Os acionistas controladores da Vale iniciaram tratativas com detentores de ações preferenciais da companhia para negociar a relação de troca proposta para a conversão desse tipo de papéis classe A em ordinárias que foi prevista no novo acordo de acionistas, anunciado em fevereiro. A intenção é buscar um consenso sobre a proporção de troca, mas com o intuito de manter a proposta inicial para conversão dos papéis na relação de 0,9342 ON por 1 ação PNA, apurou o Valor.
Dono de mais de 18% das ações preferenciais da mineradora, o fundo de investimentos Capital Group questiona a relação de troca proposta no acordo anunciado em fevereiro pelo grupo de acionistas controladores - Litel (fundos de pensão liderados pela Previ), Bradesco, Mitsui e BNDES Participações.
Por ser um investidor estrangeiro com participação relevante, o Capital Group estaria buscando uma posição mais equitativa, afirmou uma fonte com conhecimento do assunto. Entretanto, observou, trata-se de um processo negocial normal.
Considerando o cenário de adesão de 100% à oferta de conversão voluntária, Capital Research Global e Capital Group - que representam a fatia total do fundo - ficariam com 4,0% e 3,6% do capital da Vale, respectivamente, na nova configuração societária.
Pelo novo acordo, caso se concretize conforme a proposta apresentada, os controladores ficariam com 36,7% do capital da Vale. O bloco de controle seria formado por 20% das ações.
Para que o novo acordo seja aprovado em assembleia de acionistas são necessários os votos de 54% dos detentores das ações PN. A reestruturação societária da mineradora visa pulverizar o controle da empresa e listá-la no Novo Mercado, segmento máximo de governança corporativa da BM&FBovespa. A conversão voluntária de ações será votada em uma assembleia geral de acionistas em junho, a qual será convocada no início de maio.
Na visão de acionistas e da companhia, o entendimento é que o desenho da proposta apresentada respeita e atende todos os investidores. Os que estão no bloco de controle (30% das ON), mais 30% de ordinaristas fora do acordo e os 40% que formam o bloco de papéis preferenciais.
Uma relação de troca de uma ação PN por uma ação ON é considerada injusta para os ordinaristas fora do bloco de controle.
Pelos termos do acordo, a Valepar - que reúne Litel Participações, Litela Participações, Bradespar, Mitsui e BNDESPar) - será incorporada pela Vale, com relação de substituição que contempla um prêmio de 10% no número de papéis detidos pelos acionistas na holding. A operação representará diluição de 3% da parcela dos demais acionistas no capital da Vale.
O Capital Group é especializado em mercados emergentes, com mais de US$ 5 bilhões investidos. O fundo diz buscar posições minoritárias influentes com direitos de gestão. "Trabalhamos com uma parceria próxima e de longo prazo com a gestão das companhias para o negócio crescer e prover uma perspectiva global única nos desafios que enfrentam", diz em seu site. Procurado, o fundo disse que não comenta sobre suas participações.
A Vale não respondeu aos pedidos de comentários, bem como representantes dos acionistas controladores da companhia.