O governo brasileiro vinha negociando condições diferenciadas com o Governo dos Estados Unidos para as exportações brasileiras de aço, devido aos seguintes fatos:
- Há complementariedade do aço brasileiro com a siderurgia americana, tendo em vista que 81% das exportações do Brasil são de produtos semiacabados encaminhados para produtores de aço locais para laminação e acabamento;
- As exportações brasileiras de produtos acabados brasileiros para os EUA representam menos de 1% do consumo aparente de aço americano;
- O Brasil é o maior importador de carvão metalúrgico dos EUA (cerca de US$ 1 bilhão, em 2017);
- Há superávit acumulado da balança comercial dos Estados Unidos com o Brasil, que soma US$ 250 bilhões nos últimos 10 anos.
Na última quinta-feira (26/04), surpreendendo a todos, o Governo dos EUA informou que as condições politicas para a manutenção das negociações tinham mudado e que o Brasil teria que decidir se aceitaria ou não a proposta americana. Esta estabelece cota de exportação de aço brasileiro para os EUA calculada pelo volume médio das exportações realizadas de 2015 a 2017 para produtos semi-acados e acabados. No caso de produtos acabados, há ainda a aplicação de redutor de 30% sobre o volume médio alcançado no período de referência.
O Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, tendo em vista a relevância das exportações brasileiras de aço para os EUA (1/3 do total), não teve outra alternativa senão aceitar a imposição americana. Tal decisão deveu-se, em grande parte, à necessidade do setor manter nível das exportações que evite reduzir ainda mais o nível de utilização da capacidade de produção instalada no Brasil, hoje em 68%, tendo em vista a lenta retomada do mercado interno.
Sobre a seção 232:
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou oficialmente, em 08/03, a decisão de estabelecer alíquota de importação de 25% para o aço. Esta decisão foi tomada no âmbito da Seção 232 sob o argumento de que as importações de aço constituem ameaça à segurança dos EUA.
Esta foi uma medida extrema tomada unilateralmente pelos Estados Unidos para proteger sua indústria siderúrgica e seus trabalhadores diante da ameaça do excesso de capacidade de produção de aço no mundo, da ordem de 700 milhões de toneladas.