Uma empresa média em dificuldades, muito endividada, com problemas para obter novos créditos e pressionada a enfrentar a concorrência para sobreviver, precisa tomar duas atitudes básicas. A primeira é ter coragem de mudar. A segunda, olhar para frente e, nunca, para o passado.
A ferramenta para isso é o Orçamento Base Zero, que reavalia processo por processo, despesa por despesa, custo por custo e até mesmo a atividade principal de uma companhia em detalhes. Aí vem a hora da coragem, de cortar na gordura, mesmo que isso implique fazer mudanças drásticas no quadro de funcionários, tirar itens tradicionais e com nenhuma margem de lucro do catálogo e modificar o modo de trabalhar em cada um dos seus departamentos... Sim, isso é difícil, dá muito trabalho, mas gera resultados expressivos, desde que esteja perfeitamente em linha com a estratégia do negócio. Por falar nisso, a da sua empresa está bem definida? Tem certeza?
Como em tudo na vida, é preciso saber quais são as metas a serem perseguidas em cada fase desse trabalho e estruturar um bom planejamento - e ele tem de ser efetivamente factível. Nada de utopias: essa é a hora de ter os pés no chão e um conta-gotas no bolso para receitas, custos, despesas e investimentos. E tudo isso parte de uma base zero, como o nome já diz, ou seja, não leva em conta o que aconteceu no passado - nada de olhar pelo retrovisor, empresário!
É dessa maneira que o empresário vai enxergar tudo o que é supérfluo e cortá-lo, para que existam recursos para outras áreas que geram lucro e precisam de uma força, um investimento maior. O orçamento base zero aplicado num grande varejista de produtos de informática do Nordeste, a Cecomil, por exemplo, identificou que o papel A4 de uma determinada marca top of mind não permitia lucrar. Mas tirar do catálogo? O cliente já está costumado... Sim, ter coragem de fazer o que é preciso e substituir pelos produtos que trazem receita! Parece lógico, mas como custa, quanta resistência uma atitude tão simples quanto essa tem! É claro que foi feito muito mais, de corte de pessoal à redução do número de lojas e reestruturação geográfica da sede da empresa. Tudo isso resultou num faturamento 40% maior em 2016 do que o de 2015 e custos 20% menores.
É isso que acontece quando todos na empresa conseguem ver claramente os planos, as falhas, os problemas, mas também as metas e os objetivos. A comunicação fica mais, a tomada de decisões também e até mesmo assumir a responsabilidade por elas. Excelente, não é mesmo? Mas dá muito trabalho, toma tempo, exige treinamento, faz os gestores saírem da mesmice - e melhora as receitas...Vale a pena!
Lembre-se de que, quando alguém tem um cofre pequeno, tem de selecionar bem o que vai guardar nele. O orçamento base zero é um cofre em que só cabem despesas e custos essenciais, porque você vai precisar de muito lugar disponível para novas e maiores receitas.