Juliana Botelho Soares
Especialista em Marketing, Professora e Diretora institucional da Associação Empresarial de Cariacica (AEC)
Começar este artigo rendendo minha homenagem às pessoas que não aderiram as redes sociais. Acredito que, em sua maioria, elas desfrutam de relacionamentos mais duradouros, de laços e afetos mais intensos.
São incontestáveis as mudanças que as redes sociais provocaram na interação humana. As novas mídias que estão aí, sem dúvida, trouxeram muitos benefícios a todos, mas também estão causando riscos a nossa saúde emocional.
Enquanto profissional de marketing sou assumidamente apaixonada por redes sociais no ambiente de negócios, até por que, não temos como falar sobre comunicação e marketing, hoje, sem envolver esta poderosa ferramenta que chegou sem pedir licença, entrou em nossa rotina e ocupou lugar importante em todas as esferas da vida.
Essa relação intensa com as redes sociais e o crescimento exponencial de usuários, entretanto, me fez querer entender sua associação com a saúde emocional e os relacionamentos entre as pessoas.
De acordo com algumas linhas de pesquisas realizadas, ainda que recentes no que diz respeito a benefícios e danos, chegamos a algumas observações, das quais destaco três que são notórias: sintomas depressivos, baixa autoestima e dependência.
Embora seja benéfico saber que podemos falar com quem amamos virtualmente, independente da distância geográfica, por outro lado, a tristeza e a solidão são “preços” da rede social para quem se apega e investe tempo demasiado na comunicação online. Especialistas em análise comportamental alertam: as relações que não passam para o campo real são fadadas ao fracasso.
Sei o quanto é importante estarmos seguros de nossa imagem, essência, valores e convicções. Pessoas com baixa autoestima usam excessivamente as mídias sociais para se auto promoverem. Uma pesquisa realizada em uma Universidade da Inglaterra com duas mil mulheres de 16 a 25 anos, apontou que elas passam aproximadamente uma hora por dia fazendo selfies para escolher apenas uma foto perfeita para postar nas redes sociais.
No momento que escrevia este artigo fui buscar no instagram a hashtag “selfie” e encontrei 378 milhões de imagens. Considerando que o tempo é a moeda mais valiosa desta geração, não podemos tratar com naturalidade essas horas dedicadas a publicação de uma foto.
Destaco, ainda, a questão da dependência. No Brasil, o número de pessoas que usa internet pelo celular já ultrapassa o de usuários do computador, basta observar nosso cotidiano para percebemos a dependência que temos deste aparelho.
É fato que muitas pessoas usam adequadamente as redes sociais, mas para aqueles que não lidam assertivamente com este meio, a consequência pode ser o estado permanente de ansiedade visto que nas redes sociais, as famílias são perfeitas, os casais apaixonados, os corpos bem definidos, as viagens encantadoras, despertando um grau comparativo que não é real. É como diz o ensinamento milenar registrado no livro do Apostolo Mateus: “Os olhos são a lâmpada do corpo se os olhos forem bons, teu corpo será pleno de luz.
O uso responsável desta ferramenta traz benefícios, promove crescimento e desenvolvimento, mas o uso imprudente deixa o ser humano exposto a ilusão criada por fotos que nem sempre correspondem a uma realidade feliz. Importante nos mantermos alertas para o risco de nos conectarmos a perfis virtuais e nos desconectarmos da nossa própria vida e da nossa essência.