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Publicado: 23/10/2023 12:43h

Árvores raras e ameaçadas de extinção estão sendo registradas em Brumadinho (MG) pela primeira vez

Árvores raras e ameaçadas de extinção estão sendo registradas em Brumadinho (MG) pela primeira vez

Espécies como Stephanopodium engleri e Leptolobium glaziovianum nunca haviam sido registradas na região e são pouco conhecidas no mundo. Encontro é um importante marco para conservação da flora nativa

Espécies arbóreas raras e ameaçadas de extinção foram encontradas em Brumadinho, Minas Gerais pela primeira vez. As descobertas inéditas aconteceram durante estudos ambientais realizados por biólogos da Vale e especialistas botânicos. Entre as espécies estão árvores como a Leptolobium glaziovianum e a Stephanopodium engleri, essa última considerada como “provavelmente extinta” entre 1997 e 2009, de acordo com a Lista Vermelha da Flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997). Em 2010, um indivíduo foi redescoberto próximo a Belo Horizonte. Além das citadas também foram feitos registros inéditos das árvores Cariniana legalis (jequitibá-rosa), Virola bicuhyba (bicuíba) e Euterpe edulis (juçara). A presença de árvores saudáveis, e ainda não catalogadas, entre as sub-bacias do ribeirão Ferro-Carvão e Casa Branca, é um indicador importante da biodiversidade presente na região. Até o momento, estão em processo de recuperação ambiental 50 hectares de áreas protegidas no entorno da área impactada, com o plantio de aproximadamente 60 mil mudas de espécies nativas da região. Essa área equivale a 50 campos de futebol.

A Leptolobium glaziovianum e a Stephanopodium engleri, estão na “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”. A primeira ocorre apenas no estado de Minas Gerais e no Distrito Federal, com poucos registros conhecidos em regiões de cerrado. Seu tronco é lenhoso, possui flores brancas com 1,2 mm de comprimento e pétalas levemente diferenciadas. A segunda pode alcançar cerca de 6 metros de altura e é endêmica de Minas Gerais, ou seja, é encontrada apenas em território mineiro e com poucos registros na natureza. Seus frutos possuem elevador teor de umidade servindo de alimento para a fauna. Por outro lado, com a alta umidade, existe grande dificuldade para o armazenamento prolongado de sementes, que não toleram dessecação, assim dificultando seu armazenado e reprodução em viveiros. 

"Estudar a biodiversidade de Brumadinho, identificar novas espécies e preservar a variabilidade genética é essencial para que a recuperação ambiental aconteça da forma mais harmoniosa possível. Além disso, estamos coletando sementes, produzindo mudas e reintroduzindo na região de forma sustentável, colaborando com a conservação destas espécies", destaca o biólogo da Vale, Felipe Peixoto.

Coleta de sementes e propagação

Antes da coleta é necessário realizar estudos e preparar um calendário fenológico, uma espécie de inventário e agenda da floresta, para conhecer a qualidade, quantidade e época do ano em que cada espécie pode ser coletada. Com esse levantamento, a localização de cada árvore é georreferenciada e são feitas anotações sobre seu diâmetro, altura e outras características. Esse processo permite definir quais são as árvores “mães”, de onde se pode extrair sementes e frutos. Para isso, são consideradas características como tamanho da copa, tronco, valor ecológico e quantidade de material disponível. Apenas uma parte dos frutos e sementes são coletadas, grande parte fica como alimento para a fauna, formação do banco de sementes no solo e a continuidade dos processos ecológicos de sucessão florestal.

Após a coleta, em alguns casos, é preciso que seja feita a extração, ou seja, a retirada das sementes dos frutos, que varia de acordo com o tipo da espécie. Depois disso, as sementes são limpas e armazenadas em embalagens especiais, fincando prontas para iniciar o novo ciclo da vida. 

A coleta de sementes nativas da flora brasileira está ligada historicamente à relação de domesticação de plantas pelos povos originários. São marcas culturais do povo brasileiro. Utilizar as sementes de espécies nativas indica que a recuperação das áreas está sendo realizada da forma respeitosa, além de evitar a disseminação de espécies invasoras que podem competir por espaço e prejudicar o ecossistema”, explica o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Sebastião Venâncio Martins.


Fonte: Assessoria de Imprensa da Vale
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