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Publicado: 15/09/2017 13:28h

Produção Rural em retomada ao longo do Rio Doce

Produção Rural em retomada ao longo do Rio Doce

O sitio da família de Rafael Arcanjo, produtor de leite na comunidade de Gesteira, em Barra Longa (MG), poderia ser o retrato de terra arrasada, com pastos degradados. Mas não é. O local, impactado pelo rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015, vem se transformando em um cenário de oportunidade e esperança para agricultores que também tiveram as propriedades atingidas pela lama ao longo do Rio Doce.

Nas terras de Rafael começaram a ser testadas, em caráter experimental, soluções tecnológicas que serão apresentadas aos produtores da região impactada para que retomem as atividades agropecuárias. A iniciativa é da Fundação Renova, em parceria o Instituto BioAtlântica (Ibio) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). A ideia é que famílias rurais integrem a produção com a conservação ambiental, gerando benefícios sociais e econômicos.

Entre as soluções estão o manejo racional de pastagens com a melhora da qualidade do alimento para a criação de gado; o uso e conservação do solo com a construção de “barraginhas” nas áreas de pastos (para captação de águas de chuvas) e a instalação de fossas sépticas para o tratamento do esgoto doméstico. As propostas foram apresentadas no 1º encontro de capacitação “Terra Nossa”, que pretende oferecer alterativas para recuperação das 279 propriedades atingidas.

A meta é melhorar a capacidade produtiva do solo, possibilitando o aumento da renda, caso seja o desejo das famílias, conforme explica o líder de Operações Agroflorestais da Fundação Renova, Thomas Lopes Ferreira. “Sabemos que a região tem uma presença expressiva de pequenas propriedades e é interesse da Renova promover diálogo sobre essas tecnologias de manejo racional de pastagens, de saneamento rural e de uso e conservação do solo. Os primeiros resultados são positivos, mas temos que entender como essas tecnologias funcionarão em cada propriedade”, afirmou.

No sitio de Rafael Arcanjo, é possível observar os primeiros resultados alcançados com a recuperação da produção leiteira. Antes do rompimento da barragem, ele tirava 127 litros de leite por dia. Com o impacto da lama na propriedade, esse volume caiu pela metade. Agora, com a implementação do projeto, a produção retornou para cerca de 120 litros/dia. O resultado foi obtido com a garantia da pastagem verde e sustentável para alimentar o gado.

“No começo, quando essas técnicas foram apresentadas, admito que estranhei bastante. Porém, conversando com a minha família, entendemos que do jeito que estava não poderia ficar. Era preciso fazer algo. Então, resolvemos testá-las. Ainda é uma fase de experiência, tem alguns pontos a serem corrigidos e outros ajustes para fazer, mas estou gostando bastante dos resultados”, avalia o produtor.

As propostas surgiram após uma pesquisa da Renova sobre o modo de vida de cada produtor e quais recursos usavam em suas terras na região. Esse plano, que prevê tornar as propriedades sustentáveis, foi elaborado em parceria com a Emater-MG. A próxima etapa é seguir com as discussões com os produtores, em reuniões mensais de capacitação. O plano de recuperação de cada propriedade será traçado individualmente, de acordo com as características de cada uma.

“Estamos iniciando o diálogo com as comunidades atingidas, entendendo que há um conjunto de tecnologias sustentáveis de baixo custo e que podem ter eficácia na recuperação das terras, principalmente, naquelas dedicadas à agricultura familiar. É o início do processo de capacitação que tem que ser feita ouvindo as famílias, aliando com o conteúdo técnico-cientifico das instituições parceiras. A responsabilidade de recuperação das propriedades é da Renova, mas, acreditamos que se construirmos juntos com a sociedade conseguiremos ter mais êxito”, explica Thomas.

Um dos parceiros da Fundação Renova no processo de elaboração de um plano de adequação socioeconômica e ambiental dessas propriedades é a Emater-MG. “Estamos confiantes de que essa experiência dará certo. É um projeto que fortalece o vínculo com os produtores, principalmente, com a troca de experiência entre eles”, explica Jucélia Leite, extensionista da Emater em Barra Longa.


Fonte: Assessoria de Imprensa Fundação Renova
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