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Publicado: 24/11/2017 01:00h

60 Anos da Indústria das Feiras de Negócios no Brasil

60 Anos da Indústria das Feiras de Negócios no Brasil

2018. Ano de comemoração dos 60 anos de lançamento da primeira feira de negócios no Brasil - a Feira Nacional da Indústria Têxtil (FENIT), idealizada por Caio de Alcantara Machado e que ocorreu no Pavilhão Internacional do Parque do Ibirapuera, São Paulo, em 1958

Caio de Alcantara criou as feiras

Grande visionário, Caio é o pai das feiras industriais do País. Em viagem aos Estados Unidos, conheceu esse modelo de negócio diferenciado, que se encaixava perfeitamente nos objetivos da economia nacional da época: de promover a indústria local. 

Era um especialista em relacionamento empresarial. Sua rede de contatos (networking) era de fazer inveja aos tops 10 do LinkedIn dos tempos atuais - tinha conexão direta com o Presidente da República, políticos influentes e com os principais donos de indústrias e veículos de comunicação do Brasil.

Formado em direito, Caio, fundador da Alcantara Machado Feiras de Negócios, foi um competente publicitário, mas, também, um extraordinário empreendedor e relações públicas do setor de feiras.

Evaristo Nascimento expandiu o mercado

Na história do desenvolvimento da indústria brasileira das feiras há inúmeros profissionais de destaque, que merecem foco devido aos esforços e mudanças que incorporaram ao segmento.

Entre eles,Evaristo Nascimento. Um exímio estrategista de mercado, que pode ser considerado o pai da segmentação das feiras de negócios no Brasil. Sua chegada à Alcantara Machado, no começo dos anos 70, impulsionou ainda mais o segmento. Com Evaristo, a indústria de feiras prosperou.

Contando com a parceria das entidades setoriais, criou novos produtos direcionados aos mais diferentes segmentos econômicos. Logo em seguida, promoveu o boom da segmentação dos eventos - anos 80, 90 e começo de 2000, com a criação de feiras como a Brasilplast (segmento do plástico/1987), Automec (segmento de autopeças/1993), EletronicAmericas (segmento eletroeletrônico/2001), entre inúmeras outras.

Nos tempos áureos, a Alcantara Machado ostentava um portfólio comcerca de 60 feiras nacionais e internacionais. Além de Evaristo, outrosdiretores integravam a competente e competitiva equipe comercial da empresa. 

Multinacionais impulsionam setor

Com a chegada da Reed Exhibitions, principal marca global do segmento, ao Brasil e, logo em seguida em 2007,após sua parceria (depois aquisição) com aAlcantara Machado, maior organizadora e promotora da América Latina, o setor brasileiro de feiras deu um salto em modernização e profissionalização -modernas e eficientes ferramentas tecnológicas, de gestão e de marketing foram introduzidas no segmento.

E não demorou muito para que o Brasil se tornasse um dos mais atrativos polos globais de feiras de negócios, despertando a atenção e o investimento de outras marcas internacionais do ramo.

Atualmente, o setor é dominado pelas promotoras estrangeiras, principalmente pelas inglesas - Reed Exhibitions, Informa Exhibitions, UBM e Clarion; além de contar com a participação de inúmeras outrasde diferentes portes e nacionalidades.

Mulheres no comando

Para não deixar de mencionar a participação das mulheres no crescimento desse setor altamente competitivo e de domínio masculino, abro espaço para homenagear a primeira profissional a ocupar cargo de diretoria nesse ramo - Vivi Haydu, diretora das extintas Fenit/Fenatec.

Outras mulheres que não podem ser esquecidas são as que ergueram, literalmente, os grandes eventos. As profissionais do chamado chão de fábrica, no caso do setor de feiras, chão de pavilhão. Elas comandavam “batalhões” de operadores masculinos na montagem dos eventos.

Nesses 60 anos de surgimento das feiras no Brasil, merece destaque o trabalho de Amália Marques, Alcantara Machado (depois Reed Exhibitions) no Pavilhão do Anhembi; Carla Nawoe, Grupo Couromada no Pavilhão do Center Norte; e Silvia Marina Del Col, Agrocentro, no antigo Centro de Exposições Imigrantes.

Essas profissionais “comeram muita poeira” por mais de vinte anos para ajudar a construir este grande setor, hoje, da economia do País. Ao mesmo tempo, ao lado de Vivi Haydu, abriram caminho para outros talentos femininos da atualidade nesse ramo - Waleska Santos, fundadora da Feira Hospitalar; Liliane Bortoluci, diretora da Informa Exhibitions; Vilma Barros, da Abimaq; Márcia Gonçalves, da UBM Brazil; Myrian Vallone, da 2 Pro Comunicação; Eliane Bastos, Feiras Industriais; Maria Antonia S. Ferreira, das feiras MercoAgro E ExpoMeat; Marilda Meleti, da Agrishow; Anne Matthey, Consultora de eventos; entre outras.

O presente e o futuro das feiras

No momento, o Brasil possui um dos principais e mais diversificados mercados de feiras de negócios do mundo. Estima-se que são realizados no país em torno de 2 mil exposições por ano. Só como exemplo, em São Paulo, principal praça brasileira desse tipo de evento, o segmento movimenta acima dos R$ 15 bilhões/ano.

O setor de feiras, com suas devidas adequações, atravessou bem o momento de crise econômica do País. Isso porque feiras continuam sendo uma ótima ferramenta de marketing (mídia presencial) para as empresas em momentos de crise.

Entretanto, após ter resolvido o problema de falta de infraestrutura dos pavilhões, principalmente em São Paulo - com a construção do São Paulo Expo que incentivou a modernização dos concorrentes - o setor ainda convive com dois entraves que dificultam a adesão de um maior número de expositores e visitantes nas feiras: o alto preço dos serviços nos pavilhões, tanto para os expositores quanto para os visitantes, e a falta de logística de acesso rápido a eles.

Também falta por parte das organizadoras e promotoras, ao lado das entidades do setor, um trabalho institucional conjunto para promover a mídia feira de negócios, principalmente junto aos públicos das gerações Y e Z, que no momento ocupam (ou irão ocupar) cargos estratégicos nas empresas e vêm substituindo as feiras por modernas formas de divulgação da era digital.

No momento, alguns aspectos mercadológicos das feiras de negócios no Brasil apontam para uma diminuição de tamanho dos eventos; do número de expositores e visitantes; e, por consequência, a associação de uma feira a outra (“dessegmentação”), em muitos casos para conseguirem sobreviver à conjuntura atual. Isso nos grandes centros.

Porém há um movimento inusitado no interior do Brasil, principalmente nas cidades de médios portes e com uma representatividade industrial ou de serviços: o surgimento de pequenas e médias feiras, que atendem às necessidades dos públicos – expositores e visitantes - da região. Esses eventos, que contam com o apoio de sindicatos e entidades locais, ganham força e têm sobrevivido bem à atual realidade de mercado.

Nesses 60 anos de comemoração do surgimento das feiras de negócios no Brasil, o setor pode estar trilhando um novo caminho, o de construção de dois brasis - o das feiras dos grandes centros e o das feiras do interior. Os públicos expositores e visitantes, baseado no calendário de ofertas dos produtos, decidirão qual rumo seguir.


Fonte: Ivaldo Gonçalves Especialista e estrategista em marketing de feiras e eventos de negócios
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