A Fundação Renova busca priorizar em suas ações a contratação de mão de obra e serviços locais nos municípios impactados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Os trabalhos de reparação, que devem movimentar R$ 4,6 bilhões em Minas Gerais até 2020, requerem empresas locais preparadas para atender essa demanda de produtos e serviços.
A premissa é utilizar 70% da mão de obra da própria região, além de destinar 50% do valor investido em contratações de empresas locais. Para garantir essa meta, a Fundação vai oferecer um
Ciclo de Palestras para empreendedores. Em Minas Gerais, os municípios de Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Mariana, Governador Valadares e Aimorés recebem os eventos.
Os encontros são abertos, gratuitos e têm o objetivo de preparar as micro e pequenas empresas ou pessoas que tenham interesse em novos negócios para atenderem os requisitos exigidos, como os de saúde, segurança, suprimentos, ações de transparência e planejamento financeiro.
Essa iniciativa será realizada em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o Sistema Nacional de Emprego (Sine), as Câmaras de Dirigentes Lojistas locais (CDLs) e as associações comerciais. Essas entidades estarão nos eventos como consultores para esclarecer dúvidas e facilitar a estruturação dessas pequenas empresas.
Nos eventos também haverá cadastramento das empresas. “A ideia é formar um banco de fornecedores locais para os processos de compras e contratações da Fundação. Essas medidas têm o objetivo de garantir que os recursos investidos fiquem nas cidades impactadas e sejam revertidos em desenvolvimento econômico”, ressalta o líder das ações de Estímulo à Contratação Local da Fundação Renova, Paulo Rocha.
No primeiro ciclo, em abril deste ano, consultores percorreram 10 localidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, prestando informações sobre gestão empresarial para micro e pequenos empreendedores.
EMPREGO
A Fundação Renova realizou um mapeamento ao longo da bacia do Rio Doce, que traçou o perfil, as vocações e as potencialidades econômicas de cada cidade, de Mariana (MG) a Regência (ES). A previsão inicial é de que sejam geradas pelo menos 3,8 mil vagas empregos diretos e indiretos na região de Bento Rodrigues a Santa Cruz do Escalvado, até 2020.
Considerando as contratações diretas e indiretas para as ações de reparação e, também, a rede de fornecedores, esse número deve chegar a 9 mil vagas nessa região. Os investimentos serão em ações de reassentamento, recuperação de nascentes, manejo de rejeitos, reflorestamento e tratamento de água e esgoto.
Esse trabalho abre espaço para novos negócios.
O mapeamento indica que setores como construção civil, meio ambiente e reflorestamento, agronegócio, comércio e serviço têm forte potencial de desenvolvimento. Para capacitar a mão de obra, a Fundação Renova firmou parceria com o Senai para fornecer cursos de capacitação gratuitos. Na região de Mariana, por exemplo, esse trabalho de parceria já foi iniciado.
MAPEAMENTO
A Fundação Renova realizou um mapeamento ao longo da bacia do Rio Doce sobre economia local e geração de emprego e renda. O estudo dividiu a área impactada, de Minas Gerais ao Espírito Santo, em três regiões, definidas pela similaridade de perfil econômico:
• Região 1: Mariana, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce
• Região 2: Ipatinga, Belo Oriente, Governador Valadares, Naque, Tumiritinga, Resplendor, Aimorés, Conselheiro Pena e outras cidades próximas
• Região 3: Espírito Santo (Baixo Guandu, Marilândia, Colatina e Linhares);
Também foram identificados negócios em potencial nos próximos anos:
• Construção civil: construção predial, terraplanagem, infraestrutura, redes de água e esgoto, engenharia de projetos
• Metalmecânico: fabricação de estruturas metálicas, caldeiraria, fabricação de tanques, silos e tubos, retífica de motores e manutenção de veículos
• Meio ambiente e reflorestamento: serviços de gestão e controle ambiental, reflorestamento, reciclagem
• Agronegócio: produção de alimentos (fruticultura, hortaliças), pecuária (corte e leite)
• Comércio: material de informática, papelaria, peças para automóveis, pneus, farmácia, material de escritório, material de construção, adubos, mudas e cercamentos, uniformes e EPI’s
• Serviço: hotelaria, refeições, qualificação profissional, serviços ambientais (monitoramento transporte de resíduos, paisagismo e jardinagem), saúde, gráfica, manutenção automotiva, manutenção de máquinas pesadas e transporte rodoviário
• Turismo: turismo de negócios, turismo de lazer e turismo ecológico.