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Publicado: 04/12/2020 15:20h

Dinamarca anuncia fim da produção de petróleo até 2050

Dinamarca anuncia fim da produção de petróleo até 2050
Maior produtor do bloco europeu não emitirá novas licenças de exploração no Mar do Norte a partir de hoje (4/12)

O governo dinamarquês - maior produtor de petróleo da União Europeia - acaba de anunciar que proibirá toda a produção de petróleo progressivamente até 2050. E já a partir desta sexta-feira (4/12) não serão mais emitidas novas licenças de exploração e produção nas águas offshore dinamarquesas no Mar do Norte.

Com a decisão, a Dinamarca se torna o primeiro grande produtor de petróleo a colocar uma data final nas atividades de exploração e produção. Paralelamente ao anúncio, o país cancelou sua oitava rodada de licenciamento offshore após fraco interesse do mercado e a desistência da francesa Total.

As decisões foram tomadas após a divulgação, no início desta semana, de um relatório apoiado pela ONU que revelou que a produção global de combustíveis fósseis não está nem perto dos níveis compatíveis com a manutenção do aquecimento global abaixo de 1,5°C até 2050. O Reino Unido e a Noruega, vizinhos da Dinamarca no Mar do Norte, foram citados como países que precisavam desacelerar rapidamente a produção para alcançar o alinhamento com as metas do Acordo de Paris.

Analistas veem o anúncio como mais um prego no caixão para o petróleo do Mar do Norte. A bacia é uma das regiões produtoras de petróleo mais antigas do mundo, mas a produção está em declínio sustentado há anos. Novas descobertas seriam necessárias para aumentar a produção, mas os ativos da bacia são alguns dos mais vulneráveis às quedas dos preços das commodities e sofreram perdas devastadoras nos anos recentes.

Com a pandemia, o número de pessoas que trabalham com exploração de combustíveis fósseis no Mar do Norte caiu mais de um terço. Neste momento, o governo do Reino Unido vem sofrendo pressão interna para organizar uma transição nas cidades da região para investimentos em energia renovável. A Dinamarca está à frente de seus vizinhos neste sentido, com investimentos em energia eólica offshore e compromissos para reduzir as emissões de carbono em 70% até 2030.

"Com sua decisão de encerrar permanentemente as rodadas de exploração, a Dinamarca se destaca como a primeira nação desenvolvida a reconhecer não apenas a prioridade da transição energética, mas também a necessidade de se afastar desse mercado e deixar que outras nações menos afortunadas economicamente sejam as que se beneficiarão de qualquer orçamento remanescente para o desenvolvimento de petróleo e gás", afirma Amy Myers Jaffe, professora da Tufts University Fletcher School e diretora administrativa do Centro do Climate Policy Lab.

"A decisão do governo de proibir futuras rodadas de licenciamento reflete a pressão política para cumprir as ambiciosas metas climáticas e a realidade fiscal de preços mais baixos do petróleo", avalia Franca Wolf, analista de pesquisa para Europa e Ásia Central da consultoria britânica de análise de riscos Verisk Maplecroft. Ela explica que apesar das medidas anunciadas, o governo tem estado sob pressão da sociedade civil, do Conselheiro Independente sobre Ação Climática, e do Parlamento, que criticam o executivo por tomar medidas insuficientes para atingir a meta. "Embora a proibição de futuras rodadas de licitações não coloque a Dinamarca no caminho certo para atingir sua meta climática por si só, ela destaca uma crescente conscientização no governo para a necessidade de ações mais concretas. Isto aumenta a probabilidade de outras reduções de emissões nos próximos meses."

Para a analista, a proibição de futuras rodadas de licitação dá credibilidade aos esforços de transição energética da Dinamarca e da UE no cenário global. "A meta dinamarquesa de obter pelo menos 50% de sua energia de fontes renováveis até 2030 significa que a maioria do petróleo e gás que o país produzirá no futuro acabará sendo exportada", afirma. "A proibição abre a porta para uma coalizão de estados produtores que pensam da mesma forma para defender essas restrições em fóruns multilaterais, como a COP26", completa Wolf.

"Este é um momento decisivo para que o país possa se afirmar como um pioneiro verde e inspirar outros países a acabar com nossa dependência de combustíveis fósseis que destroem o clima.", comemora Helene Hagel, líder de Política Climática e Ambiental do Greenpeace Dinamarca. "É uma enorme vitória para o movimento climático e para todas as pessoas que durante muitos anos pressionaram para que isso acontecesse."

Hagel destaca que como grande produtor de petróleo e um dos países mais ricos do mundo, a Dinamarca tem a obrigação moral de acabar com a busca de petróleo novo, enviando um sinal claro de que o mundo pode e deve agir para cumprir o Acordo de Paris e mitigar a crise climática. "A Dinamarca é um país pequeno, mas tem potencial para preparar o caminho para a necessária transição para a energia verde e renovável. Agora, o governo e os partidos políticos precisam dar o próximo passo, que é planejar uma eliminação gradual da produção de petróleo existente na parte dinamarquesa do Mar do Norte até 2040".

Fonte: ClimaInfo
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