As parcerias entre empresas e universidades, e os benefícios mútuos destas, já são bem conhecidos. A aproximação entre as duas geralmente se concretiza através de programas de estágio e trainee, em processos estruturados pelo departamento de recursos humanos. Também é comum parcerias com pesquisadores, em especial no desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, indo além da identificação de novos talentos e do apoio ao desenvolvimento de pesquisas científicas, cabe também um olhar mais atento das empresas para a construção de reputação a longo prazo e para a influência dos universitários como formadores de opinião.
No Brasil, de acordo com o mais recente Censo da Educação Superior (2016), publicado pelo Ministério da Educação, há mais de 34 mil cursos de graduação ofertados em cerca de 2.4 mil instituições de educação superior (IES) para mais de 8 milhões de estudantes matriculados. Portanto, comparando com dados atuais da IBGE, os universitários representam cerca 3,5% da população brasileira. Uma pequena parcela, mas são uma amostra da população que, em média, são mais escolarizados e conectados que seus pais, podendo exercer influência significativa em seus núcleos familiares e em suas comunidades.
Nada disso é novidade. Mas é bom termos em mente que, em 2001, no Brasil, havia apenas 3 milhões de estudantes entre 18 e 24 anos matriculados em cursos de nível superior, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP). Ou seja, em 17 anos esse número quase triplicou, indicando um crescente número de jovens com mais anos de educação formal no Brasil. Nascidos até o ano 2000, eles fazem parte do grupo mais novo da Geração Y, sendo chamados de millennials por alguns especialistas e pesquisadores. Além da educação superior, os jovens universitários gostam de buscar informações por conta própria, formando uma complexa rede de influência, conforme revelam pesquisas como a “Carreiras em Transformação”, da Page Talent, de 2017.
Para os millennials, o que vale é a experiência, muito mais de que uma mensagem recebida por canal de mão única, como a publicidade. Outro ponto que a pesquisa “Carreiras” revelou é que, idealmente, esses jovens almejam trabalhar em empresas que priorizam a preservação da qualidade de vida de seus colaboradores (68%), compromisso com a inovação e tecnologia (28%) e iniciativas de cuidado e responsabilidade social (48%) e ambiental (29%). Fica clara, portanto, a necessidade de estabelecer relacionamento estruturado com esse público, para que possa, a médio e longo prazo, formar sua opinião acerca de opções desejáveis no mercado de trabalho, além de exercer influência entre familiares e amigos.
Como a empresa é percebida por jovens universitários e em que tipo de ações ela se envolve pode comprometer a imagem de sua marca e o quanto ela é desejada como empregadora. No caso da Vale, por exemplo, instituímos há dois anos um programa específico de relacionamento com universitários, o Vale na Universidade. Com ele, buscamos ampliar o nível de conhecimento entre universitários envolvidos sobre a indústria da mineração com ações práticas e recorrentes em nossa atividade, aproximando a academia do mercado. Lançamos, por exemplo, desafios que são inspiração para a criação de soluções por parte dos jovens. O retorno tem sido surpreendente. Os trabalhos dos jovens envolvidos trazem propostas inovadoras e que provocam a criatividade e reflexão de nossas equipes.
Uma das ferramentas do programa é uma página especial para esse público dentro do nosso site institucional. Nesta seção disponibilizamos conteúdos sobre a mineração e a Vale produzidos por especialistas e, também, material feito por nossos empregados, para que estudantes e pesquisadores possam conhecer melhor a mineração e a nossa empresa. Dessa forma, procuramos desmistificar a nossa atuação como empresa extrativista, ao mostrar que exercemos da melhor forma uma atividade que é essencial à vida moderna. Ao trabalhar com os universitários, temos a certeza que estamos agindo de forma estratégica, com visão de longo prazo, num formato que beneficia a todos os envolvidos.
