A cidade de Marselha, na França, sediou, entre os dias 3 e 10 de setembro, o Congresso da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O evento, que estava programado para 2020, e foi adiado devido à pandemia da Covid-19, reuniu órgãos governamentais, ONGs, cientistas e representantes de povos indígenas. O presidente da Fundação Renova, Andre de Freitas, participou remotamente do Congresso, que aconteceu de forma híbrida, participando de duas plenárias temáticas, no dia 7 de setembro. Clique
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Plenárias
As preocupações dos líderes empresariais e governamentais em relação aos desafios sobre como conciliar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento, e o papel das instituições científicas independentes como ferramentas valiosas e eficazes para abordar questões complexas e, frequentemente, controversas foram pautas na plenária “Harnessing Independent Scientific Advice to Reconcile Conservation and Economic Development Goals”.
Durante a discussão, Andre de Freitas e a equatoriana Yolanda Kakabadse, ex-presidente da IUCN e ex-ministra do Meio Ambiente do Equador, apresentaram a atuação do Painel do Rio Doce para tratar o processo de reparação e recuperação do rio Doce, após os impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão (MG).
O presidente da Fundação Renova falou da importância dos painéis científicos independentes, destacando a transparência e visão ampliada como características importantes, e comentou sobre a flexibilidade, com relação às expectativas de atuação, a exemplo do relatório produzido sobre mudanças climáticas. “Nós, da Fundação Renova, temos um forte relacionamento com o painel, mas somos apenas um dos atores envolvidos no processo de reparação. Gostaríamos muito de ver os outros atores encampando as ações e seguindo recomendações elaboradas”, afirma.
A segunda participação do presidente aconteceu na plenária de encerramento “Ação global para conservar água doce”, que teve como objetivo revisar as propostas que cientistas e instituições desenvolveram ao longo do Congresso para preservação da água doce.
Andre de Freitas apresentou os avanços obtidos pela Fundação Renova em sua missão de recuperação do rio Doce. “Estamos trabalhando há cinco anos neste processo e o que podemos ver agora é que a qualidade da água do rio Doce voltou aos níveis que apresentava antes do rompimento da barragem. Esse resultado é a combinação do trabalho que fizemos para estabilização dos rejeitos com a percepção que tivemos de que o rio é um sistema dinâmico vivo: se você interrompe a fonte de contaminação, ele terá sua qualidade de volta”, afirmou.
Ele também falou sobre as ações de reconformação ambiental feitas nas áreas mais afetadas. “Nós tivemos projetos que tentaram recriar estruturas naturais do rio, estabelecendo habitats para servirem de berçários para peixes, o que contribuiu para a repovoação da sua fauna, refletindo também na qualidade da água”, explicou.
O presidente da Fundação Renova enfatizou que a falta do histórico de dados relativos à qualidade da água do rio Doce antes do rompimento da barragem é um grande dificultador do processo de reparação. “Qual foi o impacto do rompimento e qual foi o impacto que já existia e ainda existe vindo de outras fontes, como do esgoto? Porque uma grande parte do esgoto que é despejado no rio Doce e seus afluentes não é tratado nas localidades. Mas não há dados prévios de como era o quadro antes do rompimento e esses dados são essenciais”, comentou.
O Futuro do Rio Doce Somos Nós
Também participaram do Congresso da IUCN dois jovens integrantes do projeto O Futuro do Rio Doce Somos Nós, em uma plataforma de pitches em que apresentaram o projeto e reforçaram a importância da atuação da juventude no processo de reparação da bacia do rio Doce. Clique
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