Dados divulgados nesta terça-feira (08) pelo IBGE indicam que a produção física industrial do Espírito Santo avançou 9% entre agosto e setembro, bem à frente do 2º colocado, que foi Minas Gerais (2%)
No Brasil, a indústria capixaba foi a que registrou a maior recuperação entre os meses de agosto e setembro, com alta de 9%. É o que diz a pesquisa sobre Produção Física Industrial divulgada nesta terça-feira (08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O avanço no Espírito Santo ficou muito acima do 2º colocado, que foi Minas Gerais, com alta de 2% no mesmo período. Mesmo com a produção industrial capixaba ainda registrando uma forte queda se comparados setembro de 2016 com o mesmo mês em 2015 (-19,7%, a maior queda do país para o período), o resultado de agosto para setembro mostrou uma grande recuperação, pois de julho para agosto de 2016 a produção industrial capixaba havia recuado 7%.
Apesar do resultado positivo entre agosto e setembro, a queda na produção industrial capixaba permanece entre as maiores do país em períodos acumulados. Na comparação com igual mês do ano anterior, a indústria do Espírito Santo recuou 19,7% em setembro de 2016, com quatro das cinco atividades pesquisadas mostrando queda na produção.
A principal influência negativa foi observada em indústrias extrativas (-33,6%), pressionadas, principalmente, pelo item minérios de ferro pelotizados ou sinterizados. Cabe mencionar que, pelo décimo-primeiro mês seguido, o setor extrativo do Espírito Santo prosseguiu acusando os efeitos negativos do rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração na região de Mariana (MG).
As demais contribuições negativas, de acordo com o IBGE, foram observadas nos setores de produtos de minerais não-metálicos (-14,7%), de produtos alimentícios (-8,6%) e de celulose, papel e produtos de papel (-3,5%), pressionados sobretudo pela queda na produção de granito talhado, serrado ou trabalhado de outro modo, cimentos “Portland” e massa de concreto preparada para construção, no primeiro caso; de bombons e chocolates em barras, no segundo; e de pastas químicas de madeira (celulose), no último. Em contrapartida, o único impacto positivo ficou com a atividade de metalurgia (28,2%), impulsionada, especialmente, pela maior produção de bobinas a quente de aços ao carbono não revestidos.
Ponderações
Apesar da notável evolução do índice entre agosto e setembro na produção física industrial capixaba, ainda não é tempo de comemorar. “Se formos analisar friamente esses resultados, veremos que apenas um setor, o de metalurgia, foi o responsável direto pelo crescimento desse índice mês a mês. Contudo, trata-se de uma situação muito volátil. Assim como tivemos essa alta de 9% entre agosto e setembro, a demanda do setor pode cair e, consequentemente, o índice pode sofrer redução, tal qual foi demonstrado entre julho e agosto, quando houve queda de -9%”, pondera o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), Doria Porto.
“Nos últimos 12 meses, como podemos observar, o Espírito Santo ainda registra a maior queda na produção física industrial entre todos os Estados. Trata-se do ‘efeito Samarco’. Com a paralisação das atividades desta mineradora após o desastre de Mariana, ficou explícito o impacto da indústria extrativa nos índices como um todo aqui no Espírito Santo”, explica Porto. “Com a provável volta da empresa às atividades em 2017, certamente a produção física industrial capixaba terá grande alta, dado o peso que a indústria extrativa possui no Estado”, completa o diretor-executivo do Ideies.
Indústria de transformação deve fechar 2016 positivamente
Mas, segundo Doria Porto, tem havido, sim, uma recuperação na indústria de transformação capixaba que, por não ter um peso tão grande como a indústria extrativa, acaba não influenciando tão fortemente os índices de produção física em geral.
“Se analisarmos de maneira mais aprofundada essa pesquisa do IBGE, podemos perceber claramente uma evolução, ainda que lenta, mas gradual, na indústria de transformação, composta por setores como alimentos e bebidas, celulose, minerais não metálicos e outros. Em julho, na comparação com o mesmo mês de 2016, por exemplo, a queda era de -2,5% na indústria de transformação capixaba. Em setembro, comparado a setembro de 2015, esse mesmo índice já estava em -1,1%. Portanto, a tendência é que, até o final de 2016, a indústria de transformação capixaba volte, finalmente, a registrar índices positivos”, conclui o executivo.