O grupo Votorantim, da família Ermírio de Moraes, encerrou o ano de 2017 com lucro líquido de R$ 810 milhões, revertendo prejuízo de R$ 1,3 bilhão no ano anterior.
Em março, o conglomerado, com atuação em áreas como cimento, energia, metais, banco e suco de laranja, anunciou uma das maiores transações da história da celulose: a combinação dos ativos da Fibria com a Suzano, controlada pela família Feffer.
O presidente da Votorantim SA, João Miranda, afirmou que pensa em reintegrar a área de Votorantim Novos Negócios ao portfólio do grupo, com investimentos em tecnologia.
Fundada há 100 anos, a Votorantim, que deverá embolsar R$ 8,5 bilhões com a criação da gigante global da celulose, avalia em quais setores poderá ampliar sua atuação negócios e a entrada em novos investimentos.
Ao Estado, o presidente da Votorantim SA, João Miranda, afirmou que o grupo estuda como poderá ampliar sua atuação em infraestrutura. Com forte atuação em energia renovável, a companhia avalia oportunidades em concessões (rodovias e portos) e logística, mas não bateu o martelo ainda. “Não temos pressa”, disse o executivo.
No ano passado, a Votorantim S.A. registrou receita líquida de R$ 27,2 bilhões, aumento de 5% em relação ao ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) ficou em R$ 4,8 bilhões, 12% acima do registrado em 2016.
A companhia encerrou com uma posição de caixa de R$ 12,5 bilhões – suficiente para cobrir mais de cinco anos de amortização da dívida. A dívida bruta consolidada totalizou R$ 24,6 bilhões. Já a dívida líquida totalizou R$ 12,4 bilhões, 16% menor do que a registrado em 2016. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual será a futura estratégia da Votorantim, após a fusão da Fibria e Suzano?
Pretendemos olhar para a área de infraestrutura, além de energia. Gostamos de setores regulados e pensamos quais poderiam ser nossos investimentos futuros. Pode ser concessão (rodovias e aeroportos), logística. A tese é que há muita coisa para ser feita no Brasil. A gente sabe que o setor privado vai ser convocado para investir. Tem áreas que a gente gosta por conta da regulação, mas estamos estudando ainda. A Nexa (divisão de metais do grupo) pode ser outro alvo de investimento e podemos ampliar a internacionalização da divisão de cimento.
Já há planos em andamento?
Não temos o martelo batido e não fechamos nada. Não temos pressa. Primeiro temos de focar na conclusão da operação da Fibria (que deverá ser concluída em nove meses a um ano). Ninguém está pressionado aqui para colocar o dinheiro para funcionar de forma atabalhoada. Os acionistas querem reinvestir esses recursos majoritariamente na companhia. A única área que está definida para investimento, independentemente da operação da Fibria, é o de geração de energia renovável. O mercado especula porque não poderíamos entrar em construção, mas esse setor não é o nosso foco. Pensamos em reintegrar a área de Votorantim Novos Negócios ao portfólio do grupo, com investimentos em tecnologia. Vamos investir no mercado imobiliário também.
Neste ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a operação da Votorantim com a ArcelorMittal no Brasil. Pensam em vender os ativos da Argentina e Colômbia?
Não temos pressão para isso. No Brasil, o que mudou é que tínhamos 100% de uma empresa menor em siderurgia e hoje temos 15% de uma empresa maior.
E a saída de negócios maduros, como a venda da Citrosuco e do Banco Votorantim?
Não vou dizer que o grupo não vai mais vender nada. Estaria mentindo. O grupo começou no setor têxtil e não atua mais nessa área. As decisões devem ser tomadas a partir do rumo que queremos dar ao nosso portfólio de investimentos. A Citrosuco está indo bem na questão de segmentação de novos produtos e diversificação de novos mercados. Não há razão, neste momento, para sair agora deste setor. Existem oportunidade interessantes que podem ser desenvolvidas. No banco, estamos felizes e em um caminho legal de rentabilidade.