Há quatro anos, quando as operações canadenses da Vale em Ontário começaram a usar biossólidos desidratados (fezes, em linguagem mais direta) para recuperar um lago de rejeitos, não se tinha certeza se a prática daria certo no local. “Rejeitos são diferentes. Temos resíduos ácidos e ricos em enxofre. Nossas condições são diferentes de outras minas e queríamos testar se conseguíamos fazer isso aqui", explica Glen Watson, o responsável pelo projeto.
De fato, a Vale conseguiu. Em abril desse ano, a Associação de Água e Meio Ambiente de Ontário premiou a Vale, junto com sua parceira e fornecedora Terratec Environmental, pelo seu empenho no gerenciamento de biossólidos. Os resultados foram impressionantes: depois de misturado com uma fonte orgânica, como resíduos de quintais e folhas, e adubado por alguns meses, os odores diminuem e as fezes se assemelham ao solo, sendo então espalhadas pela superfície do tanque de rejeitos e cobertas por palha para controlar a poeira e os odores.
"Esse material é um grande teste e realmente funciona. Em quatro anos, estamos vendo uma formação de solo que levaria de 20 a 30 anos se usássemos outros métodos de recuperação. Até as sementes criaram raízes e floresceram”, aponta Watson.
Você sabia?
Quarenta anos atrás, a Vale era pioneira em uma outra ação de recuperação. O projeto era responsável por elevar os níveis de pH dos resíduos ácidos com cal, fertilizando e plantando sementes. Embora tenha sido um sucesso, na época o processo custou caro e exigiu muito tempo e trabalho. O projeto atual, no entanto, aproveita um material rico em nutriente, que seria levado para um aterro, e recupera os rejeitos de forma sustentável e eficiente.