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Publicado: 03/11/2017 13:10h

Exportações de minério poderão ser taxadas para compensar Lei Kandir

Exportações de minério poderão ser taxadas para compensar Lei Kandir

As exportações de minério brasileiras poderão ser taxadas em 30% para compensar as perdas dos Estados com a isenção de ICMS sobre vendas ao exterior. A proposta foi incluída no relatório do projeto que regulamenta os repasses da chamada Lei Kandir, apresentado nesta terça-feira pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) na comissão mista criada para discutir o tema. O relatório deverá ser votado na próxima semana.

A Lei Kandir, de 1996, isentou do pagamento de ICMS produtos e serviços ligados à exportação e previu que os Estados seriam recompensados. Os valores repassados, porém, nunca foram regulamentados e são alvo de disputa entre Estados e União. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo de um ano para que o Congresso Nacional regulamentasse os pagamentos e o Legislativo corre agora para tentar aprovar um projeto até o início de dezembro.

A proposta do senador Fagundes estabelece o repasse anual de R$ 9 bilhões aos Estados exportadores, corrigidos anualmente pela inflação medida pelo IPCA. O valor estaria acima do que vem sendo repassado pela Lei Kandir e pelo fundo de apoio à exportação (FEX), previsto na lei.

Neste ano, os dois valores têm orçamento de R$ 3,8 bilhões, mas o pagamento do FEX é muitas vezes bloqueado pelo governo federal, que chegou a não repassar nenhum valor do fundo em anos anteriores. “Hoje temos total instabilidade, o governo paga se quiser e quando quiser”, afirmou Fagundes ao Estadão/Broadcast.

Como o projeto dificilmente será aprovado antes da votação do Orçamento de 2018, o senador apresentou uma emenda prevendo R$ 5 bilhões para o FEX no próximo ano, que seriam somados a R$ 1,9 bilhão previstos para a Lei Kandir. A emenda ainda não foi apreciada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Com o Orçamento da União próximo ao teto dos gastos, o senador teve que incluir uma previsão de receita para o pagamento dos recursos, que deverá ser principalmente o aumento da alíquota do Imposto de Exportação sobre minérios. A previsão é arrecadar R$ 6,5 bilhões com a taxação, que deverá causar polêmica no setor, que tem tido bom desempenho nas vendas ao exterior neste ano.

Passivo. O relatório do senador Fagundes não prevê uma solução para o alegado passivo dos Estados em relação a esses repasses. Os Estados afirmam que o governo só pagou 17,8% do devido entre 1992 e 2016, e que haveria um passivo de R$ 548,78 bilhões relativos ao período.

O governo federal diz que o pagamento desses montantes não é obrigatório, já que não há regulamentação do FEX até o momento.

De acordo com o senador, isso não será discutido neste momento para não inviabilizar a votação do projeto. “Isso pode ser incluído em outros processos, mas temos que aprovar a regulamentação agora para evitar que o cálculo fique para o Tribunal de Contas da União (TCU), como prevê a decisão do STF.

O relatório prevê que os R$ 9 bilhões serão distribuídos 75% para os Estados e 25% para os municípios. O rateio será feito de forma a assegurar que nenhum ente receberá, nos próximos exercícios, menos do que o que recebeu em 2016.


Fonte: Estadão
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