Em comparação com outros países, o Brasil é uma das nações que mais tem feriados ao longo do ano. Embora bem-vindos pela maior parte da população, essas datas, por vezes, representam um sério problema de produtividade para as indústrias.
Diante dos prejuízos causados pela grande quantidade de dias paralisados, alguns países têm reduzido o número de feriados para aumentar a produtividade econômica. Em 2008, a China reformulou seu calendário, diminuindo o número de feriados nacionais. A mesma medida foi tomada por Portugal em 2011, quando quatro feriados nacionais, dois religiosos e dois civis, foram eliminados do calendário do país.
Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), os feriados ou pontos facultativos em dias úteis de 2017, quatro deles com a possibilidade de enforcamento de outros dias, geraram perdas que correspondem a 4,4% do PIB industrial do país, com um prejuízo que chegou perto dos R$ 68 bilhões.
No Espírito Santo, para este ano, são 12 feriados, que podem gerar perdas bilionárias à indústria capixaba.
Nas contas do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), em 2016, último dado disponível, a perda da indústria com os 12 dias de feriados daquele ano alcançou 4,7% do valor total da indústria (R$22,6 bilhões), o que corresponde a R$1,07 bilhão.
Ainda que alguns segmentos industriais não paralisem nos feriados, como a siderurgia e petrolífera, há um custo adicional com encargos e mão de obra nessas datas, além de um comprometimento relevante no desempenho das empresas e aumento nos custos operacionais, comprometendo a produtividade.
Um projeto de Lei da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, para tornar o Dia de Nossa Senhora da Penha um feriado estadual, foi sancionado na última quinta-feira (04) pelo governador Renato Casagrande.
Embora haja um consenso acerca da relevância da data, por que não rever o calendário, da mesma forma que fizeram alguns países desenvolvidos? Precisamos de uma agenda de feriados construída e debatida com os empregadores, contribuindo assim, para uma sociedade competitiva.
Ainda enfrentamos diferentes desafios – previsíveis ou não – que influenciam no desempenho dos indicadores econômicos do Estado. Vencemos a recessão, entretanto, as perspectivas mais otimistas apontam um crescimento pouco significativo de 1% do PIB. Aceleramos pouco e a crise ainda pode ser vista pelo retrovisor.
Nossa meta é contribuir para a transformação do perfil econômico do Espírito Santo. Para isso, precisamos promover ações que se conectem a construção de uma indústria mais moderna, produtiva e eficiente.
Se desejamos um futuro de oportunidades, empregos e desenvolvimento, precisamos preservar a produtividade da indústria capixaba.
Fernando Otávio Campos Da Silva, empresário e presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho da Findes (Consurt)