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Publicado: 20/07/2023 15:21h

Relógio do Clima chega ao Brasil no Dia da Emergência Climática

Relógio do Clima chega ao Brasil no Dia da Emergência Climática

Eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes em todo o mundo, levantando a questão: quanto tempo ainda temos para evitar os piores cenários da mudança do clima? Para responder essa pergunta, um grupo internacional de cientistas e ativistas criou o Relógio do Clima, ou Climate Clock, que marca o prazo que nos resta para manter o aumento médio da temperatura terrestre em níveis minimamente seguros para a humanidade. Esse relógio chega ao Brasil neste sábado, 22 de julho - Dia da Emergência Climática.

O Relógio do Clima será projetado no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, entre 17h e 21h, e colocará o Brasil no mapa de eventos realizados nos cinco continentes para chamar a atenção para o prazo que resta para nos manter a salvo de cenários climáticos catastróficos.O Climate Clock é conhecido por seu relógio digital de 24 metros na Union Square de Nova York, bem como outros relógios de grande escala localizados em Londres, Roma, Seul, Tóquio e Pequim. Há também relógios portáteis de “ação”, que estão nas mãos de líderes climáticos em todo o mundo, de Greta Thunberg ao primeiro-ministro das Bahamas, Phillip Davis. No Brasil, a líder indígena Txai Suruí e a especialista Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, responsável pela ação do Climate Clock no Brasil, foram presenteadas com exemplares.

A projeção no Cristo Redentor trará uma novidade: será a primeira vez que o Relógio do Clima marcará menos de seis anos. Neste sábado, ele passará de 6 anos 0 dias 00:00:00 para 5 anos 364 dias 23:59:59. O prazo mostra quanto tempo temos até que o chamado “orçamento de carbono” se esgote, considerando a quantidade de carbono que continuamos a emitir globalmente. O relógio continuará a regredir até chegar a zero, momento em que todo o orçamento de carbono estará esgotado e a probabilidade de impactos climáticos globais devastadores será muito alta. Se as taxas de emissões globais continuarem a aumentar, nosso orçamento de carbono se esgotará ainda mais rápido. Por outro lado, se reduzirmos a taxa de emissões globais de carbono, o tempo no relógio teoricamente começaria a aumentar.

“Devemos tomar medidas para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa para zero o mais rápido possível. O tempo está literalmente encurtando por conta das emissões crescentes, enquanto os impactos climáticos estão cada vez mais fortes”, diz Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. “Contar menos de 6 anos para cortarmos as emissões de carbono pela metade dá a dimensão da urgência com que temos que agir. É a nossa geração, de todos os que estão vivos, que tem que resolver esse problema, aqui e agora. Não há tempo a perder com promessas vagas e falsas soluções", ressalta.

O relógio climático será projetado nos braços do Redentor. Um exemplar do relógio climático físico projetará soluções para o combate à emergência climática que podem ser aplicadas no Brasil, tais como o investimento em transporte público eletrificado, economia circular, logística reversa, saneamento básico para todos e desmatamento zero em todos os biomas, entre outros. Antes da projeção começar, um grupo de 24 voluntários executará a performance De Corpo Presente, da artista Ana Teixeira. Com seus corpos, eles montarão frases alusivas à emergência climática, como “é tarde, mas ainda temos tempo”. Quem for até o local poderá conversar com membros do Instituto Talanoa e ativistas climáticos para entender os motivos da ação, e retirar material informativo. Um relógio climático físico também estará disponível para que as pessoas tirem fotos e postem em suas redes sociais.

A vinda do relógio do clima para o Brasil também alerta para a importância de o país avançar no corte das emissões e exortar outras nações a fazer o mesmo, já que sediará as negociações climáticas daqui a dois anos, em Belém, na COP30. Os sucessivos recordes de temperatura quebrados no verão do hemisfério norte e os dois ciclones que atingiram o Rio Grande do Sul em menos de 30 dias dão ideia da instabilidade climática presente e nos alertam sobre o que ainda pode piorar.

"O tempo que temos para responder à crise climática está se encurtando, porque as emissões não param de crescer, aqui e globalmente. Precisamos ser decisivos quanto a eliminar o desmatamento, trocar petróleo e gás por energias renováveis e eletrificar o transporte, antes que o limite seguro de 1.5 graus Celsius de aquecimento global seja ultrapassado. É preciso agir", resume Natalie.

O evento sobre o Dia da Emergência Climática é organizado pelo Instituto Talanoa e conta com parceria da Rede Menos1Lixo.

Dia da Emergência Climática – Relógio do Clima chega pela primeira vez ao Brasil
Data: 22 de julho de 2023
Horário: entre 17h30 e 21h00
Local: Cristo Redentor - Parque Nacional da Tijuca, Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro - RJ

Sobre o Instituto Talanoa – Think tank brasileiro dedicado à política climática. É uma organização sem fins lucrativos que busca contribuir para que o Brasil tenha políticas públicas de impacto positivo para as pessoas e para o planeta. Contando com uma equipe especializada e multidisciplinar, atua desde 2019 por meio da combinação de dados, ciência e diálogo, para responder à emergência climática com ideias e tecnologia do nosso tempo.

Outras informações:

O que diz a ciência da mudança do clima

Em 2018, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) quantificou o orçamento global de carbono restante que pudesse manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, considerado o limite mais seguro para a população mundial. Em 2021, o IPCC publicou um relatório estimando que, a partir de 2020, os seres humanos poderiam liberar mais 400Gt de carbono na atmosfera e ainda ter uma chance de 67% de limitar o aquecimento a 1,5°C.

Os dados para o prazo mostrado no relógio são obtidos do Instituto Mercator de Pesquisa em Bens Comuns Globais e Mudanças Climáticas. O relógio assume uma taxa média anual de 42,2 Gt de emissões de carbono para calcular o tempo restante no relógio. No entanto, se as taxas de emissões globais continuarem a aumentar, nosso orçamento de carbono se esgotará ainda mais rápido. Se reduzirmos a taxa de emissões globais de carbono, o tempo no relógio teoricamente começaria a aumentar.

Ações ao redor do mundo

No total, são mais de 40 eventos, entre marchas, vigílias e tuitaços, em mais de 30 países, para marcar o Dia da Emergência Climática 2023, realizados por organizações locais de ação comunitária em localidades que vão desde Alexandria, no Egito; Dar es Salaam, Tanzânia; Helsinki, Finlândia; e Goa, Índia; entre outros. Alguns exemplos:

- Nova York, EUA: Uma vigília de contagem regressiva será realizada em frente ao mundialmente famoso Relógio do Clima na Union Square.
- Washington DC, EUA: Defensores se envolverão com membros do Congresso e exigirão que o presidente Biden declare uma emergência climática nacional.
- Nairóbi, Quênia: Um tuitaço, envolvimento de jovens com mais de 100 crianças e o convidado de honra Jeff Koinange, uma marcha do Estádio Nacional de Nyayo ao escritório do vice-presidente Rigathi Gachagua com 400 participantes e vários discursos e coletivas de imprensa.
- Accra, Gana: Ativistas, pop stars e o prefeito estão estabelecendo uma nova praça do clima na capital Accra.
- Índia: Um evento de assembleia climática em massa será realizado em Goa, e aulas de alfabetização energética serão realizadas em centenas de escolas depois que o cientista indiano Dr. Chetan Singh Solanki inspirou um movimento que construiu mais de 500 relógios climáticos no Dia da Terra de 2023 para definir um novo recorde mundial.

Além disso, haverá uma contagem regressiva transmitida ao vivo em todo o mundo à medida que o Relógio se aproxima do momento do tique-taque.

"Das vigílias de contagem regressiva em Nova York aos shows pop em Acra; da ação direta na Finlândia à construção em massa de relógios estudantis em Goa, comunidades de todo o mundo estão se unindo no Dia da Emergência Climática em um momento enorme e sincronizado para exigir que os líderes globais atuem. Com menos de seis anos restantes no Relógio do Clima, precisamos de um progresso acelerado em soluções sistêmicas para nossa emergência climática, como energia renovável, financiamento de perdas e danos e desinvestimento em combustíveis fósseis – e precisamos disso agora.” Gan Golan, cocriador do Climate Clock.

Sobre o ClimateClock
O primeiro Climate Clock foi lançado em Union Square, na cidade de Nova York, em setembro de 2020 e rapidamente se tornou viral. Agora tem uma presença global, com relógios do tamanho de monumentos instalados em Londres, Praga, Roma, Seul e Harrisburg, Pensilvânia, além de relógios portáteis nas mãos de líderes climáticos em todo o mundo, de Greta Thunberg a Bill McKibben e o primeiro-ministro. das Bahamas Phillip Davis, e mais recentemente exibido durante as negociações finais na COP27.

O Climate Clock insta governos, corporações e pessoas no poder agir a tempo para a crise climática. Ele exibe um prazo-limite,' contando o tempo restante para evitar que o aquecimento global suba acima de 1,5°C, e cinco 'linhas da vida' acompanhando o progresso nos principais caminhos de solução, incluindo a porcentagem da energia mundial de fontes renováveis (13,7%), a quantidade de terras atualmente protegidas por povos indígenas (43 milhões de quilômetros quadrados), o financiamento por perdas e danos devido pelas nações do G20 às nações mais vulneráveis (US$ 32,7 trilhões), a porcentagem de mulheres nos parlamentos nacionais (24,5%) e o total de fundos desinvestidos de o setor de combustíveis fósseis (US$ 40,51 trilhões). A contagem regressiva é baseada em dados do IPCC, o padrão-ouro da ciência climática.

O primeiro Relógio Climático monumental em Nova York foi co-criado por Gan Golan, Andrew Boyd, Katie Peyton Hofstadter e Adrian Carpenter.


Fonte: Assessoria de Imprensa do Instituto Talanoa
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