Por Eberson Terra
Não adianta mais se agarrar naquilo que você é “especialista” para garantir um emprego bacana ou para se aventurar no mundo do empreendedorismo. Aliás, faz tempo que essa receita não funciona.
Acontece que muitos profissionais ainda acreditam que o diferencial é o conjunto de conhecimentos técnicos que acumulam, mesmo que com profundidades diferentes. Apesar das “soft skills” (competências pessoais) serem a bola da vez por introduzirem de fato competências socioemocionais como diferenciais para o mundo dinâmico em que vivemos, as hard skills (competências técnicas) continuam sendo um alicerce relevante para qualquer profissional.
É engraçado como termos e conceitos ganham certa fama muito tempo depois de surgirem. O exemplo que faço um paralelo neste artigo é com o T-Shaped, perfil profissional que surgiu em discussões internas na empresa de design IDEO, cujo CEO, Tim Brown, estava buscando melhorar o formato de contratação para criar times com competências complementares e assim melhorar o processo criativo.
Os profissionais T-shaped não representam necessariamente o que o mercado precisa hoje. O conceito “T-shaped” é baseado na coleção de conhecimentos que um profissional possui, sendo especialista em 1 assunto específico, em que se tem grande profundidade, competência e experiência (linha vertical do “T”), mas que é complementado por vários conhecimentos generalistas que dão uma visão holística de diversas habilidades das quais você não é especialista (linha horizontal do “T”), mas compreende como funcionam e se utiliza delas para compor seu repertório.
Se o mundo está mais colaborativo, a sua especialidade precisa ser entendida por todos. Muito se fala sobre times ágeis e multidisciplinares, onde as competências individuais somadas tornam uma equipe imbatível, pois suas experiências complementares se somam para criar soluções mais inovadoras, diversificadas e assertivas. Porém, uma dificuldade encontrada por profissionais que fazem parte de times ágeis nos dias de hoje é simplificar a solução de problemas utilizando seu conhecimento mais profundo compartilhando com todo o time e partes interessadas o como foi feita a solução, garantindo que as pessoas compreendam o que foi usado para que elas também absorvam esse conhecimento como generalista. Logo, se achávamos que o T-shaped seria o melhor perfil para a Era Digital, as mudanças de mercado e os aspectos do trabalho em equipe exigirão muito mais do que um repertório individual de conhecimentos! Necessita de uma nova e relevante competência não visualizada no conceito: o compartilhamento de conhecimentos especialistas. Por isso, chamei que o que precisamos hoje é do profissional V-shaped!
Por que V-shaped?
Na figura eu expresso como essa competência de compartilhamento de conhecimento deve ocorrer, de forma sistêmica e direta no perfil profissional. O compartilhamento se torna um novo ativo que será muito procurado por recrutadores, pondo fim de uma vez por todas aquela máxima de reter conhecimento é o que garante sua falsa sensação de “estabilidade” em um emprego.
Ser um profissional V-shaped é assumir que seu conhecimento deve sempre ser compartilhado e nunca retido. Além disso, exercitar seu método didático de se comunicar pode ser o grande diferencial para viabilizar a popularização de tecnologias mais novas e pouco difundidas ou compreendidas. Essa é a chave da inovação!