O presidente da Usiminas, Sergio Leite, foi um dos debatedores do painel “A indústria brasileira do aço: situação atual e perspectivas” no Congresso Aço Brasil 2017, realizado em Brasília, na quarta-feira, 23 de agosto. O executivo apresentou uma série de dados que mostram um retrato atual da siderurgia brasileira e do mercado, que ainda segue em patamares bastante inferiores ao registrado em 2013, antes do agravamento da crise econômica no país.
Segundo Leite, há perspectivas positivas no horizonte, especialmente a partir de 2018, com a retomada da produção de automóveis e máquinas agrícolas já em 2017, por exemplo. Porém, a expectativa é que a retomada econômica seja lenta e alguns setores ainda enfrentem dificuldades – como ônibus, implementos rodoviários e linha branca –, ao mesmo tempo em que crescem as importações de aço. “A produção anual do Brasil hoje corresponde a 14 dias de produção na China e temos visto o crescimento do protecionismo e das barreiras em diversos países, enquanto o Brasil adota políticas liberalizantes. É um cenário desafiador para a siderurgia brasileira e precisamos, cada vez mais, de uma ação que nos permita concorrer em condições isonômicas”, avalia Leite.
Reintegra
O Reintegra – mecanismo de ressarcimento dos resíduos tributários da exportação – foi o tema citado por todos os participantes, importante não só para o segmento do aço como para toda a indústria de transformação. Após um panorama geral, Marco Polo de Mello Lopes destacou que foi encomendado um estudo para apresentar o impacto das mudanças no Reintegra para o setor. Segundo ele, a elevação da alíquota de 2% para 5% ocasionaria na geração de mais empregos e um ganho total para a economia de mais de 170 milhões de reais.
Em sua apresentação sobre a situação atual e as perspectivas para a indústria de aços planos, o presidente da Usiminas e vice-presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Sergio Leite, destacou a importância do Reintegra como ferramenta para a recomposição das condições de isonomia competitiva para a exportação. “A indústria siderúrgica investiu, nos últimos 10 anos, 30 bilhões de dólares no setor de aços planos. Enquanto o mercado interno se recupera, o foco é a exportação”, disse o diretor-presidente da Usiminas e vice-presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Sergio Leite de Andrade.
Planejamento Usiminas
Os alertas seguem ligados, mas essa expectativa de crescimento somada aos aumentos nos preços internacionais observados nas últimas semanas, reflete nos investimentos da companhia. Em abril do próximo ano serão concluídas as obras para a reativação do Alto Forno 1, da Usina de Ipatinga (MG), aumentando em 2 mil toneladas diárias a capacidade de produção de ferro-gusa na unidade e reduzindo a eventual necessidade de compra de placas de terceiros. No total serão destinados R$ 80 milhões para o equipamento, paralisado em 2015 em razão da baixa demanda do mercado.
Na Mineração Usiminas, duas plantas paralisadas também foram retomadas nas últimas semanas, gerando uma expectativa de produção adicional de 700 mil toneladas mensais de minério de ferro até o final de 2017. O volume extra será destinado ao mercado externo, especialmente ao mercado asiático. “Essa retomada de plantas paralisadas é um passo importante para a MUSA. Temos perspectivas positivas, inclusive em novos mercados, considerando a boa qualidade do nosso produto, algo que tem se tornado um diferencial forte. Entretanto, como colocado, o cenário se mantém incerto, com muita volatilidade, o que dificulta uma análise segura em longo prazo”, explica o executivo.
Resultados
A Usiminas chega à edição 2017 do Congresso do Aço com bons resultados na bagagem. No mais recente balanço divulgado, a companhia alcançou um lucro de R$ 175,7 milhões, um aumento de 62% frente aos R$ 108,3 milhões obtidos nos três meses anteriores, e Ebitda de R$ 749,9 milhões, o maior em 28 trimestres.
Segundo o presidente da companhia, Sergio Leite, a Usiminas entra em nova fase a partir dos bons resultados registrados. “Superamos desafios complexos nos últimos anos e estamos trabalhando intensamente para reforçar a Usiminas como protagonista no cenário siderúrgico brasileiro e da América Latina. Já iniciamos as conversas para a elaboração do nosso planejamento estratégico e estamos reforçando pontos fundamentais em nosso DNA como inovação, qualidade e tecnologia”, conta Leite.