No processo de escolha do novo presidente da Vale, os acionistas controladores da mineradora definiram como princípio selecionar um "nome de peso" para ser o novo presidente da companhia a partir de maio, quando se dará a saída de Murilo Ferreira.
O objetivo é que o candidato, no processo de seleção conduzido pela multinacional de headhuntig Spencer Stuart, tenha experiência como presidente-executivo em grandes empresas internacionais. Esse critério exclui, a priori, uma lista de virtuais candidatos que vêm sendo apontados pelo mercado, incluindo alguns atuais diretores-executivos da Vale e também ex-diretores da companhia. Muitos desses nomes não ocuparam cargos de presidentes ou foram presidentes em empresas de pouca visibilidade.
Na avaliação de fontes que acompanham o processo de seleção, o nome do novo presidente da Vale deverá ser definido no início de abril. "Não acredito que vá se chegar lá na frente [ao fim do processo] com mais de quatro ou cinco candidatos", disse uma fonte consultada pelo Valor.
É a partir de uma lista com no mínimo três nomes - mas que poderá ser maior, até cinco -, que será feita a escolha do novo presidente da Vale. A relação dos pré-selecionados pela Spencer Stuart será encaminhada, provavelmente, no último dia de março, a Paulo Caffarelli e a Luiz Carlos Trabuco, presidentes do Banco do Brasil e do Bradesco, que estão à frente do processo pelo lado dos dois maiores acionistas das mineradora.
Na visão de pessoas com conhecimento nesse tipo de seleção, o candidato que passar pelo primeiro critério - ser ou ter sido CEO em uma grande empresa, de preferência multinacional - precisará ainda cumprir outros requerimentos definidos pelos principais acionistas da Vale: Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Bradesco, Mitsui e BNDES.
O normal é que cada acionista aponte um perfil de candidato adequado e, nesse processo, muitos dos postulantes originalmente apontados deverão ficar pelo caminho. Isso porque é muito difícil para cada um preencher todos os requerimentos apontados pelos sócios. "Dificilmente um candidato consegue fazer o check-list [lista de verificação] para 100% dos itens exigidos", disse uma fonte.
O critério de buscar nomes com experiência como presidente de grandes empresas buscaria eliminar a questão da influência política sobre a Vale. De cara, essa definição de só entrevistar atuais ou ex-presidentes de grandes grupos deixa de fora atuais diretores da Vale que vêm sendo apontados como virtuais candidatos a suceder o atual, presidente, Murilo Ferreira. Nessa lista, estão o diretor de RH e sustentabilidade, Clóvis Torres; o diretor de finanças, Luciano Siani, e o diretor de estratégia e ferrosos, Peter Poppinga. São nomes que já teriam dificuldade de ir adiante no processo de seleção por integrarem a gestão que está acabando e por serem identificados com Ferreira, na visão do mercado.
Mas o critério de escolher o novo presidente da mineradora a partir de um universo de CEOs mantém as chances de outros ex-executivos da Vale. Essa lista inclui Nelson Silva, que foi presidente da BG Brasil; Eduardo Bartolomeo, que presidiu a BHG, do setor imobiliário; Tito Martins, presidente da Votorantim Metais, e José Carlos Martins, que foi presidente da Latasa e da Rexam South America. Para Martins, um problema é que ele esbarra na idade compulsória de 65 anos fixada para diretores da Vale se aposentarem, embora exiba o maior conhecimento da companhia: 11 anos, incluindo as gestões de Roger Agnelli e Ferreira.
Na lista de potenciais candidatos, especula-se até sobre o nome de Caffareli, que está envolvido no processo de escolha do novo presidente da Vale. Ele nega qualquer pretensão pelo cargo.