Congresso Aço Brasil leva a São Paulo grandes nomes da cadeia industrial para discutir o futuro da siderurgia. Experiência digital de companhia alemã mostra que o setor pode ser também disruptivo, tal e qual já estão fazendo os grandes grupos de mídia digital, como Facebook e Amazon
O desenvolvimento tecnológico da indústria do aço esteve no centro do debate do terceiro painel do dia de abertura do Congresso Aço Brasil, que acontece até quarta-feira (22), no Hotel Transamérica, em São Paulo. Com o objetivo de analisar o que os consumidores esperam da indústria do aço em 10 ano, o presidente do grupo Vallourec e conselheiro do Aço Brasil, Alexandre de Campos Lyra, coordenou as discussões que contaram com apresentações da arquiteta Filomena Russo; do CEO da Klöckner & Co SE, Gisbert Rühl; e do vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Antonio Sérgio Martins Mello.
O recém-lançado Programa Rota 2030, que estabelece as bases de uma política industrial do setor automobilístico pelos próximos 15 anos para estimular a modernização do setor, foi um dos pontos destacados pelo representante da ANFAVEA.
"Estamos vivendo uma transição política no Brasil e nós temos que construir propostas e criar um posicionamento claro da indústria para transformar a agenda política do país em uma agenda de desenvolvimento e crescimento. Neste sentido, o Rota 2030 tem potencial de atrair novas tecnologias, criar novos mercados para exportação e gerar conhecimento para o país", destacou Antonio Sérgio Martins Mello, que é também é diretor de Relações Institucionais da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina.
Ele aproveitou para anunciar investimentos da ordem de R$ 14 bilhões da FCA no Brasil no desenvolvimento de novos produtos entre 2018 e 2022.
Por falar em investimento em tecnologia, o CEO da empresa alemã Klöckner & Co SE, Gisbert Rühl, contou como a empresa siderúrgica abraçou a disrupção digital e promoveu o grupo a um dos maiores pioneiros em inovação do setor industrial.
Rühl contou como o processo de construção de uma unidade de inovação aos moldes das startups mudou a Klöckner & Co SE.
"Empurrei a empresa para a digitalização basicamente pelo momento difícil da indústria do aço, por conta do excesso de oferta, e também pelo próprio modelo de negócios do setor. Com o lançamento de nossa plataforma digital, conseguimos mudar toda a cadeia de suprimentos; do produtor até o cliente", revela o executivo Gisbert Rühl.
Por falar em inovação, a arquiteta Filomena Russo, que foi sócia durante muitos anos do escritório Foster + Partners, relatou como foi o desenvolvimento do projeto AQWA da Tishman Speyer no Porto do Rio de Janeiro, um edifício que, graças a estruturas metálicas inovadoras, mudou a paisagem da Zona Portuária da capital carioca e provou que novas tecnologias em construção podem surgir também no Brasil.
"Temos que parar com essa ideia de grandes inovações no setor do aço não podem acontecer aqui no nosso país", ressaltou a arquiteta.
Congresso Aço Brasil - Com o objetivo de promover a análise e o debate de temas de grande relevância para a indústria do aço no Brasil e no mundo, o Congresso reúne todos os anos renomados palestrantes nacionais e internacionais. A organização do evento é do Instituto Aço Brasil.
Abertura - A manhã de terça-feira (21) foi marcada pela abertura do Congresso Aço Brasil 2018. O presidente Michel Temer e o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marco Jorge de Lima; foram os representantes do Governo Federal presentes. A manhã do evento contou com a posse do novo presidente do Conselho Diretor Aço Brasil, Sergio Leite de Andrade, da Usiminas. Ao lado de Marcos Eduardo Faraco (Gerdau), eles serão as lideranças da indústria do aço nos próximos dois anos. O evento vai até amanhã, quarta-feira (22)