Parceria entre cooperativa e Suzano viabiliza a coleta de sementes nativas em áreas da empresa.
Sementes de espécies nativas da Mata Atlântica viraram fonte de renda para famílias da Cooperativa de Agricultores Indígenas Tupiniquim e Guarani (Coopyguá) de Aracruz (ES). O projeto faz a coleta de sementes que são vendidas para reflorestamento e também usadas em artesanato e na culinária.
São sementes de 60 espécies diferentes, como a mescla, goiaba, urucum, olho-de-cabra, dentre outras. Só em 2022 foram coletados 2.270 quilos de sementes, gerando RS 150 mil em renda para os participantes da cooperativa. Entre o total coletado, 1.200 quilos foram extraídos em áreas de preservação ambiental da Suzano.
Danila Moraes Soares, integrante da aldeia tupiniquim Comboios, afirma que a coleta de sementes é uma atividade ancestral dos indígenas, mantida há gerações, e que agora é reconhecida como fonte de renda e fomentada pela parceria com a Suzano. "Faço a coleta desde criança, aprendi com meus antepassados. Agora, além de ser uma renda extra e nos ajudar economicamente, essa atividade contribui para manter o ciclo de preservação do meio ambiente", afirma.
A iniciativa integra o Programa de Sustentabilidade Tupiniquim-Guarani no Espírito Santo (PSTG), desenvolvido pela Suzano em parceria com as comunidades indígenas de Aracruz. Segundo o consultor de Desenvolvimento da empresa, Gerson Peixoto, o foco do programa é organizar e viabilizar a comercialização formal de produtos oriundos das terras indígenas.
Além da coleta e venda de sementes, são destaque a produção de artesanato e a meliponicultura (criação de abelhas nativas uruçu-amarela sem ferrão, que resulta no mel Tupyguá). Hoje, com mais de 90 cooperados, a Coopyguá comercializa seus produtos na sede da cooperativa e pela internet, por meio da loja virtual (https://tupygua.mysho-pify.com).
Para a presidente da Coopyguá e indígena da aldeia Pau-Brasil, Bárbara Tupinikim, a coleta de sementes garante mais uma forma de agregar sustentabilidade às aldeias, formando um processo contínuo e equilibrado entre o homem e a natureza. "Por meio dessa relação com as espécies florestais do território, a gente consegue ter abundância de sementes, alimento e remédios naturais, e faz com que a gente se sinta um ser querido pela natureza, que tem um papel muito importante no processo de restauração e garantia da nossa subsistência", diz.