Inovação aberta, conexões, compartilhamento, colaboração, método, resultado, propósito, geração de valor e novos modelos de negócios foram palavras que marcaram o segundo evento da semana de inauguração do Findeslab, nesta terça-feira (03), e surgiram como caminhos para empresas alcançarem a inovação e o sucesso. Com a casa cheia, a Findes e o Senai receberam o Open Innovation BR para uma noite de networking, desmistificação sobre os conceitos de inovação aberta, compartilhamento de experiências e histórias de sucesso.
As boas-vindas da Findes aos presentes foi realizada pelo vice-presidente Luciano Raizer. “O Findeslab é uma materialização do pensar estratégico. A Findes pautando a inovação. Nós pensamos no locus da inovação, onde ela de fato irá ocorrer. Esse é o Findeslab, um local para receber o empresário e entender as suas necessidades e conectar com a solução“, disse.
A diretora de Inovação e Tecnologia do Senai, Juliana Gavini apresentou o Findeslab ao público e reafirmou o seu propósito. “A ideia aqui é trabalhar com ideias de diversos tipos, todos os perfis. Quem tiver necessidade e precisar de apoio para inovação, aqui é seu lugar. Aqui é a porta aberta para a gente começar a conversar”.
Em sinergia com o propósito do Findeslab, o grupo de palestrantes reforçou a importância deste hub de inovação, que começou a operar nesta semana no Estado.
“É emocionante para gente estar participando desse momento que é importante para o ecossistema do Espírito Santo, com a certeza de que a densidade (compartilhamento de experiências) vai aumentar. Temos a certeza que ter o Findeslab atraindo todos os atores necessários para trabalhar de forma colaborativa vai impulsionar o ecossistema de inovação local. O Open Innovation BR começou exatamente com essa questão da densidade de uma forma muito forte”, reforçou Alexandre Mosquim, líder de inovação aberta da Vale e um dos entusiastas do Open Innovation BR.
O Grupo
O grupo Open Innovation BR surgiu há dois anos, no whatsapp, de forma orgânica e informal para seus membros compartilharem experiências de sucesso e fracassos. A iniciativa deu tão certo, que chegou ao estímulo da inovação aberta em empresas estabelecidas e corporações. A comunidade, hoje, conta com mais de mil colaboradores e acadêmicos ligados ao tema de diversas partes do país.
Quem puxou o movimento foi um dos palestrantes da noite, Alexandre Grenteski, líder de inovação aberta na aliança Renault-Nissan-Mitsubishi para a América Latina - ambos entusiastas do grupo Open Innovation BR. Ele lembra que o movimento começou no meio de uma palestra em que ele era participante. “No momento de perguntas e respostas, foram feitas perguntas que pessoas da própria plateia sabia responder. Diante disso, ao final, chamei o pessoal no canto e falei: precisamos compartilhar isso, eu tenho um monte de tropeços e um monte de cicatrizes que um de vocês precisam de sofrer e que, consequentemente, um de vocês sabe resolver. E em outros encontros, o grupo aconteceu”, relembra.
Conceitos
Inovação aberta é algo que deve existir não apenas em grandes empresas, mas em negócios de qualquer porte. O que importa mesmo é a colaboração entre elas para criar novas ideias, métodos, processos, como reforçou Fabio Josgrilberg, professor da Universidade Metodista de São Paulo e diretor de um hub de inovação da academia. “A inovação aberta é para startup para startup, para comunidade. Temos projetos de turismo e de economia criativa que trazem a inovação aberta para dentro da comunidade”, apontou. Ele afirma que, embora tenha sido sistematizado e conceituado em 2003, a inovação aberta sempre aconteceu no mundo. “Inovação aberta significa colaborar. É a organização incorporar conhecimentos externos para dentro do seu processo de desenvolvimento de produtos, processos e negócios. É a capacidade da empresa tem de colaborar com quem ela tem relacionamento, podendo ser cliente, fornecedor, concorrente”, explicou.
E para quem acha que a inovação aberta se aplica apenas em setores que utilizam ferramentas tecnológicas, se engana. Mosquim deu um exemplo de um dos trabalhos realizados. “Temos um grupo que são de representantes dos setores jurídico, de suplemento, de gestão de risco e de compliance das empresas compartilhando informações para inovar em suas áreas“, contou.
Inovação x Invenção
Glaucea Alves, strategist innovation e digital transformation da Delloite, pontuou que para a inovação realmente acontecer é necessário substituir mitos por métodos. “A definição de inovação pressupõe resultado. A gente sempre fala que a diferença entre inovação e invenção, é que a inovação é a invenção que deu resultado. Muita gente confunde inovação com trazer ideias novas. O difícil não é ter ideia nova, isso é 10% do trabalho. O difícil é implementar a ideia nova para um mercado interessado e que esteja disposto a pagar por isso de alguma forma, a trazer resultado de alguma forma”, pontuou. Ela destacou ainda que a inovação existe para melhorar o já conhecido ou criar o novo.
Cases
A aplicação desses conceitos foi demonstrado durante a apresentação de cases, como o RenaultLab, apresentado por Alexandre Grenteski e da Motora Technologies, formado por Lucas Thom Ramos e Leandro Wassem, ex-alunos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que desenvolveram o carro autônomo IARA, nacionalmente conhecido pelo programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga, na TV Globo. Eles contaram que durante a trajetória, precisaram repensar o negócio e se reinventar, sendo hoje especializada em visão computacional em veículo autônomo e inteligência artificial, desenvolvendo produtos de monitoramento inteligente de condutores e assistência de direção para empresas de transporte.
Maria Emilia Peres, líder do hub de inovação da Vale, também apresentou o case de transformação digital da empresa. Ela ressaltou que para conseguir inovar é preciso mudança de mindset e método. “A inovação pela inovação não é sustentável. Para fazer inovação, é necessário ter método. E a gente vem com o Findeslab com a grande missão de alimentar a indústria e o ecossistema capixaba com método para trazer resultados sustentáveis, o que é super importante. Mas se a gente não tiver uma mudança de mindset (mentalidade), isso não é possível. Eu falo que é o mais difícil, mas quando a gente consegue é o mais legal (no processo de inovação e de transformação digital), porque é transformacional”, afirmou. A Vale é uma das parcerias do Findeslab e, segundo Maria Emília, a ideia é que a equipe de transformação digital da empresa trabalhe no hub de inovação da Findes às sexta-feiras. “Queremos fazer uma extensão do nosso trabalho aqui. A gente precisa se contaminar com as startups, estar junto. Acreditamos que essa troca é extremamente importante”, ressaltou.
Próximo evento
A programação da semana de lançamento do Findeslab segue nesta quarta-feira (4), com evento às 16h, para os conselheiros do Sistema Findes. Na quinta-feira (5), às 9h, será realizada uma solenidade de abertura oficial, com a presença do presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Andrade, representantes do Governo do Estado e outras autoridades, seguida de entrevista coletiva.
No mesmo dia, às 17h, será feito o lançamento oficial para a sociedade, com edição internacional do Conexão Cindes, que recebe Rick Rasmussen, professor na Universidade da Califórnia de Berkeley e responsável pela área de empreendedorismo, e Glória Hunt, executiva do consulado Geral do Brasil em São Francisco, responsável por assessorar empresas brasileiras em todas as etapas de crescimento sobre como assimilar o modo de fazer negócios no Vale do Silício e diferentes abordagens para a inovação.
Um dos momentos mais esperados da inauguração do Findeslab acontece na sexta-feira (6), às 17h, com o lançamento do Programa de Empreendedorismo Industrial, que é baseado em inovação aberta com desafios de grandes empresas que serão conectados à soluções propostas por startups, com co-criação e desenvolvimento conjunto.
Confira as imagens do evento: https://www.flickr.com/photos/