramenta básica para dar movimento a barcos, máquinas da indústria têxtil, além de fundições e minas de carvão. A partir dessa empreitada, deu-se início à chamada Revolução Industrial. Atualmente a câmara de condensação é usada nos motores de todos os veículos de transporte.
Está aí uma grande invenção da mineração. Graças à criação de James Watts, surgiram as primeiras locomotivas. Todas funcionavam com o motor a vapor aprimorado pelo escocês. “Em 1784, James Watt, juntamente com o comerciante Matthew Boulton, patenteou a locomotiva a vapor, que teve como primeira finalidade o transporte de minérios”, conta Luiz Mello. Aliás, no Brasil, elas eram chamadas de Maria-Fumaça, pois, quando em movimento, produziam uma densa nuvem de vapor.
Um dos principais desafios na extração de minérios era a iluminação inadequada. A escassez de luz provocava problemas de saúde nos olhos dos mineradores e dificultava seu trabalho. As ferramentas utilizadas para iluminação nas minas também apresentavam um risco de segurança, pois eram envolvidas com chamas de algum tipo que, quando em contato com gases inflamáveis, podiam provocar uma explosão. A partir dessa necessidade, foi criada a lâmpada de segurança para uso na mineração. O dispositivo tem o calor cuidadosamente distribuído e a chama é protegida, impedindo que as temperaturas subam de forma a inflamar os gases e acender as partículas de materiais como o carvão. Hoje a invenção é utilizada em diversos outros ambientes além da mineração.
Sabe a dinamite atualmente utilizada na implosão de prédios e outras construções? Pois é, ela surgiu e foi primeiramente usada na mineração como explosivo para fraturar rochas. Foi criada por Alfred Nobel, na Alemanha, que a patenteou como pó de segurança para explodir, em 1867. A dinamite representa um grande ganho à segurança na mineração, pois, antes de sua invenção, se usava a nitroglicerina como explosivo, um líquido que detonava com muita facilidade, por ser altamente sensível a qualquer movimentação.
"Em muitas das listas de empresas inovadoras do mundo, encontramos ao menos uma que é atualmente uma ex-mineradora. Isso comprova como a atividade de extração de minérios é importante para a inovação. E também mostra que, se uma mineradora tiver a inovação em seu DNA, ela vai se manter forte no mercado, mesmo se um dia sua atividade de mineração deixar de existir.”
Luiz Mello, gerente executivo de Tecnologia e Inovação da Vale