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Publicado: 18/09/2017 13:56h

Brigas e brigas

Brigas e brigas

Há brigas que ninguém ganha e todos saem machucados. Este pode ser o caso da atual polêmica que envolve as empresas da Ponta de Tubarão e a sociedade capixaba. Melhor seria que as empresas não estivessem lá, mas, infelizmente, estão e há um bom tempo.

Pode-se pensar em fechá-las e aí uma questão se impõe: como seria a economia do ES sem elas? Como ficariam os impostos, os empregos? Como seria a vida nas cidades que dependem dessas empresas economicamente? Poderíamos fazer estudos aprofundados, simulações matemáticas, formular hipóteses, mas a verdade é que tudo seria muito, muito difícil.

Temos o exemplo do que significa fechar-se uma empresa sem planejamento. Este exemplo chama-se Samarco. O rompimento da Barragem de Fundão é uma catástrofe que esgota a imaginação e nos trouxe dor, prejuízo e lições. Se não pararmos para estudar essas lições estaremos cometendo o único erro que pode suplantar a tragédia de Mariana: estaremos desrespeitando seus mortos e não seremos jamais perdoados.

A volta das operações da Samarco e as discussões sobre o pó preto têm vários pontos em comum: não são assuntos simples e para os reais interessados parecem que não têm fim. Quando tudo indica que se chegou a um bom acordo, eis que alguma parte se sente desprestigiada, esquecida ou ofendida e, como se diz na roça,”volta-se à estaca zero”. Continuam-se as discussões e postergam-se as soluções.

Discutir é importantíssimo, diminuem-se as chances de erro - ninguém duvide - mas, o tempo passa implacavelmente e as decisões, ou a falta delas, impactam a vida de muitas pessoas. Como disse o grande economista e pensador inglês, John Maynard Keynes, “no longo prazo todos estaremos mortos”.

Não faltam teorias e nem exemplos para nos orientar. Se nos uníssemos para resolver problemas, se abríssemos mão de interesses pessoais e vaidades estéreis, poderíamos encontrar caminhos e sermos mais eficientes. Ninguém pretenda fazer um acordo para ser plenamente atendido, é necessário fazer concessões e preservar os princípios. Para lidar com os diversos grupos de interesse tem-se a gestão de partes interessadas, para lidar com os vários ângulos dos temas tem-se a gestão da sustentabilidade. É só ter vontade e bom senso.

A população da grande Vitória merece e têm direito ao bom ar nosso de cada dia e as empresas precisam poluir cada vez menos. Isso se resolve com tecnologia, com investimentos - não é com mágica, nem com palavras. Por outro lado, tudo custa dinheiro e, por isso, precisa haver planejamento, viabilidade econômica, determinação e ações. Esses são os aspectos a serem discutidos e devem ficar acima de interesses alheios à sustentabilidade, porque no fundo estamos falando de sustentabilidade, da sustentabilidade do nosso Estado.

Não é diferente com a Samarco. Ninguém pense que não existam soluções sustentáveis para a mineração, inclusive em relação ao uso de água e à disposição de rejeitos. E isso é até fácil; difícil mesmo é viver sem trabalho e sem renda, como tantas pessoas e tanto municípios.

Soluções que ignoram o meio ambiente e as pessoas são insustentáveis e quem não acredita nisso já perdeu o avião da história. Há bem pouco tempo, falar em Desenvolvimento Sustentável era coisa de pessoas sonhadoras; hoje em dia é coisa de quem tem os pés no chão. A guerra entre ambientalistas e empresas acabou, porque perdeu o sentido. A guerra agora é pela sobrevivência da espécie humana e a vitória tem nome: (de novo) Desenvolvimento Sustentável.

Se as discussões fossem orientadas pela e para a sustentabilidade elas seriam mais fáceis, mais produtivas e mais efetivas. Vale a pena brigar por um Espírito Santo sustentável, desenvolvido e feliz - dessa briga ninguém sairá perdedor e nem machucado. Há brigas e brigas.


Fonte: Nilson Gonçalves - Mestre em gestão empresarial, consultor e diretor da Solução Sustentável (contato@solucaosustentavel.com)
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