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Publicado: 27/03/2018 11:37h

Participação e consciência hídrica pautam debates no Fórum Mundial da Água

Participação e consciência hídrica pautam debates no Fórum Mundial da Água

O envolvimento da sociedade, de forma colaborativa, em ações direcionadas à qualidade dos recursos hídricos foi destaque no painel “Monitoramento social da água”, parte da programação de quinta-feira (22) do 8º Fórum Mundial da Água (FMA). Com a coordenação de Sandra Akemi Shimada, procuradora-regional da República, representantes de Portugal, Colômbia, Brasil, Holanda e Índia realizaram um bate-papo sobre a importância do chamado monitoramento participativo.

Dois palestrantes apresentaram exemplos de aplicativos que ajudam a integrar pessoas ao processo de monitoramento e compartilhamento de informações sobre a água. O brasileiro Gerson Barbosa, promotor de Justiça em Cuiabá, foi um deles. Ele compartilhou com o público do FMA uma solução para smartphones, chamada “Água para o Futuro”, que auxilia a população a identificar nascentes, reportar a situação delas e visualizar sua qualidade. Já o colombiano Carlos Diaz, da ONG holandesa AKVO, mostrou o exemplo da “akvoflow”, que pode ser usado por qualquer pessoa na coleta de dados sobre qualidade da água, com um passo-a-passo de fácil compreensão.

Para além do mundo da tecnologia, Lia Vasconcelos, pesquisadora da Universidade Nova de Lisboa, de  Portugal, compartilhou sua experiência em processos colaborativos na região do Rio Tejo. “O elemento central para garantir o envolvimento das pessoas e a continuidade dos projetos é a construção colaborativa, desde o planejamento do projeto até a fase de implementação”, destacou.

Os saberes tradicionais também foram mencionados no bate-papo, como fonte de inspiração para o processo de monitoramento participativo da água O indiano Eklavya Prasad, da Associação Megh Pyne Abhiyan, responsável por projetos de abastecimento de água e saneamento na Índia, contou sobre como eles incorporaram a experiência das comunidades ribeirinhas do país para enriquecer o projeto.

Por fim, Malu Ribeiro, especialista em recursos hídricos do projeto SOS Mata Atlântica, falou sobre a necessidade de se atentar para os aspectos imateriais da água – como o valor cultural e espiritual desse recurso em comunidades rurais e indígenas –  ao longo do processo de monitoramento participativo. “Entender e respeitar essa relação com a água por parte das comunidades ribeirinhas é essencial”, enfatizou.

Do patrimônio hídrico à consciência hídrica

Muito se fala do uso da água para consumo humano, agricultura, mineração. Mas será que a água serve somente para esses fins? Quais são as outras relações do homem com a água? Foi esse o assunto tratado no painel “Do patrimônio hídrico à consciência hídrica”, realizado sob a moderação de David Groenfeldt, do Water Culture Institute, com participação de representantes da Índia, França, Canadá e Brasil.

Marco Aurélio Bilibio Carvalho, da Sociedade Internacional de Ecopsicologia, abriu o debate ampliando o conceito do uso e significado da água, ao abordar “o lado espiritual” e como povos lidam com esse recurso, conforme sua cultura e tradições, em um plano além do material. Deu como exemplo a relação sentimental de povos indígenas com a água, como parte uma identidade cultural única. essa prática, atribui-se o termo ecopsicologia, ciência que busca retomar a conexão do homem com a natureza e com seu ambiente em uma sociedade cada vez mais tecnológica e industrial.

Darlene Sanderson, da Indigenous World Forum on Water and Peace, contou sobre a experiência de comunidades indígenas do Canadá, que redigiram suas próprias diretrizes referentes ao uso ético da água, levando em consideração o uso de recursos hídricos com responsabilidade. Em conjunto com cientistas, essas diretrizes foram organizadas para circulação em toda a comunidade.

Já Sonia Guajajara, indígena que coordena a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, falou sobre a importância dos povos tradicionais na preservação das águas. “Quando lutamos pelo território indígena, estamos lutando pelas nascentes e mananciais de água. Quando fazemos essa luta por demarcação das terras indígenas, estamos garantindo a água que chega a São Paulo, Brasília, a todas as capitais”.


Fonte: Fundação Renova
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