A técnica, uma parceria com a UFV, evita a descida dos rejeitos às águas do rio Gualaxo do Norte, subafluente do Doce
O plantio de espécies nativas à margem do rio Gualaxo do Norte, subafluente do Doce atingido pelos rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana (MG), apresentou taxa de sobrevivência de 95% nos primeiros 23 hectares plantados próximo à Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Bicas, no distrito de Camargos, o que indica um baixo índice de mortalidade das mudas. A técnica evita erosão na margem do rio, o que dificulta a descida dos rejeitos à água e minimiza a turbidez, além de ter função paisagística e estrutural. Também contribui para o retorno da biodiversidade.
A medida de reflorestamento ambiental, que prevê o desenvolvimento do projeto de orientação técnica, científica e o monitoramento das ações de restauração florestal entre Fundão e a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, em Rio Doce, teve início em fevereiro de 2018, com orientação técnica de Sebastião Venâncio, professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A meta é plantar, em uma área de 41,5 hectares, 41 mil mudas.
Para garantir um bom crescimento das plantas, a Fundação Renova tem utilizado tecnologia de ponta na renaturalização da área impactada. “Uma delas é o uso do hidrogel, um tipo de polímero que misturado a água transforma-se em gel. O gel diminui as perdas de água e nutrientes, pois aumenta a capacidade de armazenamento de água pelo solo. A água e os nutrientes ficam mais tempo à disposição das raízes”, explica Venâncio.
A área que serve de piloto para os trabalhos de manejo de rejeito é denominada “trecho 8”. As ações da Fundação Renova, previstas neste plano, incluem o enriquecimento da vegetação com espécies nativas nas margens e planícies, conforme previsto no documento entregue à Câmara Técnica de Gestão de Rejeitos e Segurança Ambiental dos órgãos ambientais.
As soluções para os rejeitos que se espalharam pelos principais rios e seus afluentes foram contempladas no Plano de Manejo de Rejeito, aprovado em junho de 2017 pelos órgãos ambientais competentes e que dividiu a região impactada em 17 trechos.
Etapas seguintes
As soluções propostas pela Fundação Renova para os trechos que vão da barragem de Fundão até os limites da área da Samarco e para os trechos no rio Gualaxo do Norte (proximidades com a foz do córrego Santarém) foram entregues à Câmara Técnica em março. Até o momento, já foram concluídas as propostas para os trechos 1 a 8, exceto para o trecho de Bento Rodrigues.
Os trechos 1 ao 4 correspondem à região da Barragem de Fundão até os limites da área da Samarco. Nesses trechos já foram implantadas soluções de manejo em caráter emergencial, que foram importantes para a contenção de rejeitos e redução dos níveis de turbidez para os rios afetados. De forma complementar às estruturas de contenção, estão previstos trabalhos de plantio visando o enriquecimento da vegetação com espécies nativas. As propostas complementares de manejo estão aguardando a validação dos órgãos ambientais.
Nos trechos 6 e 7, localizados no rio Gualaxo do Norte, a Fundação Renova obteve a aprovação dos órgãos ambientais para proceder com o enriquecimento da vegetação com espécies nativas nas margens.
Manejo dos rejeitos
Fazer manejo do rejeito não significa necessariamente retirar o material de onde ele está armazenado. A solução será definida caso a caso e será considerada a opção de não remoção, se essa for a melhor alternativa, tendo em vista os impactos ambientais resultantes da movimentação do rejeito. A decisão final para cada trecho tem como princípio as soluções com menor impacto ao meio ambiente e à sociedade.
Importante esclarecer que o rejeito não é tóxico. Composto por ferro, manganês e alumínio, ele é resultado da lavagem de rochas do próprio solo. O sedimento, resultante da mistura de rejeito e sedimento natural, foi caracterizado, pela norma de resíduos, como não perigoso em todas as amostras.
Sobre a Fundação Renova
A Fundação é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, constituída com o exclusivo propósito de gerir e executar, com autonomia técnica, administrativa e financeira, os programas e ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental para recuperar, remediar e reparar os impactos gerados a partir do rompimento da Barragem de Fundão, com transparência, legitimidade e senso de urgência.
A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas Vale e BHP, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.