Diretor Carlos Travassos também anunciou no evento que nova geração de plataformas de produção de petróleo terá pegada de carbono 30% menor
O diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, destacou o fato de que a prosperidade econômica da sociedade está diretamente associada à segurança energética e que a mudança nas matrizes energéticas não pode ser conduzida de forma a aumentar os problemas sociais já existentes. O executivo participou da plenária “Segurança Energética, Confiabilidade e Resiliência da cadeia durante a Transição Energética” nesta terça-feira (19/9), do World Petroleum Congress (WPC) 2023, principal fórum de petróleo, gás e energia do mundo, em Calgary, no Canadá.
“Atualmente existem aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo sem acesso à energia para tarefas básicas. A transição energética deve ser conduzida de forma a reduzir as desigualdades econômicas e os problemas sociais, e não a aumentá-las. A indústria de óleo e gás é um elo fundamental para a que a transição energética seja feita de forma justa. Ela deve ser encarada como parte da solução”, sinalizou Travassos.
O petróleo e o gás natural formam atualmente a base da matriz energética mundial, cenário que vai durar pelo menos mais 20 anos, segundo a Agência Internacional de Energia. Nesse contexto, além de seguir buscando novas fontes de energia limpa, a Petrobras acredita que é fundamental investir na redução de emissões na produção e no consumo de petróleo.
“A prioridade é operar a baixos custos e com desempenho superior de emissões, salvaguardando a competitividade de nossos óleos nos mercados mundiais em um cenário de desaceleração e consequente contração da demanda. Em nosso entendimento, as empresas serão mais competitivas no mercado de longo prazo quanto mais puderem produzir a baixos custos e com menores emissões de gases de efeito estufa (GEE), prosperando em cenários de baixos preços do petróleo, precificação de carbono e possíveis práticas de diferenciação do petróleo com base na intensidade das emissões de GEE na produção”, explicou Carlos Travassos.
Travassos lembrou que os petróleos do pré-sal, que representam 78% do volume de petróleo produzido no Brasil, são atualmente um dos petróleos mais descarbonizados do mundo e que a nova geração de plataformas de produção de petróleo, que deve entrar em operação a partir de 2028, terá pegada de carbono 30% menor em relação à geração anterior. O executivo destacou que a Petrobras vem implementando um significativo esforço tecnológico para tornar suas operações mais eficientes e sustentáveis, desenvolvendo tecnologias como o High Pressure Separation (separação em alta pressão) - de forma abreviada, HISEP. A solução permite que o gás que sai do reservatório seja separado e reinjetado a partir de um sistema localizado no leito marítimo, propiciando uma menor emissão de gases de efeito estufa para cada barril de óleo produzido.
Petrobras completa 10 anos realizando medições regulares dos ventos em suas plataformas
Um dos passos necessários para o desenvolvimento de projetos de energia eólica em alto mar é executar um Estudo de Potencial de Energia Eólica Offshore, que requer uma campanha de medição. Travassos comentou que a Petrobras está conduzindo a maior campanha de mapeamento de energia eólica do Brasil. Em 2023 completam 10 anos que a Petrobras vem realizando medições regulares dos ventos em suas plataformas.
Também participaram da plenária Nicke Widyawati , presidente da estatal indonésia Pertamina, Osvaldo Inácio, membro do conselho de administração da estatal angolana Sonangol, e o mediador, Bob McNally, presidente da Rapidan Energy.
Tecnologia e eficiência para descarbonização
Ainda durante a WPC, o Gerente Executivo de Reservatórios da Petrobras, Tiago Homem, participou da sessão estratégica “Impulsionando a Inovação em um mundo neutro em emissões: principais desafios em pesquisa & desenvolvimento”. No evento, Tiago abordou as tecnologias aplicadas pela Petrobras para a descarbonização das suas operações, em especial o Carbon Capture, Utilization and Storage (CCUS).
“A Petrobras atualmente tem o maior projeto de captura e armazenamento de CO2 do mundo. No ano passado, a companhia bateu recorde mundial ao reinjetar 10,6 milhões de toneladas de CO2 nos reservatórios do pré-sal, o equivalente a 25% do total reinjetado pela indústria global em 2022. Esse projeto contribui para a Petrobras viabilizar a produção de petróleo com menor emissão por barril produzido - cerca de 40% menos emissões na produção do que a média mundial. Vamos envidar esforços para adaptar nossos processos e torná-los menos emissores, assim como aumentar nossos investimentos em tecnologias de renováveis. Porém, acreditamos que para uma transição justa e inclusiva, será necessário manter muitos processos onde CCUS desempenhará um papel crucial para conter as emissões”, ressaltou Tiago.
O executivo também abordou a importância da eficiência em um cenário de transição energética. Nesse contexto, lembrou o exemplo do programa revitalização dos campos de Marlim e Voador, na Bacia de Campos (RJ). No projeto, as nove plataformas da Petrobras que operavam no campo estão sendo substituídas por apenas duas, os FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi. Como reflexo do projeto, a companhia prevê reduzir mais 50% as emissões de carbono associadas à produção dos campos.