A 13ª edição do Seminário Capixaba de Gerenciamento de Projetos, cujo tema central foi “Inovações e Tendências”, foi realizada na última segunda e terça-feira, dias 18 e 19 de setembro, em Vitória, apontando novos caminhos e desafios para a área. O evento, realizado pelo PMI-ES - Instituto de Gerenciamento de Projetos do Espírito Santo, reuniu cerca de 150 profissionais e lideranças que são referências no cenário nacional e internacional de gerenciamento de projetos.
O seminário, voltado para executivos, diretores e gestores de várias organizações, dos segmentos público e privado, aconteceu no auditório da faculdade Estácio de Sá, unidade Jardim Camburi, e teve como objetivo desenvolver e fortalecer competências técnicas e comportamentais ligadas à gestão estratégica, liderança, comunicação e gerenciamento de projetos, além de compartilhar lições aprendidas e resultados de projetos de outras organizações.
Na abertura do evento, o presidente do PMI-ES, Fabio Cretton, destacou a importância de os setores público e privado trabalharem juntos e com sinergia quando o assunto é gerenciamento de projetos. Cretton também apontou uma característica cultural do brasileiro que dificulta o bom desenvolvimento e o sucesso de muitos projetos: o famoso jeitinho brasileiro. “Devemos deixar de lado o jeitinho brasileiro e utilizar o gerenciamento de projetos a nosso favor para entregar projetos de forma efetiva e eficaz”, disse.
Reformas
A palestra de abertura foi proferida pelo senador capixaba Ricardo Ferraço, que abordou as reformas necessárias ao País e a importância do gerenciamento de projetos na gestão de cada uma delas. O senador relembrou o caminho percorrido pelo estado do Espírito Santo até se tornar referência nacional em gerenciamento de projetos no setor público. “Foi necessário uma grande mudança de cultura e formação de equipe. Atualmente, completamos dez anos de gerenciamento de projetos contínuo na estrutura do Estado”, afirmou.
Para o senador, as reformas de um modo geral são inadiáveis, mas a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e a desconfiança popular no governo dificultarão a aprovação da Reforma da Previdência ainda em 2017. Ferraço, contudo, não descarta a aprovação de uma reforma mais enxuta e objetiva, evidenciando a idade mínima para a aposentadoria.
Ainda no primeiro dia de evento, o consultor e pesquisador Américo Pinto falou sobre a metodologia PMO Value Ring, idealizada por ele e empregada atualmente em mais de 65 países. O método é utilizado para criar ou reestruturar escritórios de projetos tendo como base experiências colhidas ao longo de cinco anos com profissionais da área em diversos países.
Inovação
Os participantes também assistiram à palestra do especialista em gerenciamento de projetos e colunista no Blog Stakeholder, Alam Braga, que apresentou um estudo de caso para mostrar como a dobradinha escritórios de projetos e análise de negócios pode promover melhores resultados em inovação. Já o gestor de projetos e ex-presidente do PMI São Paulo, João Gama, fez uma reflexão sobre os caminhos do gerenciamento de projetos para a próxima década, discutindo as possibilidades no ambiente de negócios. O engenheiro Ceciliano Barcellos Netto, com mais de 25 anos de experiência na área de projetos de engenharia em indústrias de diversos ramos, abordou ferramentas eficazes para a área.
O Secretário de Economia e Planejamento do Espírito Santo e Presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Planejamento (Conseplan), Regis Mattos Teixeira, apresentou o tema “Projeto Brasil - Por que o País está falhando”. Ele foi enfático: “Precisamos saber fazer escolhas para o nosso País. Os problemas que temos hoje são resultados dessas escolhas. Se não fizermos a reforma da Previdência, não vamos equilibrar as contas públicas, principalmente, para garantir o direito de aposentadoria. Não podemos mais ter leis da década de 1940”.
Escalada
A disparada do dólar e a desistência de guias foram alguns dos fatores para que, no início, a escalada ao Monte Everest não desse certo para o ex-gerente de planejamento e montanhista Cristiano Müller. Ele fez quatro expedições, subindo montanhas de países como Rússia, França e Tanzânia para chegar à montanha mais alta do mundo. A experiência foi contada durante o 13º Seminário Capixaba de Gerenciamento de Projetos.
Sua jornada durou 74 dias e, para realizar tal feito, Cristiano Müller se especializou em vários cursos na área, preparando-se por meio de maratonas. Decidiu criar o projeto “No Topo do Mundo” e pretende, em 2018, lançar um livro e um documentário para mostrar como é um ambiente de alta montanha. Além disso, o projeto ajudou uma instituição que cuida de doenças mentais em Pelotas (RS). O montanhista fez uma aposta com o líder da expedição: se chegasse ao cume compraria por 12 dólares o boné dele. Saiu de sua empresa e fundou a “No Topo do Mundo - Expedição e Consultoria”, que faz palestras e orienta guias turísticos.
Futuro
O Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, em sua palestra intitulada “O futuro do setor de óleo, gás e biocombustíveis no Brasil” afirmou que os investimentos em produção, exploração e suporte operacional no setor de Petróleo e Gás no Brasil devem chegar a R$ 1.200 trilhão até 2030. A expectativa é de que o Espírito Santo receba cerca de 10% do valor desses investimentos.
Na sequência, o secretário estadual de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo, contextualizou o desenvolvimento atual do Espírito Santo, as perspectivas para o futuro e as estratégias para atração de investimentos. Segundo ele, até 2021, o Estado vai receber investimentos de R$ 52,5 bilhões, que vão gerar cerca de 20 mil empregos. A indústria é o segmento com maior volume de negócios: R$ 50,7 bilhões - o equivalente a 409 projetos dos 536 propostos e 96,6% do total da carteira de investimentos do Estado.
Estratégias
Ex-presidente do PMI-ES, o especialista Marcus Gregório abordou a temática “Lean Communication - práticas para aprimorar a comunicação em projetos”, mostrando como os processos de comunicação no ambiente de projetos são determinantes para a obtenção de melhores resultados.
Já André Arrivabene, especialista em gerenciamento de projetos e programas, mostrou como traçar as estratégias corretas para o sucesso ou o fracasso de um projeto. “A pergunta que queremos responder não é ‘nossos projetos estão alinhados à estratégia organizacional?’, a pergunta para a qual buscamos resposta é: “nossa estratégia está errada?”, argumentou ele, que é certificado em Gestão de Estratégia Empresarial pela Harvard University.
A programação da 13ª edição do Seminário Capixaba de Gerenciamento de Projetos ainda contou com a palestra da representante do PMI EUA no Brasil, a Chapter Partner Hellen Almeida, que falou sobre o tema “Você está pronto para ser um Líder de Projetos?”. A palestra destacou a visão estratégica do PMI - instituição internacional que reúne profissionais de projetos em todo o mundo, e as habilidades consideradas para um líder de projetos, como adaptabilidade, liderança, criatividade, inovação e inteligência emocional.
O encerramento do evento foi feito com a palestra “Dez dicas para se destacar no mundo corporativo”, com o consultor de carreiras e mercado Alberto Roitman. De forma prática e aplicável, ele apresentou temas relacionados ao mundo do trabalho. “O importante não é a pessoa pensar fora da caixa. O certo é jogar a caixa fora”, afirmou, mostrando a necessidade de se buscar destacar no mundo corporativo.