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Publicado: 12/03/2018 00:00h

Minério fica perto de zerar ganhos de 2018

Minério fica perto de zerar ganhos de 2018

Na iminência do retorno de capacidade siderúrgica paralisada na China e com a tensão que tomou conta do mundo pela ameaça da explosão de uma guerra comercial, o minério de ferro reverteu a tendência recente de alta. Foram cinco dias seguidos de baixa, que derrubaram a commodity em 8% de sua máxima do ano de US$ 79,39 a tonelada.

Só no dia 08, os preços do produto com teor médio de 62% de ferro entregue no porto chinês de Qingdao caíram 3,4%, segundo a "Metal Bulletin", para US$ 73,23 a tonelada. Foi a maior perda diária desde dezembro, que minou a alta acumulada até então em 2018 para 0,9%. Março interrompe uma série de quatro meses consecutivos de avanço, com recuo de 6,8%.

O impacto chegou ao mercado de ações. Na B3, a Vale fechou em queda de 3,24%, para R$ 41,46. Em Londres, a Rio Tinto sofreu desvalorização de 1,32%, para 36,91 libras (US$ 51), e a BHP Billiton caiu 2,76%, para 14,04 libras.

Para Daniel Briesemann, analista do banco Commerzbank especializado em commodities metálicas, a confiança do mercado em geral desandou depois que Donald Trump, presidente dos EUA, anunciou que implantaria uma tarifa de 25% para aço e de 10% para alumínio importados no país. Ele lembra que investidores e a agentes de mercado ligados a commodities estão se afastando do risco.

"De qualquer maneira, o preço do minério de ferro precisa sofrer uma correção [para baixo] porque o mercado transoceânico já está amplamente suprido, ou melhor dizendo, com excesso de fornecimento", disse o analista ao Valor. "Acredito que os preços do minério vão cair para US$ 60 por tonelada até o fim deste ano."

Dia 15 é o limite imposto pelo governo chinês para que parte da capacidade produtiva de aço na China fosse paralisada por motivos ambientais. Desde que foi exigido o corte, as usinas passaram a comprar minério de alta qualidade, que possibilita produzir mais aço com menos matéria-prima. Isso ajudou a elevar o prêmio pago pelo insumo de 62% e 65% de teor.

Com mais capacidade disponível, esse interesse deve diminuir e derrubar os preços. E já que a expectativa é que o consumo chinês de aço desacelere neste ano - ou no máximo fique estável -, o excedente voltaria a ser exportado, desequilibrando mais uma vez o mercado mundial. Uma restrição dos EUA faria os chineses forçarem para baixo o preço do produto em todo o resto do mundo.

Briesemann aposta que a concorrência mais uma vez punirá os fundamentos do setor. A China, lembra, já voltou a elevar seu ritmo de vendas ao mercado externo. Isso pôde ser observado em fevereiro, quando os chineses exportaram 4,85 milhões de toneladas de produtos elaborados de aço, 4,2% a mais do que em janeiro. Para Briesemann, o volume pode aumentar mais depois que as restrições à capacidade acabarem no país.

A vice-presidente do Goldman Sachs especialista em commodities, Hui Shan, por sua vez, crê na continuidade da demanda chinesa pelo minério de maior qualidade, sustentando os preços desses produtos. Para ela, as reformas, que desde 2015 diminuíram o parque em 200 milhões de toneladas, são sustentáveis, mantendo a rentabilidade das usinas.

Ela também comenta, em entrevista ao Valor, que é possível haver nova rodada de restrições ambientais neste ano. "Para nós, a demanda continua forte no primeiro trimestre, por conta da temporada de construção civil", diz. "No terceiro trimestre, se o governo voltar a praticar cortes, o preço deve subir novamente, com as empresas aumentando a demanda para produzir o quanto puderem."

Para além dos temores recentes de uma guerra comercial puxada pelos Estados Unidos, a especialista acredita que os maiores fatores que podem derrubar a cotação do minério são a perda de ritmo significativa na alta dos investimentos em infraestrutura na China, a busca por produção de aço em fornos elétricos - que leva sucata - e um movimento de usar os grandes estoques de minério em portos.


Fonte: Valor Econômico
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