A Samarco inicia um projeto inédito no Estado: a criação de peixes em tanques-rede no mar. O projeto “Cação sem Dente” prevê a produção experimental do beijupirá e da garoupa , duas espécies nativas do mar capixaba, utilizando uma tecnologia a ser adaptada para a região. A iniciativa é realizada em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), o Instituto Peroá, o Incaper e a Associação de Pescadores de Meaípe. O projeto está em sua primeira etapa, que é o desenvolvimento da tecnologia ambiental e social, visando no futuro ser uma fonte alternativa de renda para a comunidade pesqueira, além de contribuir para ações de conservação ambiental.
Atualmente, no Brasil, existem poucas iniciativas de criadores de peixes marinhos em gaiolas, todos pertencentes à iniciativa privada e com foco comercial. O projeto “Cação sem Dente” vai trazer para o Espírito Santo um método já existente e, durante um período de aproximadamente um ano de pesquisas e monitoramento do cultivo desses peixes, pretende adaptar a tecnologia para o uso no litoral sul capixaba. Quando concluído, se a avaliação e o resultado indicarem a viabilidade social e ambiental, o modelo de criação em gaiolas poderá ser utilizado por pescadores artesanais locais. Para atuar no desenvolvimento científico dos trabalhos, foi selecionada uma equipe de pesquisadores e bolsistas do Ifes/Piúma para o projeto, que já está licenciado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Guarapari.
Como funciona o projeto?
As duas gaiolas flutuantes, com 7 metros de diâmetro cada, onde serão criados os peixes, foram montadas neste mês de maio na praia de Meaípe. Na primeira etapa, os alevinos, filhotes das duas espécies (beijupirá – ou “cação sem dente” - e garoupa ), serão trazidos de um laboratório especializado em reprodução de peixes do litoral de São Paulo para os tanques do laboratório do Ifes de Piúma. Lá, serão cuidados até atingirem o tamanho e o peso adequado para a colocação nas gaiolas de piscicultura instaladas no mar. No segundo momento, com a participação dos pescadores locais, esses filhotes serão transferidos, de barco, para os dois tanques de cultivo marinho, onde permanecerão até atingirem o peso ideal para a pesca, (uma média de 3,0 kg por peixe). Durante esse período, eles serão alimentados com ração específica e o cultivo será monitorado pela equipe técnica do projeto, avaliando todas as etapas da produção. A proposta é que, em 12 meses, a produção alcance 3 toneladas de peixes. A última etapa do projeto inclui a validação da tecnologia para o cultivo dos peixes, criada especificamente para a região. A partir daí, será realizado um trabalho de capacitação, envolvendo a comunidade de pescadores de Meaípe, visando estruturar a gestão e a operacionalização do cultivo dessas espécies em tanques marinhos no local.
Vale destacar que a participação dos pescadores foi marcante desde o início do projeto, que foi batizado pelo pescador Kincas. Ele explicou que, conforme o costume local: falar o nome correto do peixe Beijupirá traz má sorte para a pescaria. Se o peixe escuta, não morde o anzol. Para evitar o problema, o correto, como dizem os locais, é chamá-lo de “cação sem dente”.
Outros importantes parceiros da Samarco, nesse projeto experimental, são: Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto de Pesca de São Paulo, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FACTO) e Secretarias Municipais de Agricultura e Pesca e de Meio Ambiente de Guarapari. Iniciativas semelhantes, capazes de fomentar atividades sustentáveis, também são destaque no Relatório Anual de Sustentabilidade da Samarco, publicado, recentemente, no site www.samarco.com.