O grupo J&F decidiu colocar a Eldorado Brasil à venda. A fábrica instalada em Três Lagoas - distante 338 km de Campo Grande, e que já foi referência mundial em celulose de linha única, agora deve sair de cena para o grupo poder concentrar forças na JBS.
Conforme o Estado de São Paulo, o grupo contratou o banco Bradesco BBI para vender além da Eldorado, as empresas Alpargatas e Vigor. A ação é consequência da crise criada pelos próprios donos da JBS, que em um acordo de delação premiada confessaram seus crimes e desestabilizaram a cúpula da política brasileira.
Ainda conforme a reportagem do jornal, o grupo espera receber entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões com a comercialização das três empresas, porém vão enfrentar resistência do mercado devido a péssima imagem da companhia após os escândalos recentes.
Analistas afirmam que a Fibria deve ser a primeira interessada na compra da Eldorado, mas com preço baixo. Até porque, também instalada em Três Lagoas, a Fibria está prestes a dobrar sua capacidade de produção, se tornando a maior do país. A segunda linha deve ser inaugurada em setembro deste ano.
Assim como a concorrente, a Eldorado também planejava duplicar sua fábrica em MS, mas após a empresa começar a ser investigada pela Polícia Federal por irregularidades, o projeto foi adiado para começar só em 2020.
Inaugurada em dezembro de 2012, a Eldorado revolucionou a indústria sul-mato-grossense e transformou Três Lagoas na Capital Mundial da Celulose. Em 2016 teve lucro de R$ 288 milhões, com alta de 22% frente a 2015 e produção de 1,64 milhão de toneladas de celulose.
Porém, a delação dos donos da JBS expôs o nascimento da Eldorado cercado por facilidades escusas e dinheiro vindo de corrupção. Facilidades na aquisição de empréstimos via troca de favores e captações ilegais renderam à Eldorado pelo menos R$ 3,49 bilhões.
Procurada pelo Campo Grande News, a Eldorado informou que não vai se manifestar sobre o assunto, que é uma decisão de seus controladores.