A Petrobras vetará propostas de empresas que tenham como principal atividade a comercialização global de petróleo e derivados de terceiros, conhecidas como tradings, no recém-lançado modelo de desinvestimentos na área de refino. Entre os critérios para participar da concorrência pelos blocos de refinarias do Sul e Nordeste, a estatal estipulou que
poderão disputar apenas companhias com receita anual superior a US$ 5 bilhões que possuem ou operem ativos em toda a cadeia de petróleo e derivados, desde que não tenham como atividade-fim a comercialização dos produtos.
No prospecto de venda dos ativos, lançado na última semana, a Petrobras não explicou os motivos da decisão. O Valor apurou que a estatal quer parceiros estratégicos para o refino, que possam ampliar investimentos no Brasil e não só utilizar as instalações para processar óleo importado. Na prática, a ideia é atrair parceiros com visão de longo prazo.
Com isso, o programa de venda das refinarias deve abrir espaço para a entrada de novas empresas com estratégias de verticalização no mercado brasileiro. Segundo especialistas consultados pelo Valor, as principais candidatas à compra dos ativos da estatal são as petroleiras globais, que aumentam ano a ano suas produções no Brasil e atuam como empresas integradas de energia no exterior. Companhias de refino e fundos de investimentos também estão entre os potenciais interessados.
Para Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, as principais interessadas nos ativos da Petrobras devem ser empresas que busquem integração vertical e que queiram vender no país o petróleo que produzem aqui. Segundo dados da ANP, cerca de 25% da produção de petróleo está hoje nas mãos de empresas que não a Petrobras. O percentual equivale justamente à fatia do parque de refino que a estatal está colocando à venda. Ele lembra que, hoje, a única opção das petroleiras que produzem no Brasil é exportar, já que a estatal tem o monopólio no refino e o acesso ao mercado é difícil.