Mais de 70 mil animais, a maioria aves, já foram reabilitados e soltos em seu hábitat.
Fundado em 1993, o Centro de Reintrodução de Animais Selvagens (Cereias), que funciona em área cedida pela Fibria no município de Aracruz (ES), acaba de completar 20 anos, comemorados em outubro. O local, que acolhe e reabilita animais apreendidos ou resgatados pelos órgãos de fiscalização ambiental, ou ainda, doados por particulares, já recuperou mais de 70 mil animais, que foram reabilitados e devolvidos à natureza. As aves representam a grande maioria (92%), mas também há mamíferos e répteis.
O Cereias é uma parceria da Fibria e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e sua manutenção conta com a colaboração permanente de 22 empresas doadoras tanto de recursos financeiros quanto de alimentos para os animais. No momento, o Centro também conta com o apoio temporário de outras três empresas, graças a exigências ambientais de licenciamento de suas atividades. Os recursos financeiros são administrados pela Cooperativa dos Trabalhadores Conservacionistas (Conserve).
Com uma estrutura que dispõe de 62 viveiros, o local pode abrigar e readaptar diferentes espécies de aves, mamíferos e répteis, dando-lhes condições de tratamento com espaço físico adequado, atendimento clínico e alimentação apropriados, segundo explicou o biólogo José da Penha Rodrigues, responsável técnico do Cereias. O local pode abrigar até 2.000 animais, sendo que a média mensal de aves, mamíferos e répteis em processo de readaptação gira em torno de 1.200.
Aves como coleiros, trinca-ferros, sabiás, papagaios e canários-da-terra estão entre as principais espécies recebidas no local, mas o Cereias também recebe e reabilita macacos, saguis, cachorros-do-mato, jabutis e jacarés, entre outros. Algumas vezes, os animais chegam muito doentes ou maltratados e nem sempre podem ser reabilitados. Segundo Rodrigues, o índice de óbito entre os animais que chegam ao local é de 23%. Nestes casos, eles são taxidermizados (empalhados) e usados em ações de educação ambiental realizadas no Cereias.
Uma pequena parte dos animais que não pode ser reabilitada devido a lesões diversas é transferida para instituições devidamente regulamentadas e registradas pelo Ibama (zoológicos e criadouros científicos) ou permanece nos viveiros do Setor de Educação Ambiental do Cereias. Atualmente, há no local cerca de 100 animais nesta situação, segundo informou a zootecnista Sandra Giselda Paccagnella, responsável administrativo pelo local.
Combate ao tráfico de animais – O Cereias é um dos raros exemplos no Brasil de centros de readaptação de animais mantidos pela iniciativa privada. Sua existência ajuda o estado a combater o tráfico de animais silvestres. Até então, as pessoas autuadas por manterem animais em cativeiro recebiam autorização legal para continuar com os mesmos como fiéis depositárias, pela inexistência de um local apropriado para recebê-los.
A Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98) não permite mais essa situação e, no caso do Espírito Santo, os animais são levados para o Cereias, para tratamento e reabilitação, sendo reintroduzidos em áreas apropriadas para recebê-los. Quando são provenientes de outras regiões do país, eles são transferidos e reintroduzidos em suas regiões de origem.
Outro aspecto importante é que o Cereias mantém parceria com o Ministério Público do Espírito Santo, que converte algumas multas aplicadas em casos de crimes ambientais em fornecimento de alimentos para os animais mantidos no Centro. Segundo Rodrigues, essa parceria se reverte em centenas de quilos de alimentos.
Educação – Além de ser utilizado em ações de educação ambiental desenvolvidas pela Fibria, o Cereias recebe anualmente a visita de mais de 1.200 estudantes de diversas faixas etárias, além de visitas de particulares. O Centro também é parceiro de algumas instituições de ensino superior, que utilizam o local para o aprendizado prático dos alunos em cursos como Ciências Biológicas, Veterinária, Zootecnia e Técnico de Meio Ambiente.
Colaboradoras – As empresas que contribuem permanentemente para a manutenção do Cereias são: Imetame, Nutripetro, Instituto Júlio Simões, Gafor, Fertilizantes Heringer, D’Flowers, Vix Logística, Emflora, Gramado Paisagismo, Locaservice, Komatsu, CTA Meio Ambiente, Metso, Tecplan, Fortes Engenharia, Garra, Plantar, Interfruit Alimentos, Caliman Agrícola, Seitec, Evonik e Estel. As três colaboradoras temporárias são: Biocev Meio Ambiente; Carta Industrial Produtos de Higiene e Limpeza e Petrobras.
Fonte: Pauta 6 Comunicação