Por Dalila Merij

Com muito orgulho de ser uma mãe que luta pelo seu espaço, quero compartilhar com vocês uma reflexão sobre a maternidade e carreira. Não falarei dos desafios e dos muitos obstáculos que todos insistem em ponderar, apontar e valorizar. Hoje quero falar do quanto a maternidade nos melhora, desenvolve e prepara para o mercado de trabalho. Sim, você entendeu certo. Me sinto uma profissional muito melhor depois de ser mãe. Duas vezes.

Sei que isso parece contraditório, mas a verdade é que nenhuma outra experiência profissional ou pessoal desenvolve, acumula e valoriza mais soft skills que a maternidade. No final das contas, não há muita diferença entre liderar e maternar.

Você não saberá o que é gerenciamento de conflitos até ter que resolver uma disputa de brinquedo entre amigos. Com abraços no final. Você vai exercitar sua oratória e sua capacidade de comunicação diariamente, tendo que contar as mesmas histórias 1000 vezes. Cada nova vez diferente da anterior. Você vai exercitar sua capacidade de liderar quando encorajar seu pequeno a inovar, quando motivá-lo a tentar de novo após a centésima queda, quando estiver ao lado dele mostrando o caminho e quando estiver na primeira fila aplaudindo cada uma de suas conquistas. Vai administrar recursos. Vai virar o MacGyver dos trabalhos manuais. Vai se tornar um az do planejamento. Vai entender que resiliência é pré-requisito. Vai ter mais inteligência emocional que Daniel Golemam. Vai buscar um olhar empático em toda
situação. E o principal: vai dar muito valor ao seu tempo! Hoje percebo o quando usava mal o meu. Como eu era improdutiva. Hoje eu não posso ser.

Aos pais, depois que seu filho nasceu sua rotina mudou? Você considera a divisão de cuidados justa entre você e a mãe (ou outro cuidador) de seu filho? Quando seu filho fica doente, você já se ausentou para estar com ele? Ou é sempre a mãe (ou o outro cuidador) que se desdobra para cumprir esta “função”. Você é líder? Como tem tratado as mães de sua equipe? Tem oferecido a elas os desafios e oportunidades merecidos? Tem dado o mesmo apoio aos pais que trabalham na sua equipe? Ou você acha que só as mães precisam de "conceções"?

A todos os líderes e colegas de mães que seguiram sua carreira, apesar de tantos obstáculos e vieses: não subestimem uma mulher por ser mãe. Não pensem que não queremos desafios. Que não daremos conta. Entendam, para uma pessoa que acalma um bebê chorando (muito alto e muito tempo) sem enlouquecer, paciente e
amorosamente, qualquer problema é fácil de resolver.

E minhas queridas colegas que ouviram a vida toda que ser mãe atrapalha a carreira, te deixa mole ou incapaz: existe uma versão muito melhor de vocês para além do maternar.

Dalila Carpinetti Merij Brandão, mãe do Guilherme Tárek e do Gustavo Aziz